The Project Gutenberg eBook of Educação nova: As bases This ebook is for the use of anyone anywhere in the United States and most other parts of the world at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this ebook or online at www.gutenberg.org. If you are not located in the United States, you will have to check the laws of the country where you are located before using this eBook. Title: Educação nova: As bases Author: Augusto Joaquim Alves dos Santos Release date: March 9, 2012 [eBook #39086] Language: Portuguese Credits: Produced by Rita Farinha, Alberto Manuel Brandão Simões and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) *** START OF THE PROJECT GUTENBERG EBOOK EDUCAÇÃO NOVA: AS BASES *** Produced by Rita Farinha, Alberto Manuel Brandão Simões and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) *Nota de editor:* Devido à existência de erros tipográficos neste texto, foram tomadas várias decisões quanto à versão final. Em caso de dúvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrará a lista de erros corrigidos. Rita Farinha (Março 2012) BIBLIOTECA DE PEDOLOGIA NACIONAL Dr. ALVES DOS SANTOS Professor da Universidade de Coimbra EDUCAÇÃO NOVA AS BASES I O CORPO DA CRIANÇA (Com 32 figuras, no texto) [Figura] Livrarias Aillaud e Bertrand PARIS--LISBOA Livraria Chardron PÔRTO Livraria Francisco Alves RIO DE JANEIRO 1919 Educação Nova DO AUTOR: 1) Estatística (numérica e gráfica) _das escolas da 2.^a circunscrição escolar_, Lisboa, 1906, ed. oficial, 1 vol. 2) A nossa escola primária (o que tem sido; o que deve ser), Pôrto, 1910, 1 vol. 3) Psicologia e pedologia (uma missão scientífica, no estrangeiro), Coímbra, 1913, 1 fasc. 4) O ensino primário em portugal (nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913, 1 vol. 5) O crescimento da criança portuguesa (subsidios para a constituição de uma pedologia nacional), Coímbra, 1915, 1 vol. 6) Elementos de filosofia scientífica, Coímbra, 1915; 2.^a ed., Lisboa, 1918, 1 vol. 7) Educação nova (As bases)--_O corpo da criança_--Lisboa, 1919, 1 vol. EM PREPARAÇÃO: 8) Educação nova (As bases)--_A mentalidade da criança_--1 vol. BIBLIOTECA DE PEDOLOGIA NACIONAL Dr. ALVES DOS SANTOS Professor da Universidade de Coimbra EDUCAÇÃO NOVA AS BASES I O CORPO DA CRIANÇA (Com 32 figuras, no texto) [Figura] Livrarias Aillaud e Bertrand PARIS--LISBOA Livraria Chardron PÔRTO Livraria Francisco Alves RIO DE JANEIRO 1919 _Todos os exemplares desta edição teem a rubrica autógrafa do autor_ Educação Nova: As Bases «Oh! le bruit des petits pieds de l'enfant! ce bruit léger et doux des générations qui arrivent, indécis, incertain comme l'avenir. L'avenir, c'est nous qui le déciderons peut-être, par la manière dont nous aurons élevé les générations nouvelles». Preface de _l'Education et hérédité_, I, de M. Guyau Nota Preambular Mero _subsídio_ para a constituìção de uma _pedologia nacional_, não tem outras pretensões o presente livro que, no pensamento do seu autor, se destina, tam sómente, por agora, a desbravar um terreno, a monte ainda quási, nos domínios da nossa pedagogia. Os _elementos_, de que nos servimos, longe de serem respigados em _obras estrangeiras_, como é de uso corrente, entre nós, derivam de _observações e experiências_, feitas sobre crianças da nossa terra. Assim, se irá organizando uma _pedologia portuguesa_, tam necessária à nossa _educação_. Neste primeiro volume, ocupar-nos hemos do _corpo da criança_, com o fim de investigar as _leis do crescimento_, em Portugal; no segundo[1], estudaremos a _mentalidade da criança_, para conhecer as _energias psíquicas_, que são características do nosso _agrupamento étnico_. Importa ponderar que, em o nosso país, sem desprimor para ninguêm, em vez de _sciência_, tem-se feito _literatura pedagógica_... Há excepções, bem o sei; mas, de tal guisa, fica confirmada... a _regra_. ¿Não terá soado ainda a hora de enveredar pelo caminho das nações cultas?... Introdução «On ne connoît point l'enfance:... Commencez donc par mieux étudier vos élèves car très-assurément, vous ne les connoissez point.» Preface d'_Emile_, III, de J. J. Rousseau. INTRODUÇÃO I A criança; sua concepção bio-psíquica e social 1.--Como _organismo vivo_ que é, a _criança_, do mesmo modo que as _plantas_ e os _animais_, está sujeita às _leis físico-químicas_ e _biológicas_, que regulam a _actividade_ de todos os _sêres vivos_, que existem à superfície da terra. Mas, alêm da _vida vegetativa_, que pertence às _plantas_, e da _vida sensitiva_, que é própria dos _animais superiores_, possue ainda a _criança_ a _vida intelectual_, apenas partilhada com o _homem_, do qual incessantemente se aproxima, desde o início da sua _evolução_. 2.--Por virtude da _vida vegetativa_, a criança «_cresce_», isto é, _aumenta de volume e de densidade_, à medida que se afasta do _nascimento_, de conformidade com as _leis específicas_, que determinam o _ritmo_ e as outras _características_ dêsse «_crescimento_». Sob êste aspecto, a _criança_ não tem outra _função_ senão a de «_crescer_», isto é, de adquirir um _desenvolvimento somático_, cujo termo, em _circunstâncias normais_, só à _hereditariedade_ pertence estabelecer e fixar. 3.--Mercê da _vida sensitiva_ que, no sentido rigoroso do têrmo, é apanágio exclusivo dos sêres dotados dum _sistema nervoso_, a _criança_ aprende, cada vez com maior eficácia e precisão, a manter com o _meio_, em que tem de viver, o _equilíbrio_, de que carece, para a conservação da sua _vida_, isto é, a _adaptar-se_. Seja qual fôr o conceito que se fizer da _sensação_, como expressão mais simples, e elemento irredutível da _consciência_; mas, tendo em vista o _processo evolutivo_ da _diferenciação_ e da _complexidade orgânica_, não padece dúvida que o _fenómeno da irritabilidade_, que já se encontra no _mundo vegetal_, de par com os _tropismos das plantas_, pode ajudar a esclarecer o _mistério_ da _sensibilidade geral_, que os _animais superiores_ tambêm usufruem, e por cuja virtude a _criança_ se torna capaz de tirar o máximo proveito das suas _experiências_, em relação ao _mundo externo_[2]. 4.--Finalmente, pela _vida do pensamento_, que se manifesta sempre em perfeita correlação com o _desenvolvimento cerebral_, a criança adquire a _capacidade de reagir_, por um _dinamismo progressivo_, à _acção das influências cosmo-telúricas_, subtraíndo-se a essas e a outras _influências_, ou atenuando-as, em proveito da sua _individualidade_. Manifestações desta _vida_ (tambêm chamada _de relação_), alêm da _espontaneidade_, que torna possível a resistência ao _automatismo dos instintos_ e dos _hábitos orgânicos_, são a _reflexão_, que prepara o advento e a consolidação da _personalidade_, e a tendência de _integração no meio social_, como uma das bases essenciais do _carácter_[3]. 5.--Importa, porêm, advertir que, apesar desta tríplice _existência funcional_, a _vida da criança_, como a do _homem_, não se scinde, nem sofre _soluções de continuidade_, antes constitue uma _unidade orgânica_, e uma _concentração de energias_, que não divergem entre si, senão pelo _mecanismo_, a que dão origem, e pelas _tendências_ e _impulsividades_, que despertam[4]. 6.--Vê-se, pois, que a _criança_, na integral complexidade dos _elementos_ que a constituem, e na plenitude das _fôrças_ que a caracterizam, é um _organismo_, cuja _estrutura_ e _actividade_ dependem, não sómente das _energias físico-químicas_, a que todo o _Universo_ está sujeito, como tambêm sofrem a influência de tôdas as _leis biológicas e psíquicas_, que interveem, tanto na formação da _consciência reflexa do homem adulto_, como na _dinamogenia dos instintos_, que engendram a _vida social_[5]. II Sciências da Criança: Pedologia, Psico-pedagogia, Pedagogia experimental; outros ramos da Pedagogia 1.--A _pedagogia moderna_, aceitando a proposta do professor Blum, de Lyon[6], emprega a palavra _pedologia_ para designar a _sciência natural da criança_[7]. Mas a _criança_ pode ser estudada _em si mesma_, sem outro intuito que não seja o de a _conhecermos_, do mesmo modo que o botanista estuda as _plantas_, ou o entomólogo, os _costumes dos animais_. Neste caso, o _estudo_ da criança será _desinteressado_; e, para ser profícuo, não poderá deixar de submeter-se às _regras do método_, que a sciência preconiza para a _investigação_ de não importa que _fenómenos da natureza_. Teremos, então, a _pedologia pura_ que, sendo o _estudo integral da criança_, compreende: 1) a _biologia infantil_ (conhecimento da _natureza física da criança_, em todos os _estádios da sua evolução_); 2) a _psicologia infantil_ (estudo da _mentalidade da criança_); e 3) a _sociologia infantil_ (estudo da _sociabilidade da criança_). Pelo seu lado, cada um dêstes _ramos_ da _pedologia_ subdivide-se ainda em diferentes _capítulos_, consoante as necessidades da _especialização scientífica_. Assim, a _biologia infantil_ ou _fisio-pedologia_ inclue o estudo da _anatomia_ e da _fisiologia do embrião_; do _recêm-nascido_; e da _criança_, em tôdas as _idades do «crescimento»_[8]. A _psicologia infantil_ ou _psico-pedologia_, consoante descreve os _processos mentais da criança_, ou procura explicar a _sua origem e evolução_, assim se denomina _estrutural_ ou _estática_, e _funcional_ ou _dinâmica_[9]. A _psico-pedologia estrutural_ deve os seus mais assinalados progressos aos _trabalhos_ de Tiedemann, Sigismund, Kussmaul, Preyer, etc.[10] Quanto à _psico-pedologia dinâmica_, importa ainda distinguir o estudo dos _processos mentais da criança_, na sua _continuidade vital (genética)_, ou no seu _funcionamento orgânico (cinemática)_, como fizeram, alêm doutros psicólogos notáveis, John Dewey, de Chicago, e o seu discípulo Irving King[11]. 2.--Considerando, porêm, a _criança_, sob um _aspecto utilitário_, isto é, estudando-a com _determinados intuitos_, ou para _determinado fim_, é da _pedologia aplicada_ que temos de nos socorrer, ou da _pedotecnia_, como agora se diz. Esta tambêm sofre divisões, conforme incide sobre a _criança doente_, que importa _curar (pediatria)_, ou sobre a _criança delinqùente_, que é necessário _regenerar (pedotecnia judiciária)_, ou ainda sobre a _criança_, que nos propomos _educar (pedagogia experimental)_. A _pediatria_ compreende a _higiene infantil_, a _clínica infantil_ e a _psiquiatria infantil_; e a _pedotecnia judiciária_ subdivide-se em _criminologia infantil_, e _profiláctica pedológica_. Resta a _pedagogia experimental_, que se desdobra na _psico-pedagogia_ (_psicologia infantil_ aplicada à _pedagogia_), na _higiene escolar_, e na _ortofrenia_ (estudo das _crianças mentalmente anormais_). O _esquêma_ que, a seguir, publicamos condensa e mostra as relações que as _sciências pedológicas_ manteem, entre si. Como se observa, nêsse _quadro_, pelo lugar que nêle ocupa, a _pedagogia experimental_ é a sciência que aplica ao estudo da _criança normal_ os _princípios_ da _pedologia teórica ou pura_, no intuito de a _educar_. 3.--Há, porêm, outros _ramos da pedagogia_ que, embora na aparência independentes, todavia, não derivam doutra _fonte_ que não seja da _pedologia_: _sciência comum e geral da criança_. São os seguintes: 1) a _pedagogia filosófica_, que estuda as _questões gerais da pedagogia e da pedologia_ (_conceito e natureza da educação_; _fins_ a que tende; _leis_ que a regulam; _possibilidade e necessidade da educação_; _factores da educação_; e seus _agentes_; _princípios gerais_ e _fundamentais da pedagogia_[12]; 2) a _pedagogia histórica_, que estuda os _sistemas de educação_, _na vida da humanidade_, _através da história_[13]; 3) a _pedagogia propedêutica_, ou _arte de educar_ (aprendizagem da _técnica do ensino_); 4) a _pedagogia escolar_, que se ocupa da _organização material e pedagógica das escolas_[14]; 5) e, finalmente, a _pedagogia administrativa_, que trata da _administração e do govêrno do ensino_[15]. { _Geral ou Pura_ { _Bio-pedologia_ { _anatomia { (_Desinteressada_){ (_Somática_) { infantil._ { { { _fisiologia { { { infantil._ { { { { { { _Psico- { _estrutural._ { { -pedologia_ { { { (_Psíquica_) { _funcional_ { _genética._ { { { _cinemática._ { { _Sócio-pedologia._ PEDOLOGIA { { (_Social_) (_Sciência { natural da { { _higiene criança_).[16] { { infantil._ { { _Pediatria_ { _clinica { { (a criança { infantil._ { { doente ou { _psiquiatria { { anormal) { infantil._ { { { _Aplicada ou { _Pedotecnia { _criminologia { Pedotecnia_ { Judiciária_ { infantil._ { (_Intencional_){ (a criança { _profiláctica { delinqùente) { pedológica._ { { _Pedagogia { _psico- { _psico- { experimental_ { -pedagogia_ { -diagnóstica._ { (a criança sã { { { e normal) { { _psico- { { -técnica._ { { _higiene escolar._ { { _ortofrenia_. III A vida da criança; fases que atravessa durante o «crescimento», ou idades da evolução do organismo humano 1.--A _vida da criança_, tanto sob o ponto de vista _somático_, como em relação à sua _actividade psíquica_, varia com a _idade_ e com o _sexo_; e difere, não só _em quantidade_, como tambêm e principalmente _em qualidade_, da vida do adulto[17]. A existência incontestável desta _diferenciação estrutural e dinâmica_ das crianças entre si, e da _criança_ com o _adulto_, levanta o problema dos _factores do desenvolvimento_, e o da _progressão funcional das energias bio-psíquicas_, que nêle interveem. ¿Em que medida é que a _hereditariedade_ e o _meio_ influem na _evolução da criança_; e porque é que o _aparecimento_ e a _acção dos processos psíquicos_ estão sujeitos à lei do _progresso contínuo_? Dum modo mais geral, pode preguntar-se, se existe alguma relação entre o _desenvolvimento bio-psíquico da criança_ e o da _espécie humana_, através das _idades geológicas_; ou se, pelo contrário, a _doutrina da recapitulação_ carece de _apoio sólido_, em que se firme[18]. Nós, remetendo o leitor para os _estudos especializados_, que se referem à _interpretação genética das energias orgânicas do crescimento_, e à _apreciação das influências mesológicas_, que sôbre elas agem[19], passamos à enumeração das _fases da vida das crianças_, de conformidade com o _critério fisiológico da dentição, combinado com o da maturidade sexual_[20]. 2.--São seis as _idades da evolução do organismo humano_, desde o início da _vida extra-uterina_, até à _idade adulta_: 1) _recêm-nascença_ (até ao fim do _primeiro mês_, depois do _nascimento_); 2) _infância_ (desde o fim do _primeiro mês_, até aos _três anos_); 3) _puerícia_ (desde os _três anos_, até aos _sete_); 4) _adolescência_ (desde os _sete_, até à idade que oscila, para os rapazes, _entre os doze e os catorze anos_; para as raparigas, _entre os onze e os treze_); 5) _puberdade_ (desde o _fim da adolescência_, até a _uma época_ que, segundo as circunstâncias, tambêm varia, em relação a cada _sexo_; não indo, porêm, entre nós, em regra, alêm dos _dezasseis anos_, para os rapazes, e dos _quinze_ para as raparigas); 6) _nubilidade_ (desde os _quinze ou dezasseis_ anos, até aos _vinte_)[21]. 3.--A _recêm-nascença_ inicia-se pela _crise_, resultante da passagem da _vida intra-uterina_ do _feto_ para a _vida extra-uterina_; e assinala-se, no _recêm-nascido_, pela existência de _características_, que importam o mais absoluto _automatismo_[22]. À _criança que vem de nascer_, chamou Virchow «_um ser espinhal_», para significar, sem dúvida, que é como um _anencéfalo_, que ela se comporta, em todos os seus movimentos. Efectivamente, o _recêm-nascido_ é uma pura _máquina de reflexas_, que a _necessidade de adaptação ao meio_ exclusivamente acciona, _sob risco de morte_. A _espontaneidade_ só virá com o _funcionamento sensorial_ que, nesta curtíssima _idade_, só muito imperfeitamente se manifesta[23]. 4.--A _infância_ é a época, em que se completa a _primeira dentição_ (os vinte _dentes do leite_)[24]; e em que, ao _ser fisiológico_, que era a _criança_, se ajunta agora um _ser intelectual_[25]. Compreende duas _fases principais_, indo a _primeira_, desde o início do _segundo mês_, até aos _catorze ou dezasseis meses_; e a _segunda_, desde aí, até aos _três anos completos_. _Infância_, quer dizer: _idade em que se não fala_ (de _infans_, _antis_); todavia, a partir dos _doze ou trêze mêses_, a criança principia já a emitir _sons articulados_; e, desde os _dezoito_ até aos _vinte e quatro_, mostra-se possuidora da _linguagem pròpriamente dita_[26]. Alêm desta aquisição, tambêm pertence à _segunda fase da infância_ a _auto-locomoção_ ou a _marcha_, que entra de ensaiar-se, em regra, nos rapazes, entre os _doze e os dezasseis mêses_; e, nas raparigas, entre os _dez e os quinze_[27]. 5.--À terceira _idade do «crescimento»_ chamou (e com muita propriedade) o nosso Garrett _puerícia_ (de _puer_, _[)e]ris_). É a _segunda infância_, dos franceses, que se compreende entre os _três anos_ e os _sete_ (início da _segunda dentição_, que apenas se completará, aos _vinte anos_)[28]. Como, em seu lugar, veremos, as _tendências_ dominantes desta _idade_ são os _jogos_; a _imitação activa_; a _sugestibilidade_; e os _interesses_, que predominam, ligam-se ao _desenvolvimento da vida mental_. 6.--A _fase peri-pubertária_ costuma designar-se pela palavra _adolescência_ (de _adol[)e]scens_, _[)e]ntis_). [Figura: 10 anos] [Figura: 11 anos] [Figura: 12 anos] Alunos do Colégio Moderno FASE PUBERTÁRIA [Figura: 14 anos] [Figura: 15 anos] Nesta _idade_, como veremos, «a _criança_ principia a _emancipar-se_; a sua _personalidade_ desenha-se, esboça-se»[29]; numa palavra, a _natureza_, neste _estádio da evolução_, cuida de preparar o _individuo_ para a grande _transformação orgânica e psíquica_, que vai ser realizada, na idade seguinte. 7.--Essa _idade_ é a _puberdade_. Segundo Paul Godin, a _fase pubertária_ é «o momento do desenvolvimento humano, em que o _poder germinal_ orienta tôdas as fôrças do organismo para a _função da reprodução_»[30]. Outros chamam-lhe a _idade crítica_; o _eixo do crescimento_; e todos são concordes em atribuir os _desequilibrios biológicos e psíquicos_, em que é fertil, à _convulsão orgânica_, produzida pelo _despertar do gérmen vivo_, que _dormitava na criança_, desde o dia do _nascimento_. A _puberdade_, cuja aparição, entre nós, eu tenho estudado[31], alêm dos _efeitos pilares do púbis e das axilas_, da _mudança da voz_ e, no sexo feminino, do aparecimento do _fluxo menstrual_, manifesta-se tambêm pelo aumento do _tecido conjuntivo_, pelo engrossamento dos _ossos_, pelo robustecimento dos _músculos_, e pelo máximo de _volume e densidade do cérebro_[32]. 8.--A última _fase da evolução_ é a _nubilidade_, que muitos identificam já com a _idade adulta_. O _indivíduo_, perdendo as _características infantis_, diferenciou-se, segundo a _lei dos sexos_; e tornou-se definitivamente apto para _viver sobre si_, e para assegurar a _persistência da espécie_. IV Elementos e subsídios, de que podemos dispor, para a constituição de uma pedologia nacional 1.--De modo análogo ao que sucede em países estrangeiros, tambêm, entre nós, se há procurado obter (embora com fortuna vária) _factos em primeira mão_, que possam esclarecer os _problemas relativos ao «crescimento» da criança portuguesa_. Podem considerar-se como _centros de investigação pedológica_ os seguintes _institutos_: 1) a _Escola-oficina n.^o 1_, de Lisboa, que é uma _escola de ensino integral e de preparação profissional_, destinada a _adolescentes_ (dos 7 aos 14 anos)[33]; 2) o _Instituto médico-pedagógico da Casa Pia_, de Lisboa, dirigido pelo ilustre pedagogista, Dr. Costa Ferreira, que é autor de _publicações_ interessantes sobre _pedologia_; 3) a _Tutoria do Pôrto_, onde teem sido feitos _exames e observações antropométricas e psiquiátricas em menores delinqùentes_, pelo distinto antropologista, Dr. Mendes Corrêa; 4) a _Tutoria de Lisboa_, de que foi _juiz presidente_ o Dr. Pedro de Castro[34]; 5) a _Sociedade de estudos pedagógicos_[35]; 6) a _Escola preparatória Rodrigues Sampaio_, de que foi director o consideradíssimo professor e eminente pedagogista, Dr. Adolfo Coelho; 7) a _Escola Central de Reforma, de Caxias_, dirigida pelo P.^e António d'Oliveira; 8) o _Laboratório de psicologia experimental da Faculdade de Letras da Universidade de Coímbra_, que nós fundámos e dirigimos, por deliberação desta _Faculdade_, que, em 1912, nos mandou à França e à Suíça, a fim de estudarmos a organização dos _laboratórios psicológicos_, e de adquirirmos os _utensílios_ e _aparelhos necessários_ para o funcionamento de um, em Coímbra[36]. 2.--Algumas das _investigações_, realizadas nestes _Institutos_, tanto sobre _pedometria_, como sobre _psico-física dos órgãos dos sentidos_, e outros _processos psicométricos_, foram divulgadas pela _imprensa_; mas o maior número das _observações_ e _experiências pedológicas_, de que felizmente podemos dispor, tem-se conservado _inédito_, mercê de várias causas, entre as quais avulta aquela que se refere à carência de _recursos pecuniários_, para ocorrer às despesas a efectuar com a sua publicação, dada a criminosa _indiferença do Estado_ por esta _ordem de serviços_, que tem reputado de _somenos importância_, visto que ainda se não resolveu a votar as _verbas necessárias_ para a sua _organização_, como _base essencial_ de todo o _sistema de ensino público_ e de tôda a _obra de educação nacional_. No _laboratório de psicologia_ da Universidade de Coímbra, desde 1912, que se não cessa de _observar_ e _experimentar_ sobre _crianças_ e _adultos_, no intuito de esclarecer alguns dos mais importantes _problemas da psico-física_, da _psico-fisiologia_ e da _pedologia_, sendo considerável já o _dossier_ dos _trabalhos realizados_, principalmente na parte que se refere à _acuidade sensorial_; _função mnésica_; _tempos de reacção_; _ergografia_; _sugestibilidade_; _psico-patologia da atenção, da imaginação, da inteligência_; _sentido cromático_; _doenças oculares_; _psicologia do testemunho_; _dinamogenia dos sentimentos_; etc.; etc. Universidade de Coímbra: Laboratório de Psicologia Experimental [Figura: Sala de conferências] [Figura: Sala do laboratório] Os _resultados_ de tôdas estas _experiências_ serão devidamente considerados, no presente trabalho (principalmente, no 2.^o volume), de par com as _observações e estudos_ análogos feitos nos outros _estabelecimentos_ que indicamos. V Bibliografia portuguesa de assuntos relativos à psicologia e à pedologia 1.--*Questões gerais de pedagogia e pedologia:* 1) Almeida Garrett, _Da Educação_, 1.^a ed. Londres, 1829; 2) Dr. Adolfo Coelho, _Os elementos tradicionais da educação_, Pôrto, 1883; 3) Idem, _Questões pedagógicas_ (os exercícios militares na escola), separata do _Instituto_, Coímbra, 1911; 4) Idem, _A pedagogia do povo português_, apud _Portugalia_, V. I, fasc. I; 5) Idem, _O estudo da criança_, apud "_A Tutoria_" (revista mensal defensora da infância), n.^{os} correspondentes aos anos de 1912 e 1913, Lisboa; 6) Idem, _Educação e Pedagogia_, apud _Boletim da Direcção Geral de Instrução Pública_, Lisboa, 1902, fasc. I-V; 7) Dr. Alves dos Santos, _A nossa escola primária_, Pôrto, 1910; 8) Idem, _O ensino primário em Portugal_ (nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913; 9) Agostinho de Campos, _Educação e Ensino_, Pôrto, 1911; 10) Idem, _Casa de pais, escola de filhos_, 3.^a ed., Lisboa, 1917; 11) D. Virgínia de Castro e Almeida, _Como devemos criar e educar os nossos filhos_, Lisboa, 1908; 12) Idem, _Como devo governar a minha casa_, Lisboa, 1916; 13) Carneiro de Moura, _A instrução educativa e a organização geral do Estado_, Lisboa, 1909; 14) Faria de Vasconcelos, _Lições de Pedologia e Pedagogia experimental_, Lisboa; 15) Mário Fortes, _Manual de educação fisica_, Viseu, 1906; 16) F. Palyart Pinto Ferreira, _Algumas notas pedagógicas_, Lisboa, 1916; 17) António Sérgio, _Educação Cívica_, Pôrto; 18) Luísa Sérgio, _O Método Montessori_, Pôrto; 19) Dr. Mendes Corrêa, _Crianças delinqùentes_, Coímbra, 1915; 20) P.^e António d'Oliveira, _Criminalidade-Educação_, Lisboa, 1918; 21) J. Augusto Coelho, _Manual Prático de Pedagogia_, Pôrto. 2.--*Assuntos especiais, e monografias sobre pedometria e pedotecnia:* 1) Dr. Alves dos Santos, _Psicologia e Pedologia_, Coímbra, 1913; 2) Idem, _O Crescimento da criança portuguesa_, Coímbra, 1917; 3) J. Freire de Matos, _Medida da atenção, por meio dos tempos de reacção_, apud _Revista da Universidade de Coímbra_, vol. IV, n.^{os} 2 e 3; 4) A. C. Barroso da Silveira, _Determinação do valor físico do adulto_ (memento das mensurações mais importantes do corpo humano), Lisboa, 1917; 5) Dr. Costa Ferreira, _O pêso do corpo da criança_, apud _Archivo de Anatomia e anthropologia_, Lisboa, 1915, vol. 3.^o, n.^o 2; 6) Idem, _Sobre psicologia e pedagogia do gesto_, Lisboa, 1916; 7) Idem, _Sobre umas provas de exame da atenção voluntária visual_, Coímbra, 1916; 8) Idem, _Agudeza visual e auditiva das crianças_, Lisboa, 1916; 9) Idem, _A visão das côres_, Coímbra, 1916; 10) Idem, _Auxanometria Militar_, Lisboa, 1917; 11) Idem, _Sobre a pigmentação da íris nalguns escolares portugueses_, Coímbra, 1918; 12) A. Pires de Lima, _Jogos e canções infantis_, Pôrto, 1916; 13) António Alfredo Alves, _Jogos infantis_, apud _Revista de Educação_ (boletim da S. E. P.), Lisboa, 1912, n.^o 4; 14) Alberto Pessoa, _A prova testemunhal_, Coímbra, 1913; 15) Costa Sacadura, _A escrita direita e a escrita inclinada_ (sua influência na função respiratória), Lisboa, 1907; 16) Eugénio de Castro Rodrigues, _Méthodes d'enseignement dans les écoles primaires_, Lisboa, 1900; 17) Salvador Marques, _Algumas palavras em defesa da criança_, Lisboa, 1918; 18) Novais e Sousa, _Assistência e Maternidade_, Coímbra, 1915; 19) Costa Ferreira e José Pontes, _Wounded of the war at the Institute of S.^{ta} Isabel_, Lisboa, 1918; 20) A. M. de Lima Carvalho, _A reeducação da fala dos gagos e tatibitátes_ (tratado de ortofonia), Coímbra, 1918; 21) Costa Santos, _Higiene ocular_, Lisboa, 1914; 22) A. Aurélio da Costa Ferreira, _Dois sphygmogramas de gagos_, Lisboa, 1918. Pedologia Somática «La nature a, pour fortifier le corps et le faire croître, des moyens qu'on ne doit jamais contrarier». Livre II, 99, d'_Emile_, de J. J. Rousseau Pedologia Somática *(O Corpo da Criança)* CAPÍTULO I Fases da vida dos organismos. «Crescimento»; suas espécies; e modos de o estudar. Leis do «crescimento»; e factores que o modificam. 1.--Existem na _vida dos sêres organizados_ (cada vez mais acentuadamente, à medida que da _planta_ se passa ao _animal_ e dêste ao _homem_) tres _fases_ ou _períodos_ (de desigual extensão) que, por suas _características essenciais_, se tornam _dissemelhantes_ e _irredutíveis_ uns aos outros: 1) _um tempo de crescimento_ (anabolia), que se efectua, por virtude dum _predomínio da assimilação funcional_ sobre a _desassimilação orgânica_; 2) _uma fase de decadência_ ou _decrescimento_ (catabolia) determinada, de modo inverso, pela _preponderância da desassimilação sobre a assimilação_; 3) _um período de relativa estabilidade_ ou _equilíbrio biológico_ (probolia), durante o qual o _organismo se reproduz_. Temos, pois, uma _época construtiva_, de _integração orgânica_ que, depois da _fase êmbrio-fetal_, se realiza durante um têrço aproximadamente da _vida humana_ (desde a _nascença_ até à _nubilidade_); um _período destrutivo_, de _desintegração biológica_, que prepara e acompanha a _velhice_ e conduz à _morte_; e, finalmente, uma _época intermediária_, que subsiste, durante a _juventude_ e a _maturidade_. 2.--A _Pedologia_, considerando apenas a primeira fase do _metabolismo humano_, distingue entre o _«crescimento» normal_ e o _«crescimento» anormal_; e, em ambos, atende tanto à _morfologia_ (desenvolvimento estrutural), como à _fisiologia_ (desenvolvimento funcional). Abandonando o estudo do _«crescimento» anormal_ à _pediatria_ e à _psiquiatria_; e, reenviando o leitor, em matéria de _«crescimento» normal_, na parte relativa à _vida intra-uterina_, para os tratadistas da _embriologia_, restringiremos o nosso trabalho à análise da _ontogénese do organismo humano_, desde o _nascimento_ até à _idade adulta_. Sob o _aspecto estrutural_, o _corpo da criança_, através das _idades de evolução_, varia, _em função do tempo_: 1) nas _dimensões_ 2) na _forma_ 3) nas _proporções_ 4) nos _elementos_, de que se compõe. E, quanto ao _desenvolvimento fisiológico_, todos sabem que as _funções orgânicas_ divergem com a idade, e que há certos _fenómenos_, cuja manifestação se verifica apenas em _fases_ já avançadas do «crescimento». A _criança transforma-se_, pois; isto é, adquire as _características_ da _idade adulta_, por uma série de _transformações contínuas_, cuja _sucessão_ é determinada, e cujo _aparecimento_ e _limites_ são _função do tempo_[37]. A _isto_ se chama «_crescimento_» que, como veremos, pode ser _absoluto_ ou _relativo_, consoante se referir ao _ritmo da evolução_, ou às _proporções do corpo_, nas diferentes _idades_ desta. 3.--Para estudar a _dinâmica do «crescimento»_, servem-se as _sciências pedológicas_ da _pedolexia_ (observação da criança) e da _pedometria_ (mensuração da criança). A _análise_ incide, tanto sobre os _órgãos_ e os _sistemas_, como sobre as _funções_; e as _medidas somáticas_ devem ser _individuais_, _periódicas_ e _polimétricas_, isto é, devem abranger todos os _segmentos do organismo_. É o que se designa pela expressão de _método auxanológico_. Reduzindo a _esquêma_ esta _processologia_, temos: { _Pedolexia_ { _Estrutural_ (exame dos _órgãos_) { (Observação { { da criança) { _Funcional_ (exame das _funções_) _Investigação { do { «crescimento»_ { { _Pedometria_ { _craniométrica_ { (Mensuração { _toracométrica_ { da criança) { _braquiométrica_ { _cruriométrica_ { _pelvimétrica_ 4--Em o nosso país, as _observações_ e_ mensurações_, realizadas no intuito de conhecer as _leis do «crescimento»_, são pouco numerosas; todavia, algumas existem; e, na verdade, em quantidade bastante, pelo que respeita ao _«crescimento» absoluto_, cujo _ritmo_, como adiante se verá, reputamos, em relação ao sexo masculino, suficientemente _estabelecido_ e _determinado_. Mas, em matéria de _leis do «crescimento»_, importa separar aquelas que, por sua natureza mesma, se tornam extensivas a _tôdas as crianças_, seja qual fôr o _meio_ em que vivam, e as _raízes antropológicas_, donde procedam; e aquelas que pertencem exclusivamente às _crianças de cada agregado social_, e não abrangem senão os indivíduos que participam dum _género de vida_ análogo, e promanam de uma mesma _origem étnica_. Enumeraremos, entre as primeiras, como mais importantes: 1) a _lei de Buffon_ (a que chamaremos _de contraste_), em virtude da qual o _feto_ cresce, _cada vez mais_, à medida que se aproxima do _nascimento_, ao passo que a _criança_ cresce, _cada vez_ menos, à medida que se avizinha da _puberdade_; 2) a _lei da periodicidade_, que regula a _sucessão de esfôrço e repouso_ (relativo), na _dinâmica do crescimento_; 3) a _lei da alternância_, por cuja virtude os _membros do corpo_ (sobretudo, as _pernas_) crescem principalmente antes e durante a _puberdade_, e o _busto_, depois; 4) a _lei das compensações_, que se revela na _aceleração do crescimento_ de certos _órgãos_, em relação a outros _mais desenvolvidos_[38]. À segunda categoria pertence, alêm da _lei do ritmo_ (modalidade ou manifestação da _lei da periodicidade_), a _lei das proporções_, que preside a tôda a _dinâmica_ do _crescimento relativo_. 5.--Estas _leis_, como _resumo_ e _expressão_, que são, das _relações_ entre os _fenómenos_ considerados, incluem, tambêm no caso presente, o _conceito_ das _causas_ ou dos _factores_ que agem sôbre o «_crescimento_». Indicaremos: 1) entre os _determinantes fisiológicos_: a _raça_, a _gestação_, o _sexo_, a _consanguinidade_ e a _alimentação_; 2) dos _factores mesológicos_: o _meio cosmo-telúrico_ (_clima_, _estações_, _ar livre_, _claustração_, etc.) e _social_ (_vida citadina_, e _de campo_, _profissões_ e _ocupações sociais_, etc.); 3) dentre os _agentes patológicos_: as _doenças_ (crónicas, ou agudas), o _raquitismo_, a _insuficiência tiroidiana_, os _estados neuropáticos_, etc.; 4) finalmente, das _causas pedagógicas_: os _exercicios físicos_, a _gimnástica_, os _jogos_, etc. Cada um dêstes _factores_ age, a seu modo, sobre o _mecanismo do «crescimento»_, robustecendo ou embaraçando, consoante as circunstâncias, a _energia intra-orgânica_, que é a _causa primordial_ de tudo, naquele _mecanismo_[39]. CAPÍTULO II «Crescimento» absoluto; sua determinação, em relação à criança portuguesa; tabelas de médias, e respectivas curvas. O ritmo do crescimento em Portugal 1.--Como noutro lugar dissemos[40], o _«crescimento» absoluto_ (determinável pelas _medidas sintéticas_: altura, pêso, perímetro torácico) denuncia o _ritmo da evolução_, que é diferente, segundo a _procedência étnica_, e varia com o _meio_, tanto _físico_, como _social_. Para o estudo dêste «_crescimento_», entre nós, e organização das respectivas _tabelas de médias_, dispomos de _elementos antropométricos_, mais do que suficientes, _em quantidade_, e óptimos, _em qualidade_. Êsses _elementos_, já por nós seriados[41], são os seguintes: 1) _mensurações_ e _pesagens_ efectuadas, durante um período de seis anos, duas vezes em cada ano (novembro e julho), sobre um total de 1.385 indivíduos, do sexo masculino, de idades compreendidas entre os dez e os dezoito anos, no antigo _Colégio Militar_, pelo médico João Carlos Mascarenhas de Melo[42]; 2) _mensurações_ e _pesagens_, de Pedro Ferreira, no extinto _Colégio de Campolide_, durante quatro anos seguidos (1905-1909) sobre 1227 crianças, do sexo masculino, de idades que variam, desde os seis até aos vinte anos[43]; 3) _mensurações_ e _pesagens_ do dr. Morais Manchego, realizadas em _escolas primárias_, do sul do País, sobre 1.829 crianças, do sexo masculino, desde os seis até aos dezanove anos de idade[44]; 4) _mensurações_ e _pesagens_ efectuadas, na _Maternidade de Lisboa_, sob a direcção do falecido professor Alfredo da Costa, desde 1899 a 1904, sobre mais de 2.800 crianças, de ambos os sexos, logo em seguida ao _nascimento_[45]; 5) _pesagens_ de crianças tuteladas pela _Santa Casa da Misericórdia de Lisboa_, em número de mais de 100.000, de idades compreendidas entre o _nascimento_ e os doze mêses, desde 1907 até 1913[46]. 6) _mensurações_ e _pesagens_ do dr. Samuel Maia, realizadas em Lisboa, no ano de 1908, sobre 5.912 crianças, de ambos os sexos, de 0 aos 10 anos de idade; 7) _mensurações_ e _pesagens_ efectuadas, no _liceu de Coímbra_, durante doze anos (1905-1916), sobre um total de 1.180 alunos, do sexo masculino, de idades variáveis entre os dez e os vinte anos; 8) _mensurações_ e _pesagens_, realizadas, no _Instituto Feminino de Educação e Trabalho_, de Odivelas, sob a direcção da médica D. Adelaide Cabete, durante dois anos consecutivos (1914-1916), sobre 157 alunas; 9) _mensurações_ e _pesagens_, empreendidas, na _Escola de Alunos Marinheiros do norte_ (Leça de Palmeira) desde 1913 a 1916, sobre 241 alunos, do sexo masculino; 10) finalmente, _mensurações_ e _pesagens_, realizadas, desde 1912, no _laboratório psicológico_ da Faculdade de Letras, de Coímbra, sobre crianças de diferentes idades e procedências, como meio de iniciação dos alunos da _Escola Normal Superior_ na prática da _mensuração antropométrica_, pelo emprêgo do _método auxanológico_[47]. 2.--De tôdas estas _medidas_, aproveitando aquelas que, por suas _características_, se tornam _comparáveis_, organizamos os seguintes _quadros de médias_ do _crescimento absoluto, normal, da criança portuguesa, desde o nascimento até à idade adulta_: 3.--O _quadro n.^o 1_ (Alturas) baseia-se num total de _vinte e uma mil e seiscentas mensurações_, assim distribuídas: 1) _Maternidade de Lisboa_ (ambos os sexos), 2.877; 2) _Samuel Maia_ (ambos os sexos), 8.685; 3) _Colégio de Campolide_ (sexo masculino), 1.221; 4) _Colégio Militar_ (sexo masculino), 1.385; 5) _Morais Manchego_ (sexo masculino), 1.829; 6) _Liceu de Coimbra_ (sexo masculino), 4.731; 7) _Instituto, de Odivelas_ (sexo feminino), 631; 8) _Escola de alunos marinheiros, do norte_ (sexo masculino), 241. QUADRO N.^o 1 ===========================================================================+ Idades | Maternidade | Samuel | Pedro | | de Lisboa | Maia | Ferreira | +-------+-------+-------+-------+-------+-------+ | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | --------------+------------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+ Recêm-nascido { Nascimento | 50,24 | 49,55 | -- | -- | -- | -- | { 0-1 | -- | -- | 66 | 63 | -- | -- | Infância { 1-2 | -- | -- | 74 | 72 | -- | -- | { 2-3 | -- | -- | 83 | 81 | -- | -- | Puerícia { 3-4 | -- | -- | 89 | 88 | -- | -- | { 4-5 | -- | -- | 96 | 94 | -- | -- | { 5-6 | -- | -- | 109 | 104 | 113,5 | -- | { 6-7 | -- | -- | 110 | 106 | 119,5 | -- | { 7-8 | -- | -- | 111 | 110 | 124 | -- | Adolescência { 8-9 | -- | -- | 116 | 115 | 129 | -- | { 9-10 | -- | -- | 123 | 122 | 133 | -- | { 10-11 | -- | -- | -- | -- | 138 | -- | { 11-12 | -- | -- | -- | -- | 144 | -- | { 12-13 | -- | -- | -- | -- | 148 | -- | Puberdade { 13-14 | -- | -- | -- | -- | 154,5 | -- | { 14-15 | -- | -- | -- | -- | 160,5 | -- | { 15-16 | -- | -- | -- | -- | 165 | -- | { 16-17 | -- | -- | -- | -- | 165,5 | -- | Nubilidade { 17-18 | -- | -- | -- | -- | 166 | -- | { 18-19 | -- | -- | -- | -- | 169 | -- | { 19-20 | -- | -- | -- | -- | 171 | -- | ===========================================================================+ ===========================================================================+ Idades | Colégio | Morais | Liceu | | Militar | Manchego | de Coímbra | +-------+-------+-------+-------+-------+-------+ | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | --------------+------------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+ Recêm-nascido | Nascimento | -- | -- | -- | -- | -- | -- | | 0-1 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | Infância | 1-2 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | | 2-3 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | Puerícia | 3-4 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | | 4-5 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | | 5-6 | -- | -- | 108 | -- | -- | -- | | 6-7 | -- | -- | 114 | -- | -- | -- | | 7-8 | -- | -- | 119 | -- | -- | -- | Adolescência | 8-9 | -- | -- | 124 | -- | -- | -- | | 9-10 | 132 | -- | 127 | -- | -- | -- | | 10-11 | 135 | -- | 131 | -- | 132 | -- | | 11-12 | 139 | -- | 135 | -- | 136 | -- | | 12-13 | 143 | -- | 139 | -- | 139 | -- | Puberdade | 13-14 | 150 | -- | 147 | -- | 143 | -- | | 14-15 | 157 | -- | 149 | -- | 153 | -- | | 15-16 | 162 | -- | 156 | -- | 159 | -- | | 16-17 | 163 | -- | 161 | -- | 164 | -- | Nubilidade | 17-18 | 165 | -- | 163 | -- | 165 | -- | | 18-19 | 169 | -- | 165 | -- | 166 | -- | | 19-20 | -- | -- | -- | -- | 168 | -- | ===========================================================================+ =========================================================================== Idades | Instituto | Alunos | | feminino | Marinheiros | Médias gerais | de Odivelas | | +-------+---- --+-------+-------+--------------- | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. --------------+------------+-------+-------+-------+-------+-------+------- Recêm-nascido | Nascimento | -- | -- | -- | -- | 50,24| 49,55 | 0-1 | -- | -- | -- | -- | 66 | 63 Infância | 1-2 | -- | -- | -- | -- | 74 | 72 | 2-3 | -- | -- | -- | -- | 83 | 81 Puerícia | 3-4 | -- | -- | -- | -- | 89 | 88 | 4-5 | -- | -- | -- | -- | 96 | 94 | 5-6 | -- | -- | -- | -- | 110 | 104 | 6-7 | -- | -- | -- | -- | 114,5 | 106 | 7-8 | -- | 117 | -- | -- | 118 | 113,5 | 8-9 | -- | 120,5 | -- | -- | 123 | 117,7 | 9-10 | -- | 125 | -- | -- | 128,7 | 123,5 | 10-11 | -- | 129 | -- | -- | 134 | 129 | 11-12 | -- | 134,5 | -- | -- | 138,5 | 134,5 | 12-13 | -- | 141,5 | -- | -- | 142 | 141,5 Puberdade | 13-14 | -- | 148 | -- | -- | 148,6 | 148 | 14-15 | -- | 152 | -- | -- | 154,8 | 152 | 15-16 | -- | 152,8 | -- | -- | 160,5 | 152,8 | 16-17 | -- | 154 | 161 | -- | 162,9 | 154 Nubilidade | 17-18 | -- | 153,7 | 161,2 | -- | 164 | 153,7 | 18-19 | -- | 151 | 161,3 | -- | 166 | 151 | 19-20 | -- | 154 | 161,5 | -- | 166,8 | 154 =========================================================================== O _quadro n.^o 2_ (Pêso) foi elaborado, em presença dos _documentos_ que acusam o elevado número de _cento e dezassete mil e dez pesagens_, efectuadas nos seguintes _Institutos_: 1) _Maternidade de Lisboa_ (ambos os sexos), 2.549 pesagens; 2) _Misericórdia de Lisboa_ (ambos os sexos), 100.824; 3) _Colégio Militar_ (sexo masculino), 3.034; 4) _Colégio de Campolide_ (sexo masculino), 1.214; 5) _Morais Manchego_ (sexo masculino), 1.271; 6) _Liceu de Coimbra_ (sexo masculino), 2.370; 7) _Samuel Maia_ (ambos os sexos), 4.878; 8) _Instituto Feminino, de Odivelas_ (sexo feminino), 633; 9) _Escola de alunos marinheiros_ (sexo masculino), 237. QUADRO N.^o 2 ============================================================+ | Maternidade | Misericórdia | Colégio | | de Lisboa | de Lisboa | Militar | Idades +-------+-------+-------+-------+-------+-------+ | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | ------------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+ Nascimento | 3.236 | 3.103 | -- | -- | -- | -- | 0-1 | -- | -- | 7.500?| -- | -- | -- | 1-2 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 2-3 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 3-4 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 4-5 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 5-6 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 6-7 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 7-8 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 8-9 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 9-10 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 10-11 | -- | -- | -- | -- | 29.000| -- | 11-12 | -- | -- | -- | -- | 30.500| -- | 12-13 | -- | -- | -- | -- | 33.000| -- | 13-14 | -- | -- | -- | -- | 36.500| -- | 14-15 | -- | -- | -- | -- | 42.000| -- | 15-16 | -- | -- | -- | -- | 47.000| -- | 16-17 | -- | -- | -- | -- | 51.500| -- | 17-18 | -- | -- | -- | -- | 53.000| -- | 18-19 | -- | -- | -- | -- | 55.500| -- | 19-20 | -- | -- | -- | -- | 58.500| -- | 20-21 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | ============================================================+ ============================================================+ | Colégio de | Morais | Samuel | | Campolide | Manchego | Maia | Idades +-------+-------+-------+-------+-------+-------+ | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | ------------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+ Nascimento | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 0-1 | -- | -- | -- | -- | 7.500| 7.000| 1-2 | -- | -- | -- | -- | 7.000| 8.700| 2-3 | -- | -- | -- | -- | 11.700| 11.250| 3-4 | -- | -- | -- | -- | 13.600| 14.550| 4-5 | -- | -- | -- | -- | 12.900| 14.290| 5-6 | -- | -- | -- | -- | 13.800| 15.700| 6-7 | 20.400| -- | -- | -- | 17.450| 16.450| 7-8 | 23.400| -- | -- | -- | 19.500| 18.140| 8-9 | 25.200| -- | -- | -- | 20.700| 20.950| 9-10 | 27.500| -- | -- | -- | 22.900| 23.250| 10-11 | 29.600| -- | 26.260| -- | -- | -- | 11-12 | 31.600| -- | 28.390| -- | -- | -- | 12-13 | 35.200| -- | 30.880| -- | -- | -- | 13-14 | 39.000| -- | 32.350| -- | -- | -- | 14-15 | 44.600| -- | 35.630| -- | -- | -- | 15-16 | 50.300| -- | 39.580| -- | -- | -- | 16-17 | 55.200| -- | 46.430| -- | -- | -- | 17-18 | 56.300| -- | 50.000| -- | -- | -- | 18-19 | 59.100| -- | 52.910| -- | -- | -- | 19-20 | 60.500| -- | 54.500| -- | -- | -- | 20-21 | 60.500| -- | -- | -- | -- | -- | ============================================================+ QUADRO N.^o 2 (_Continuação_) ============================================================================= | Liceu de | Instituto | Alunos | Médias gerais | Coímbra | feminino | Marinheiros | | | de Odivelas | | Idades +-------+-------+-------+-------+-------+-------+--------+------- | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. ------------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+--------+------- Nascimento | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 3.236 | 3.103 0-1 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 7.500 | 7.000 1-2 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 7.900 | 8.700 2-3 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 11.700 | 11.250 3-4 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 13.600 | 14.550 4-5 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 12.900 | 14.260 5-6 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 13.800 | 15.700 6-7 | -- | -- | -- | -- | -- | -- | 18.900 | 16.450 7-8 | -- | -- | -- | 21.687| -- | -- | 21.450 | 16.913 8-9 | -- | -- | -- | 23.225| -- | -- | 22.950 | 22.087 9-10 | -- | -- | -- | 24.480| -- | -- | 25.200 | 23.865 10-11 | 28.000| -- | -- | 26.573| -- | -- | 28.200 | 26.573 11-12 | 30.000| -- | -- | 30.170| -- | -- | 30.100 | 30.170 12-13 | 33.000| -- | -- | 36.302| -- | -- | 33.000 | 36.302 13-14 | 37.000| -- | -- | 42.239| -- | -- | 36.200 | 42.239 14-15 | 42.000| -- | -- | 46.510| -- | -- | 41.050 | 46.510 15-16 | 48.500| -- | -- | 49.435| -- | -- | 46.300 | 49.435 16-17 | 53.000| -- | -- | 50.402| 52.500| -- | 52.000 | 50.402 17-18 | 55.000| -- | -- | 51.100| 53.500| -- | 53.500 | 51.100 18-19 | 57.500| -- | -- | 51.372| 54.000| -- | 55.125 | 51.372 19-20 | 60.000| -- | -- | 50.000| 55.000| -- | 56.675 | 50.000 20-21 | 60.500| -- | -- | -- | -- | -- | 60.500 | -- ============================================================================= Finalmente, para a elaboração do _quadro n.^o 3_ (Perímetro torácico), cujas médias são a _expressão sintética_ de _sete mil mensurações_, contribuíram os seguintes _estabelecimentos_: 1) _Colégio Militar_ (sexo masculino), com 1.385; 2) _Colégio de Campolide_ (sexo masculino), com 1.223; 3) _Liceu de Coímbra_ (sexo masculino), com 2.225; 4) _Escola de alunos marinheiros_ (sexo masculino), com 2.167. QUADRO N.^o 3 (Sexo masculino) ==================================================================== | Colégio | Colégio | Liceu | Escola | Médias Idades | Militar | de | de | de Alunos | gerais | | Campolide | Coimbra | Marinheiros | ----------+----------+------------+---------+-------------+--------- 6-7 | -- | 57,3 | -- | -- | 57,3 7-8 | -- | 59,3 | -- | -- | 59,3 8-9 | -- | 59,3 | -- | -- | 59,3 9-10 | -- | 60,7 | -- | -- | 60,7 10-11 | 62,5 | 61,9 | 61,4 | -- | 61,9 11-12 | 64 | 63,6 | 63 | -- | 63,5 12-13 | 66 | 65,5 | 65,1 | -- | 65,5 13-14 | 69 | 67,8 | 66,9 | -- | 67,9 14-15 | 72 | 71,2 | 67,1 | -- | 70,1 15-16 | 75,5 | 74,7 | 67,8 | -- | 72,6 16-17 | 78,5 | 77,8 | 79,1 | 83 | 79,6 17-18 | 80 | 79,3 | 80,3 | 85 | 81,1 18-19 | 81,5 | 80,8 | 81,2 | 85 | 82,1 19-20 | 82,5 | 81,8 | 82,7 | 85 | 83 20-21 | -- | 82 | 82,6 | -- | 82,3 4.--As condições em que foram _mensuradas_ tôdas as crianças, a que estes _quadros_ se referem, assim como a _técnica_ adoptada nas _mensurações_, e ainda os _gráficos_ que exprimem as respectivas _médias_; tudo isso se pode ver, pormenorizadamente exposto, descrito e apreciado, em a nossa _monografia_, já citada, sobre o _«crescimento» da criança portuguesa_. 5.--Mas, alêm dos _elementos_ enumerados, podemos acrescentar _outros_, que daqueles não divergem sensivelmente, e são provenientes do _liceu Pedro Nunes_, e do _Colégio Moderno_, de Coímbra, onde presentemente, com o auxílio dos alunos da _Escola Normal Superior_, nos entregamos a _estudos de pedometria_, no intuito de conhecer e determinar, com precisão, as _leis do crescimento_, em _Portugal_. A seguinte _tabela_ inscreve as médias das _mensurações_ realizadas, no referido _liceu_, no ano lectivo de 1914-1915: ======================================================== | N.^o de | | | Ampl. Idades | alunos | Altura | Pêso | torácica --------+---------+-----------+-----------+------------- 9 | 12 | 1^{m},327 | 30^{k},5 | 51^{mm} 10 | 50 | 1^{m},342 | 29^{k},57 | 63^{mm} 11 | 89 | 1^{m},390 | 32^{k},21 | 73^{mm} 12 | 99 | 1^{m},431 | 34^{k},97 | 70^{mm} 13 | 97 | 1^{m},467 | 37^{k},96 | 71^{mm} 14 | 133 | 1^{m},526 | 41^{k},46 | 74^{mm} 15 | 102 | 1^{m},576 | 43^{k},39 | 82^{mm} 16 | 82 | 1^{m},629 | 50^{k},34 | 77^{mm} 17 | 46 | 1^{m},698 | 58^{k},19 | 87^{mm} 18 | 23 | 1^{m},689 | 55^{k},17 | 76^{mm},5 19 | 10 | 1^{m},671 | 59^{k},11 | 84^{mm} 20 | 1 | 1^{m},599 | 56^{k} | 110^{mm} 21 | 1 | 1^{m},683 | 47^{k},6 | 80^{mm} --------+---------+-----------+-----------+------------- No capítulo imediato, a propósito do _crescimento relativo_, interpretaremos as _notações_, referentes ao _Colégio Moderno_, que incidem sobre _cento e vinte crianças_, de diferentes idades, tôdas do sexo masculino, _observadas e mensuradas_, segundo as prescrições do _método auxanológico_. 6.--A _seriação_ de todos os _elementos_ considerados, assim como o _apuramento das respectivas médias_, realizado de modo a fazer corresponder, tanto quanto possível, à _realidade_ os resultados do cálculo, tornaram possível o traçado dos seguintes _gráficos_, que revelam, com suficiente clareza, o _ritmo do «crescimento»_, entre nós. O primeiro dêstes _gráficos_ (figura n.^o 1) inscreve as _curvas do crescimento normal, médio, em altura, da criança portuguesa_ (uma para cada sexo), baseadas, como dissemos, sôbre um total de _vinte e uma mil e seiscentas mensurações_. São _curvas_, estas, denominadas _de grandeza_, que acusam as _variações da altura_, em _função do tempo_[48]. A linha horizontal do _diagrama_ (eixo das abcissas) marca o _tempo_ (série das _idades_); a vertical (eixo das ordenadas) inscreve o _espaço_ (variações métricas da _estatura_). A simples inspecção do _gráfico_ convence imediatamente de que, como nas _observações_ de Quetelet, em relação à Bélgica[49], as crianças portuguesas do sexo masculino excedem, em _altura_, durante todo o percurso da sua evolução, as do sexo feminino. É certo que o número de _dados antropométricos_, em que se baseia a _curva_ do «crescimento» das _raparigas_, orçando apenas por um sexto daquele que fundamenta a _curva_ dos _rapazes_, não pode reputar-se suficiente, em ordem a _conclusões definitivas_; mas as _mensurações_ (aos milhares) do dr. Ferraz de Macedo, para o apuramento da _estatura média_ em Portugal, acusam, em média, na _idade adulta_, em favor do sexo masculino, um excedente que chega a atingir a quantidade apreciável de dez centímetros[50]. [Figura: Fig. 1] As _diferenças sexuais_, de resto, assim reveladas na _fisionomia_ geral das _curvas_, pelo _paralelismo_ que nelas se mantêm, até aos catorze anos, essas diferenças, dizemos, acentuam-se, de modo análogo, em cada _estádio_ particular e concreto da _evolução_. Assim, logo _à nascença_, por exemplo, a _estatura_ dos _rapazes_ ultrapassa, em média, em um centímetro, aproximadamente, a das _raparigas_; e, a partir dos catorze anos, a disparidade das _alturas_ adquire tais proporções, que nós aconselhamos os estudiosos a que usem de uma prudente reserva, relativamente a estas _medidas_. Como _elemento de confronto_, para elucidação completa do assunto, aqui deixamos consignadas, no presente quadrículo, as _notações_ que se devem aos pedologistas Variot e Chaumet, em relação à _criança francesa_: ========================================== | Altura em centímetros Idades +---------------+---------------- | Rapazes | Raparigas ---------+-------+-------+-------+-------- 1-2 | 74,2 | Difer.| 73,6 | Difer. 2-3 | 82,7 | 8,5 | 81,8 | 8,2 3-4 | 89,1 | 6,4 | 88,4 | 6,6 4-5 | 96,8 | 7,6 | 95,8 | 7,4 5-6 | 103,3 | 6,5 | 101,9 | 6,1 6-7 | 109,9 | 6,6 | 108,9 | 7,0 7-8 | 114,4 | 4,5 | 113,8 | 4,9 8-9 | 119,7 | 5,3 | 119,5 | 5,7 9-10 | 125,0 | 5,3 | 124,7 | 4,8 10-11 | 130,3 | 5,3 | 129,5 | 5,2 11-12 | 133,6 | 3,3 | 134,4 | 4,9 12-13 | 137,6 | 4,0 | 141,5 | 7,1 13-14 | 148,1 | 7,5 | 148,6 | 7,1 14-15 | 153,8 | 8,7 | 152,9 | 4,3 15-16 | 159,6 | 5,8 | 154,2 | 1,3 ========================================== São nada menos de quatro os _máximos_ que, nas _curvas_ apresentadas, se observam, através das _idades de evolução_: um, _absoluto_ ou _primário_, aos dezasseis anos (para o sexo masculino) e aos catorze (para o sexo feminino); e três, _relativos_ ou _secundários_: o primeiro (para ambos os sexos) ao cabo dos doze meses, depois do _nascimento_; o segundo (tambêm para ambos os sexos), aos seis anos; e o terceiro, aos dez anos (para o sexo masculino) e aos oito (para o sexo feminino). Estes _máximos_ denotam ou marcam, como é óbvio, no _ritmo_ do «crescimento», os períodos mais agudos dêste, ou as _fases_ mais intensivas da _energia intra-orgânica_, que o determina. Ponderando tudo, vê-se: 1) que a criança portuguesa (d'ambos os sexos) se _desenvolve_ enormemente, durante o primeiro ano de _vida extra-uterina_; 2) que a _marcha_, em seguida, do seu «crescimento» (ainda que _progressiva_) _se atenua_, desde aí, até aos cinco anos, para, de novo (embora por pouco tempo), _se intensificar_, a partir desta _idade_; 3) que se produz, depois, nessa mesma _marcha_, um relativo _afrouxamento_ (mais pronunciado, no sexo feminino), cujo _mínimo_ se verifica, aos oito anos (para os _rapazes_) e aos sete (para as _raparigas_); 4) que o «crescimento» _aumenta_, em seguida, com moderação, desde esta época, até aos doze anos (nos _rapazes_) e até aos treze (nas _raparigas_), para, logo imediatamente depois, cair (sobretudo em relação ao sexo masculino) num _abatimento_ brusco e momentâneo que, em breve, cessará; 5) finalmente, que, em seguida a esta relativa _quietude fisiológica_, o «crescimento» _se acelera_, ainda uma vez mais, com _forte intensidade_, até aos dezasseis anos (para os _rapazes_) e até aos catorze (para as _raparigas_), sucedendo-se, depois, uma definitiva _acalmia_, durante a qual a _criança_ continuará, sem dúvida, a _crescer_, até ao termo da sua _evolução_ (dos vinte aos vinte e cinco anos), mas _insensivelmente_, de modo muito lento e gradual. Para concluirmos a _análise_ de todos os _elementos_, de que podemos dispor, e cuja _síntese_ se encontra nas _curvas_, que temos considerado, relativamente à _estatura da criança portuguesa_, nos diferentes _estádios_ do seu «crescimento», resta ainda (para clara inteligência dos _problemas antropométricos_, cuja solução nos interessa) referir os _factos adquiridos_ aos seus _antecedentes naturais_, e procurar _interpretá-los_, de conformidade com as _leis da lógica_ e os _princípios da sciência_. A _criança_, quando _nasce_, sofre, pela mudança de _meio_, a rutura dum _equilíbrío orgânico_, que lhe põe a vida em risco, pelas _perturbações_, a que dá origem, no funcionamento de todos os _órgãos_. «Il faut, diz Ruyssen, sous peine de mort, que l'enfant s'accommode au milieu»[51]. Esta _adaptação_ a novas _condições de existência_, agravada, quási sempre, pela _crise genital do recêm-nascido_ (puberdade transitória), gera uma _luta_, que determina, pela dinâmica da acção, o _desenvolvimento bio-psíquico_ da criança, tanto mais _intenso_ e _forte_, quanto maior é a _impulsão natural_ para um _novo equilíbrio_ que, em ordem à consolidação das _aquisições realizadas_, substitua _aquele_ que foi comprometido, pela transição brusca e violenta da _vida parasitária_ para a _existência independente_. Não é, por isso, de admirar que, durante a _infância_ (princípio do segundo ano), as _energias do crescimento_ sofram uma _depressão_, que lhes atenue o _poder ascensional_, de que são dotadas; e que se estabeleça êsse _novo equilíbrio provisório_ que, por sua vez, ao cabo de quatro anos (então já em plena _puerícia_), do mesmo modo, será sacrificado, em holocausto àquelas mesmas energias, que exigem, no _ser_ que lhes está subordinado, novas _combinações somáticas_, e diferentes _proporções dos segmentos do seu organismo_. Realizadas, porêm, que sejam essas _combinações_, e atenuada a _crise de expansão_, que as provoca, não há dúvida que, consoante se depreende dos _factos_ examinados, mais um _equilíbrio_ (o terceiro, segundo a _ordem cronológica_) se produzirá, agora com _estabilidade_ menos precária, do que os anteriores, visto que deverá subsistir, até ao fim da _adolescência_ (aos treze anos, para os _rapazes_; e aos doze, para as _raparigas_), e só desaparecerá, com a _crise pubertária_ (de tôdas a mais _enérgica_ e _fecunda_ em _transformações físicas e mentais_), que sobrevirá, por essa ocasião, na _vida instável e agitada_ da criança. Esta _crise_ durará três anos, e será a última do «crescimento», seguindo-se-lhe o _equilíbrio orgânico definitivo_, que só a _doença_ poderá comprometer, e a _morte_ logrará destruir. [Figura: CURVAS DO CRESCIMENTO NORMAL, MÉDIO, EM DENSIDADE (PÊSO), DA CRIANÇA PORTUGUESA (117.010 PESAGENS) Fig. 2] 7.--O segundo dos _gráficos_ indicados [(agora aqui presente) (figura n.^o 2)] representa, nas respectivas _curvas_ (uma para cada sexo), a _marcha_ do «crescimento» normal, médio, em _densidade_ (pêso) na _criança portuguesa_. Observando estas _curvas_, reconhece-se, desde logo, que a _fisionomia_ delas é sensivelmente diferente da que oferecem as das _estaturas_, que temos examinado. As _raparigas_ (contràriamente ao que sucede, em relação à _altura_) apenas são inferiores (em pêso) aos _rapazes_, no primeiro ano; desde os seis aos doze anos; e depois dos dezassete anos. Em tôdas as outras _idades_, manteem sobre êles uma superioridade, que chega a ser surpreendente, pelos catorze anos. Mas as _inflexões_ recíprocas das duas _curvas_, que se cruzam e mutuamente se penetram, não são sem _simile_, em países estrangeiros. Veja-se, por exemplo, a seguinte tabela de Variot e Chaumet, relativa à França: ============================================ | Pêso em quilogramas Idades +----------------+----------------- | Rapazes | Raparigas ---------+--------+-------+--------+-------- 1-2 | 9,500 | Difer.| 9,300 | Difer. 2-3 | 11,700 | 2,2 | 11,400 | 2,1 3-4 | 13,000 | 1,3 | 12,500 | 1,1 4-5 | 14,300 | 1,3 | 13,900 | 1,4 5-6 | 15,900 | 1,6 | 15,200 | 1,3 6-7 | 17,500 | 1,6 | 17,400 | 2,1 7-8 | 19,100 | 1,5 | 19,000 | 1,6 8-9 | 21,100 | 2,1 | 21,200 | 2,2 9-10 | 23,800 | 2,7 | 23,900 | 2,7 10-11 | 25,500 | 1,8 | 26,600 | 2,7 11-12 | 27,700 | 2,1 | 29,000 | 2,4 12-13 | 30,100 | 2,4 | 33,800 | 3,8 13-14 | 35,700 | 5,6 | 38,300 | 4,5 14-15 | 41,900 | 6,2 | 43,200 | 4,0 15-16 | 47,500 | 5,6 | 46,000 | 2,8 ============================================ Todavia, as assinaladas _diferenças sexuais_, e outras, que omitimos, não impedem que, dum modo geral, tanto _rapazes_, como _raparigas_, obedeçam às mesmas _leis_, e sofram influências análogas. Há só uma reserva a fazer, e é que, em regra, o «crescimento» das _raparigas_ é _menos irregular nos acidentes_ (comparem-se as duas _curvas_) e quási sempre _mais precoce_, do que o dos _rapazes_. Foi êste facto, que sugeriu ao Dr. Claparède a idea de comparar a um _match de corrida_ o «crescimento» dos _dois sexos_: «la croissance comparée des filles et des garçons, diz êle, ressemble à un match de course; garçons et filles partent ensemble, mais celles-ci, un instant devancées, prennent bientôt les devans, puis leurs concurrents les ratrapent et les dépassent, mais elles les dépassent de nouveau jusqu'à ce que, enfin, les garçons l'emportent définitivement»[52]. Examinem-se as nossas _curvas_, e ver-se há que, com leves e acidentais modificações, é precisamente o que se verifica na _dinâmica_ do «crescimento» português. Nota-se assim que, nesta _dinâmica_, são três as principais _fases_ do _«crescimento» enérgico_, _máximo_, em _densidade_: 1) durante o primeiro ano (em ambos os sexos); 2) pelos seis anos (para os _rapazes_) e pelos oito (para as _raparigas_); 3) pelos quinze, aproximadamente (nos _rapazes_), e pelos doze (nas _raparigas_). A primeira _crise_ (e talvez a segunda) constituem, na opinião de Camerer, uma «continuação da excessiva _energia fetal_ do «crescimento»; quanto à última, a sua _explicação adequada_ encontra-se no _advento_ e na _instalação_ da _Puberdade_[53]. 8.--Para conclusão desta primeira parte do nosso estudo («crescimento» _absoluto_ da criança portuguesa), resta apresentar o _gráfico_ da _curva_, relativa ao _perímetro torácico_, que é o que, a seguir, na página imediata (fig. n.^o 3), publicamos. Esta _curva_ pertence ao _sexo masculino_; não abrange a série tôda das _idades infantis_; e apenas se baseia num total de sete mil _mensurações_; contudo, não deixamos de reputar _suficiente_ êsse número para, sobre êle, estabelecer alguns _princípios_, e formular determinadas _conclusões_. [Figura: CURVA DO PERÍMETRO TORÁCICO (7.000 MENSURAÇÕES). Fig. 3] Como geralmente se sabe, o _perímetro torácico_ (_medida sintética_ da _espessura_ e da _largura_ do tórax) é maior ou menor, consoante a _criança_ já entrou na _puberdade_, ou ainda permanece nas _fases inferiores da evolução_[54]. Ora, as _notações_, que constituem a presente _curva_, não fazem excepção àquela _regra_; alêm disso, como veremos, em lugar próprio, as outras _dimensões somáticas_, que lhes correspondem, acham-se na _razão inversa_ das _projecções verticais_, com que coincidem. Êste _facto_ e outros análogos, que estabeleceremos, servirão para demonstrar a absoluta veracidade destas palavras de Pierre Mendousse: «Chacun sait qu'entre le corps d'un petit enfant et celui d'un adulte il y a des différences non seulement dans la grandeur totale, mais aussi dans les proportions des diverses parties. Depuis le moment de la naissance, chacune de celles-ci semble croître sinon pour son propre compte, du moins suivant un rythme plus ou moins accéléré, d'où résulte pour chaque âge un canon spécial de la forme humaine, variable d'ailleurs dans une certaine mesure suivant la race, l'état de santé, la nourriture, etc. Dans ce progrès continu, l'avènement de la puberté détermine non seulement un accroissement de vitesse, mais sourtout des variations plus rapides qu'auparavant dans les proportions extérieures et plus encore dans le volume et le poids des organes, dont les uns semblent s'hypertrophier, pendant que les autres se développent moins vite ou s'atrophient, de sorte que l'état cénesthésique de l'adolescent subit de profondes modifications, parfois douloureuses j'usqu'à la défaillance, en particulier lorsque, vers les dix-huit ans, la croissance s'étant ralentie, un nouvel état d'équilibre s'établit entre les systèmes organiques devenus adultes». Para _confronto_ elucidativo, aqui reproduzimos a _tabela de Pagliani_[55], com as suas duas séries de medidas, relativas à _capacidade vital_ e à _circunferência torácica_: ======================================== Idades | Capacidade | Circunferência | vital | torácica ---------+------------+----------------- 10 | 1660 | 61 11 | 1700 | 61,2 12 | 1860 | 62,8 13 | 2045 | 65,2 14 | 2100 | 66,4 15 | *2445* | *69,5* 16 | 2485 | 70,3 17 | 2660 | 71,6 18 | 3115 | 72,6 ======================================== Observando, agora, a _fisionomia_ geral da _evolução torácica_, tal como se esboça, em o nosso _gráfico_, a partir do _plano horizontal_, existente entre os oito e os nove anos, nota-se, desde logo, uma pronunciada _ascensão_ da _curva_, que adquire gradual e progressiva intensidade, à medida que a _criança_ se vai aproximando do _fim natural_, para que tende. Logo, porêm, que êste _movimento ascensional_ atinge os quinze anos (_fase pubertária_), a sua _aceleração_ torna-se tam _brusca_ e _rápida_, que quási se confunde com a _vertical_ o fragmento de _curva_, que a exprime. Chega, depois, o _máximo_ (aos dezassete anos); e, conquanto (até à _idade adulta_) o tórax continue sempre a _crescer_ mais, do que a _estatura_[56], todavia, daí por diante, nenhuma _variação_ dêsse _crescimento_ igualará jamais aquelas que, até lá, se produziram. CAPITULO III Insuficiência do estudo do «crescimento» absoluto para a solução de todos os problemas antropométricos. «Crescimento» relativo ou segmentar; sua determinação, tanto sintética, como analítica, pelo confronto dos respectivos elementos. 1.--A determinação do _ritmo do crescimento_ não basta em _Pedologia_, porque, como vimos, há _outras leis_ que as _medidas sintéticas_ não revelam. A _estatura_, como síntese que é das _alturas segmentares do corpo_ acima do solo, _valerá o que valêrem estas_; por si só, essa _medida_ apenas significa que tal pessoa é _grande_ ou _pequena_, o que é de importância mínima, em _pedometria_; e, às vezes, até de _valor negativo_, como sucederá, por exemplo, nos casos de _gigantismo com infantilismo_, em que a _estatura cresce, à custa doutras dimensões essenciais_ (largura, grossura, espessura) _do sólido humano_[57]. Pelo seu lado, o _pêso_ nem sempre deve ser considerado, como exprimindo um _valor activo_ nos fenómenos do «crescimento», pois pode suceder que, em vez de uma _densidade muscular_, acuse uma _densidade adiposa_, a qual, como é óbvio, não passa de uma _reserva_ e, às vezes, até dum _obstáculo_ à seqùência normal daqueles fenómenos. Não há dúvida que a _medida do pêso_, em circunstâncias normais e, sobretudo, _a da sua evolução_, constituem um meio excelente de avaliar da _saúde_ e do _estado de nutrição_ da criança; a verdade, porêm, é que não é êsse o único _problema métrico_ a esclarecer: outros há que o _pêso_, só por si, não resolve. [Figura: Fig. 4] Finalmente, o _perímetro torácico_ (medida de valor apreciável, quando relacionada com outras medidas) presta-se tambêm a _interpretações erróneas_, por isso mesmo que pode representar, sob a _máscara da gordura_, um _falso volume_ do organismo. A conclusão impõe-se, em relação a _cada uma_ das mensurações indicadas, considerada _de per si_; mas há casos, em que nem _tôdas juntas_ inspirarão maior confiança. Examine-se, por exemplo, êste _retardatário_ (figura n.^o 4), de quinze anos e meio de idade, o qual, a julgar pela _altura_ (quási de adulto), pelo _pêso_ (relativamente enorme), e pelo _perímetro torácico_ (considerável), se deveria reputar em _óptimas condições de crescimento_; ¡e, todavia, não se trata senão de uma _pobre criança_ que, à hora das suas mensurações, não havia ainda feito a _puberdade_, nem talvez jamais a chegasse a fazer!...[58]. É um caso típico de _infantilismo total_, tanto somático, como psíquico. A investigação scientífica do «crescimento» descobriu que uma das _leis_ mais importantes _dêste_ é a das _proporções_. O vigor do _organismo humano_ e o seu desenvolvimento normal, através das _idades de evolução_ (infância, puerícia, adolescência, puberdade, nubilidade) não dependem sòmente do aumento, em _altura_, _grossura_, e _densidade_; mas tambêm e principalmente das _dimensões relativas_ de todos os _segmentos_, que constituem êsse organismo. Não é possível elaborar, acertadamente, um _quadro de médias_, considerando apenas as _medidas_ enumeradas; o que importa é _pesquizar_ a fórmula específica do _nosso crescimento_, construir o _cânon antropométrico_ da criança portuguesa, _em tôdas as idades, e de ambos os sexos_. Achado êsse _padrão_, por êle será aferido o «crescimento», sendo então fácil _definí-lo_ e _julgá-lo_, com absoluta segurança. 2.--Os _antigos_ falaram, por vezes, das _proporções do corpo humano_, nas diferentes _fases_ da sua evolução; a verdade, porêm, é que só a _sciência contemporânea_ logrou resolver o problema[59]. Sem querermos aprofundar agora êste assunto, basta ponderar que, depois dos _trabalhos definitivos_ de Manouvrier[60], não é possível continuar a crêr nas _curiosas ficções_ de Stratz que, havendo adoptado o _critério_ de Vitrúvio, afirmava incluir-se, oito vezes, a _cabeça_, na estatura do _adulto_; sete, na do _púbere_; seis, na do _adolescente_; cinco, na do _infante_; e quatro, na do _recêm-nascido_[3]. Não há de ser um _segmento do corpo humano_ a _medida comum_ das _dimensões reaes_ dêste; mas uma _unidade métrica exterior_: o _milímetro_, como se acha estabelecido, em _pedometria_. Seguindo na _esteira desta orientação_, e estabelecendo, desde já, o confronto das _medidas sintéticas_, de que dispomos, não padece dúvida, que o _crescimento relativo da criança portuguesa_ denuncia, na sua _marcha progressiva_, uma clara influência da _lei da alternância_, e não se afasta sensivelmente das _normas_, a que se atende, em _pedologia_. Comparando, por exemplo, a _curva_ da _altura_ com as _curvas_ do _pêso_ (figura n.^o 5) e do _perímetro torácico_ (figura n.^o 6), reconhece-se, desde logo, que, em relação ao sexo masculino, tanto a _densidade_, como a _grossura_ do organismo, só ultrapassam a _altura_, depois dos quinze anos, que é a época, em que as _dimensões horizontais_ entram de contribuir mais, do que as _verticais_ para o _crescimento_ do _sólido humano_. Pelo que temos observado, ininterruptamente, a partir de 1903, a _puberdade masculina_ faz-se, em regra, entre nós, desde os catorze até aos dezasseis anos, e a _feminina_, desde os doze até aos catorze[62]. Normalmente, os _primeiros sinais da puberdade_ (P.^1) aparecem, no _sexo masculino_, pelos treze ou treze anos e meio; no _sexo feminino_, pelos onze ou onze e meio; e a sua _instalação definitiva_ (P.^3 A.^1), respectivamente, pelos catorze e doze anos. Alêm disso, importa notar que o _encerramento da fase pubertária_ (P.^5 A.^{3, 4 ou 5}) se realiza sempre, ao cabo de dois anos, volvidos sôbre aquela _instalação_[63]. [Figura: Fig. 5] Examinando o _gráfico_ da figura 5, vê-se que efectivamente o _aumento progressivo do pêso_ se intensifica, a partir dos catorze anos; e que é precisamente aos dezasseis (P.^5 A.^5) que a respectiva _curva_ adquire sôbre a da _estatura_ uma _ascendência_, que jamais cessará[64]. Mas é natural; porque, como se depreende do _gráfico n.^o 6_, a _criança_, principiando a _engrossar_, em _progressão intensiva_, dos quinze para os dezasseis anos (_instalação definitiva_, ou já _encerramento da puberdade_), claro está que aumentará de _densidade_; donde resulta o _paralelismo_, ou a _semelhança fisionómica_ das duas _curvas_ (_pêso_ e _perímetro torácico_). Em contraprova, examine-se ainda o _gráfico_ da figura n.^o 7, que inscreve (para confronto) as _curvas_ do _pêso_ e do _perímetro torácico_. Depois dos nove ou dez anos, essas _curvas_ caminham quási paralelamente (como não podia deixar de ser); e, só depois dos dezassete anos, em que é atingido o _máximo absoluto comum_, é que surgem _inflexões_, cuja _natureza_ importa à _pediatria_ explicar. Em os nossos _exemplares de observação e estudo_, há um (do sexo feminino), em que se realizam, com notável precisão, as _leis_, a que nos temos referido. O _crescimento_, em _altura_, como se pode verificar, em face do _gráfico_ da figura n.^o 8, acusa, pelos treze anos, um _aumento considerável_, que teve o seu _início_, por ocasião do _aparecimento_ e _instalação da puberdade_; e podemos acrescentar que essa _progressão não afrouxou ainda_, até a êste momento[65]. Mas não constituem os _factos_ aduzidos todo o _material_, de que seja possível dispor, para a organização scientífica dos _cânones antropométricos_ das _idades evolutivas da criança portuguesa_. [Figura: Fig. 6] [Figura: Fig. 7] [Figura: Fig. 8] Temos _medidas segmentares_, que podem aproveitar a êsse fim; e vamos apreciá-las, no capítulo imediato. CAPÍTULO IV Medidas segmentares para avaliação do crescimento relativo, ou das proporções do corpo, nas idades de evolução. Cânones antropométricos da criança portuguesa 1.--O estudo das _proporções métricas do corpo humano, desde o nascimento, até à idade adulta_, exige que se considerem _três ordens de segmentos_: 1) _projecções verticais_; 2) _diâmetros_; 3) _perímetros ou circunferências_. Dos _elementos_ da primeira categoria, interessam-nos, de modo especial, em relação ao _eixo do corpo_, as _alturas da cabeça e do tronco_; e, em relação aos _apêndices_, as _dimensões_ (no seu conjunto) do _membro torácico_ e do _membro abdominal_. Como, em o nosso país, não existem (que nós saibamos) _mensurações_ das referidas _alturas_, procuramos, ao presente, obtê-las, em _quantidade_ e _qualidade_ suficiente, sobre alunos do _Colégio Moderno_[66]. Á segunda categoria pertencem os _diâmetros_, tanto _cranianos_, como _torácicos_, e _pélvicos_; mas de tôdas estas _dimensões horizontais_ algumas _medidas_ possuímos, em condições de serem utilizadas; podendo dizer-se o mesmo, em relação aos _elementos_ da última classe: _perímetros_, quer _cranianos_, quer _torácicos_, e ainda _pélvicos_. As _tabelas_ que, a seguir, publicamos consubstanciam todos êsses _elementos_: TABELA N.^o 1 (_Maternidade de Lisboa_)[67] =================================================================== Número de mensurações | Diâmetros cranianos | Perímetros cranianos ----------+-----------+----------+----------+---------------------- S. M. | S. F. | O F[68] | B P[68] | S O F[68] ----------+-----------+----------+----------+---------------------- 1491 | 1386 | 11,58 | 9,35 | 32,78 =================================================================== Estas _mensurações_ (tabela n.^o 1) foram feitas _imediatamente depois do nascimento_, sobre crianças que satisfaziam às _condições_ seguintes: 1) «d'être nés vivants»; 2) «d'être nés par le sommet»; 3) «d'avoir été dégagés en OP.»; 4) «d'être des enfants à terme». Quanto ao seu _valor antropológico_, não são essas _medidas cefálicas_ de natureza a inspirar-nos uma _grande confiança_, porquanto, como o próprio autor diz: "la prise des mesures céphaliques est encore plus difficile que celle des longueurs. D'abord, il est impossible qu'elles soient, toutes, prises par la même personne, quand on opère sur un grand nombre d'enfants, comme nous le faisons; puis, il faut compter avec la difficulté inhérente à l'opération, quand il s'agit d'un enfant vivant, comme c'est notre cas, la difficulté d'employer un instrument de précision, et encore la difficulté de bien établir, pour tous les cas, les mêmes points de repère, en les marquant toujours d'une manière identique et irréprochable. _Aussi, nos mesures ne prétendent guère à la rigueur d'une étude anthropométrique. Nous avons tout simplement cherché à établir quelle serait, à peu près, la grandeur de la tête foetale, tout de suite après la naissance_, pour obtenir, autant que possible, une idée de la grandeur des diamètres de l'ovoide céphalique du foetus, à l'occasion de sa descente par la filière génitale»[69]. Nem é para admirar que assim seja, por isso mesmo que a iniciativa das duas mil oitocentas e setenta e sete _mensurações_, cujas _médias_ a mencionada _tabela_ exprime, não tinha um _fim antropológico, mas tam sòmente obstétrico_. Todavia, não são para rejeitar, _in limine_, tam numerosas _observações_; antes supomos muito conveniente a sua _seriação, como subsídio para a avaliação indirecta da capacidade craniana do recêm-nascido; e, portanto, do volume e pêso do seu cérebro_[70]. TABELA N.^o 2 (_Observações de Costa Sacadura_)[71] ================================================================= Número de | Diàmetros | Perímetros mensurações | cranianos | cranianos --------+-------+---------------+---------------+---------------- S. M. | S. F. | O F | B. P. | S O F --------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+-------- | | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. 256 | 273 +-------+-------+-------+-------+-------+-------- | | 11,22 | 10,96 | 8,92 | 8,87 | 32,51 | 32,33 --------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+-------- Médias sem | | | distinção | 11,09 | 8,89 | 32,42 de sexo | | | ================================================================= As _médias_ da tabela n.^o 2 resultam de cálculos efectuados sobre quinhentas e vinte e nove _mensurações_ de _diâmetros_ e _perímetros cranianos_ de _recêm-nascidos_, vivos, d'ambos os sexos, na _Maternidade de Lisboa_, em 1904, pelo chefe de clínica dêsse estabelecimento, dr. Costa Sacadura. Essas _mensurações_, de rigor absoluto, quanto ao _processo técnico_, tambêm foram feitas logo à nascença, como as da tabela n.^o 1; e, conquanto se destinassem a servir _intuitos exclusivamente clínicos_, todavia, nada obsta a que as aproveitemos (pelo menos _O F_, _B P_ e _S O F_, para o nosso _fim antropológico_: _determinação do índice cefálico do recêm-nascido português_. É certo que, pela _ocasião_ em que foram tomadas, essas medidas exprimem _dimensões de uma cabeça, que pode ter sido deformada pelo trabalho do parto_; mas tambêm não padece dúvida, que êsse facto carece de eficácia para invalidar aquela _determinação_, porquanto, em _matéria de cèfalometria do recêm-nascido_, não se pode contar com _certezas_; mas tam sòmente com _aproximações_[72]. Como se depreende da presente tabela (n.^o 3), as _médias_ das respectivas _dimensões cefálicas_, derivam de 49 _observações_, realizadas no _hospital geral de Santo António_, do Pôrto, pelo dr. Manuel Álvares Pereira Carneiro Leal. TABELA N.^o 3 (_Observações de Manuel Carneiro Leal_)[73] ================================================================= Número de | Diàmetros | Perímetros mensurações | cranianos | cranianos --------+-------+---------------+---------------+---------------- S. M. | S. F. | O F | B. P. | S O F --------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+-------- | | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. | S. M. | S. F. 23 | 25 +-------+-------+-------+-------+-------+-------- | | 11,6 | 11,2 | 9,2 | 9,1 | 32,9 | 32,2 --------+-------+-------+-------+-------+-------+-------+-------- Médias sem | | | distinção | 11,4 | 9,1 | 32,5 de sexo | | | ================================================================= Dessas _mensurações_, excluem-se as que se referem a _nados-mortos_; mas consideram-se as que pertencem a _recêm-nascidos de fraca viabilidade_[74]. Aproximando agora as _médias_ de tôdas as _dimensões_, que os três _mapas_ apresentados consubstanciam, podemos organizar o _quadro geral_ (n.^o 4) das _medidas cefálicas_ do _recêm-nascido português, baseado em três mil quatrocentas e cinqùenta mensurações, absolutamente comparáveis_, porquanto, a-pesar-de realizadas por _várias pessoas_, todavia, nem deixou de ser a mesma a _técnica_ empregada, nem foram diferentes as _circunstâncias_, em que se operou. QUADRO N.^o 4 (_Diâmetro e Perímetro craniano do recêm-nascido português_) ================================================================= | | Diàmetros | Perímetros Número | Nomes | cranianos | cranianos de | dos +---------+--------+------------ observações | observadores | O F | B P | S O F --------------+------------------+---------+--------+------------ 2877 | Alfredo da Costa | 11,58 | 9,35 | 32,78 529 | Costa Sacadura | 11,09 | 8,89 | 32,42 48 | Carneiro Leal | 11,40 | 9,10 | 32,50 --------------+------------------+---------+--------+------------ Médias gerais (centímetros) | *11,35* | *9,11* | *32,56* ================================================================= O _índice cefálico médio dos portugueses_, segundo as _observações_ de Ferraz de Macedo[75], Costa Ferreira[76], Álvaro Basto[77], Sant'Ana Marques[78] e Fonseca Cardoso[79], é de 76,4, no _vivo_, e de 74,5, no _crânio_. Mas êste _índice_ (apenas variável entre 78,7 e 75,2, nos 17 _distritos_) é o do _adulto_[80]. Que saibamos, não existem, em o nosso país, quaisquer _trabalhos_ sobre o _índice cefálico da criança portuguesa, nas diferentes idades da sua evolução_, a começar no _recêm-nascido_; crêmos, todavia, que os _elementos_, constantes do _quadro_ n.^o 4, não poderão deixar de reputar-se _suficientes_ para legitimarem a adopção (ao menos, _a título provisório_) da _expressão_ 80,2, como _valor médio_ do referido _índice_, em relação ao _recêm-nascido_[81]. 2.--Prosseguindo, apresentamos agora a seguinte _tabela_ (n.^o 4), que condensa os _resultados_ (absolutamente inéditos) das _observações_ feitas no _Liceu de Coímbra_, nas _circunstâncias_ que já indicámos, a propósito da _estatura_. A _média_ do _índice cefálico_, correspondente a cada uma das _idades_ consideradas, figura numa coluna desta _tabela_. TABELA N.^o 4 (_Diâmetros cranianos, de alunos do Liceu de Coimbra_) =============================================+ | | | | Antero-posterior máximo | | | | | Idades +--------------+--------------+ Média | | | | | | | | |12-15|16-19|20-23|24-27|28-31| | | | | | | | | -------+-----+-----+-----+-----+-----+-------+ | | | | | | | 10-11 | --- | 60 | 3 | --- | --- | 17,6 | 11-12 | --- | 120 | 13 | --- | --- | 17,8 | 12-13 | --- | 163 | 10 | --- | --- | 17,7 | 13-14 | --- | 144 | 13 | --- | --- | 17,8 | 14-15 | --- | 128 | 20 | --- | --- | 18 | 15-16 | --- | 101 | 39 | --- | --- | 18,6 | 16-17 | --- | 96 | 60 | --- | --- | 19 | 17-18 | --- | 80 | 62 | 1 | --- | 19,2 | 18-19 | --- | 59 | 61 | --- | --- | 19,5 | 19-20 | --- | 31 | 38 | --- | --- | 19,5 | 20-21 | --- | 20 | 23 | --- | --- | 19,6 | | | | | | | | =============================================+ ================================================================ | | | | Transverso máximo | | | | | Idades +--------------+--------------+ Média | Índice cefálico | | | | | | | |12-14|15-17|18-20|21-23|24-26| | | | | | | | | -------+-----+-----+-----+-----+-----+-------+------------------ | | | | | | | 10-11 | 50 | 17 | --- | --- | --- | 13,7 | 77,8 11-12 | 102 | 31 | --- | --- | --- | 13,6 | 76,2 12-13 | 123 | 50 | --- | --- | --- | 13,8 | 77,9 13-14 | 102 | 55 | --- | --- | --- | 14 | 78,7 14-15 | 86 | 58 | 4 | --- | --- | 14,3 | 79,4 15-16 | 52 | 88 | --- | --- | --- | 14,8 | 79 16-17 | 60 | 96 | --- | --- | --- | 14,8 | 77,8 17-18 | 50 | 93 | --- | --- | --- | 14,9 | 77,6 18-19 | 36 | 84 | --- | --- | --- | 15 | 76,9 19-20 | 20 | 49 | --- | --- | --- | 15,1 | 77,5 20-21 | 14 | 29 | --- | --- | --- | 15 | 76,5 | | | | | | | ================================================================ [Figura: POLÍGONO DE VARIAÇÃO DO _INDICE CEFÁLICO_, EM RELAÇÃO À IDADE Fig. 9] Consoante se depreende dos _valores_ expressos na _tabela_ n.^o 4, a _forma craniana_ que subsiste nos alunos do liceu de Coímbra, _em tôdas as idades da sua evolução, a partir dos dez anos_, é a _mesaticéfala_, segundo a nomenclatura de Topinard[82]. De facto, basta reparar no _gráfico_ da figura n.^o 9 para, desde logo, reconhecer que os _valores extremos_, registados (76,2--79,4), não deixam de pertencer à mesma _classe de índices_, que ocupa a _posição média_ entre a _dolicocefalia_ e a _braquicefalia_. Êste _facto_, que é fecundo em conseqùências, para o _estudo ântropo-sociológico_ do nosso _grupo étnico_[83], acha-se plenamente confirmado pelas _observações_ realizadas na _Escola de alunos marinheiros do Norte_. Essas _observações_ constam do _mapa_ ou _tabela_ n.^o 5 que, a seguir, publicamos: TABELA N.^o 5 (_Alunos marinheiros_) =============================================================================== | Diâmetros cranianos | +-------------------------------+-------------------------------+ Índice Idades| Anos 1913-1914 | Anos 1914-1915 |cefálico +-------------------------------+-------------------------------+ | Antero-posterior | Transverso | Antero-posterior | Transverso | ------+------------------+------------+------------------+------------+-------- | | | | | 16-17 | 18,3 | 14,5 | 19,1 | 14,7 | 78 17-18 | 19,2 | 14,7 | 19,2 | 14,6 | 76 18-19 | 19 | 14,5 | 19,3 | 14,5 | 75,5 19-20 | -- | -- | 20 | 15 | 75 | | | | | =============================================================================== Confrontando os _índices cefálicos_ desta _tabela_ (n.^o 5) com aqueles que lhes correspondem, na _tabela_ n.^o 4 (liceu de Coímbra), notam-se, sem dúvida, _diferenças consideráveis_; mas importa ponderar, que _essas diferenças não são tamanhas, como à primeira vista poderia parecer, visto que elas não importam nos_ *adolescentes*, _a que se referem, uma mudança de classe, quanto à forma craniana, que se mantêm mesaticéfala_. Com relação a _medidas cefálicas_, devemos registar ainda o _perimetro craniano_, medido, na _Escola de alunos marinheiros_, durante dois anos consecutivos, em mais de cento e cinqùenta rapazes. A seguinte _tabela_ (n.^o 6) condensa as respectivas _mensurações_. E, da mesma _procedência_, podemos ainda mencionar (em matéria de _dimensões horizontais_) as _notações_, que se referem ao _perímetro_ e aos _diâmetros da bacia_ dos alunos considerados, as quais se acham sintetizadas nas _médias_ das _tabelas_ (n.^{os} 7 e 8) que, a seguir, publicamos: TABELA N.^o 6 (_Alunos marinheiros_) ====================================================== | Perímetro craniano | Idades +----------------+----------------+ Médias | Ano 1913-1914 | Ano 1914-1915 | -------+----------------+----------------+------------ | | | 16-17 | 55 | 55,5 | 55,2 17-18 | 54,9 | 55,3 | 55,1 18-19 | 54,6 | 55,7 | 55,1 19-20 | 56 | -- | 56 | | | ====================================================== TABELA N.^o 7 (_Alunos marinheiros_) =============================== | Perímetro pélvico Idades +----------------------- | Ano 1914-1915 -------+----------------------- | 16-17 | 78,5 17-18 | 79,3 18-19 | 80,2 19-20 | 83 | =============================== TABELA N.^o 8 (_Alunos marinheiros_) =============================================================================== | Diâmetros pélvicos | +---------------------------------+-----------------------------+Índice Idades| Anos 1913-1914 | Anos 1914-1915 |pélvico +---------------------+-----------+-----------------+-----------+ | Antero-posterior[84]| Transverso| Antero-posterior| Transverso| ------+---------------------+-----------+-----------------+-----------+-------- | | | | | 16-17 | 17,7 | 25,2 | 18,8 | 26,4 | 70,7 17-18 | 18,5 | 25,9 | 19,3 | 26,5 | 72,1 18-19 | 20,5 | 26,3 | 20 | 26,8 | 76,2 19-20 | 20,6 | 26,6 | 20,3 | 27 | 76,2 | | | | | =============================================================================== 3.--Um dos _elementos_ mais importantes para a avaliação das _proporções do corpo humano_ é aquele que deriva das _mensurações diametrais do tronco_, isto é, dos _diâmetros pélvicos_ (já considerados), e dos _diâmetros torácicos_[85]. As _tabelas_ n.^{os} 9, 10 e 11 que, a seguir, publicamos, resumem as _mensurações comparáveis_ dos _diâmetros torácicos_ de _crianças_, pertencentes ao _liceu de Coímbra_, ao extinto _colégio de Campolide_, e à _escola de alunos marinheiros do norte_[86]. TABELA N.^o 9 (_Liceu de Coimbra_) (Diâmetros torácicos) ============================================== | Diâmetro ântero-posterior | | Idades +-----+-----+-----+-----+-----+ Médias| |12-15|16-19|20-23|24-27|28-31| | -------+-----+-----+-----+-----+-----+-------+ | | | | | | | 10-11 | 133 | 8 | 1 | --- | --- | 13,7 | 11-12 | 141 | 34 | --- | --- | --- | 13,9 | 12-13 | 100 | 46 | --- | --- | --- | 14,7 | 13-14 | 65 | 80 | 3 | --- | --- | 15,8 | 14-15 | 20 | 85 | --- | --- | --- | 16,7 | 15-16 | 10 | 100 | 90 | --- | --- | 19,1 | 16-17 | 8 | 80 | 100 | 47 | --- | 20,6 | 17-18 | 5 | 40 | 100 | 30 | --- | 21 | 18-19 | --- | 37 | 98 | 35 | --- | 21,4 | 19-20 | --- | 5 | 70 | 20 | --- | 22,1 | 20-21 | --- | --- | 60 | 17 | 15 | 22,5 | | | | | | | | ============================================== =============================================================================== | Diâmetro transverso | |Índice torácico Idades +-----+-----+-----+-----+-----+-----+-----+-----+Médias|(sem fracções) |12-14|15-17|18-20|21-23|24-26|27-29|30-32|33-35| | -------+-----+-----+-----+-----+-----+-----+-----+-----+------+---------------- | | | | | | | | | | 10-11 | -- | -- | 120 | 22 | -- | -- | -- | -- | 19,4 | 141 11-12 | -- | -- | 126 | 43 | 6 | -- | -- | -- | 19,9 | 143 12-13 | -- | -- | 100 | 20 | 26 | -- | -- | -- | 20,4 | 138 13-14 | -- | 3 | 3 | 132 | 10 | -- | -- | -- | 22 | 139 14-15 | -- | -- | 7 | 72 | 26 | -- | -- | -- | 22,5 | 134 15-16 | -- | -- | -- | 15 | 113 | 60 | 12 | -- | 26 | 136 16-17 | -- | -- | 2 | 9 | 60 | 103 | 61 | -- | 27,2 | 136 17-18 | -- | -- | -- | -- | 44 | 124 | 7 | -- | 27,3 | 134 18-19 | -- | -- | -- | 2 | 12 | 130 | 26 | -- | 28 | 130 19-20 | -- | -- | -- | -- | 11 | 70 | 14 | -- | 29 | 131 20-21 | -- | -- | -- | -- | 8 | 50 | 34 | -- | 29,8 | 132 | | | | | | | | | | =============================================================================== TABELA N.^o 10 (_Colégio de Campolide_) (Diâmetros torácicos) =================================================================== | Diâmetro | Diâmetro | Índice Idades | ântero-posterior | transverso | torácico | (médias) | (médias) | (sem fracções) ---------+------------------+------------------+------------------- | | | 6-7 | 14,4 | 20 | 138 7-8 | 15,4 | 19,5 | 126 8-9 | 15,2 | 19,5 | 128 9-10 | 15,7 | 19,7 | 125 10-11 | 15,7 | 20,5 | 130 11-12 | 16 | 21,1 | 132 12-13 | 16,6 | 21,6 | 130 13-14 | 17 | 22,4 | 132 14-15 | 17,6 | 23,4 | 132 15-16 | 18,4 | 24,7 | 134 16-17 | 18,9 | 25,6 | 146 17-18 | 19,4 | 26 | 134 18-19 | 19,4 | 26,4 | 136 19-20 | 20 | 26,5 | 132 20-21 | 18,4 | 27 | 146 | | | =================================================================== TABELA N.^o 11 (_Alunos marinheiros_) (Diâmetros torácicos) ========================================================= | Diâmetro | Diâmetro | | ântero-posterior | transverso | Idades +-----------+-----------+-----------+-----------+ | Anos | Anos | Anos | Anos | | 1913-1914 | 1914-1915 | 1913-1914 | 1914-1915 | --------+-----------+-----------+-----------+-----------+ | | | | | 16-17 | 19,5 | 19,7 | 25 | 25,8 | 17-18 | 20,2 | 19,7 | 26,1 | 26,3 | 18-19 | 19,3 | 20 | 26,4 | 26,6 | 19-20 | 19 | 20 | 27 | 26,5 | | | | | | ========================================================= ================================================= | Ant. post. | Transv. | Índices Idades +------------+----------+ torácicos | Médias | (sem fracções) --------+------------+----------+---------------- | | | 16-17 | 19,6 | 25,4 | 129 17-18 | 19,9 | 26,2 | 131 18-19 | 19,6 | 26,5 | 135 19-20 | 19,5 | 26,7 | 136 | | | ================================================= De cada uma destas três _tabelas_ (n.^{os} 9, 10 e 11) extraímos as _notações_, com que organizámos o _quadro n.^o 5_, no intuito de aproximar todos os _elementos_ considerados, e obter _médias gerais_, não sòmente das respectivas _mensurações_, como dos _índices_, a que elas dão origem[87]. A _técnica_, adoptada nas _observações_, foi análoga para todos os _observadores_: _compasso de espessura de Broca_, com as _pontas_ apoiadas, respectivamente, à _altura da extremidade inferior do esterno_, e sobre a _saliência óssea posterior_, do mesmo plano horizontal (_diâmetro ântero-posterior_); e, no mesmo _plano xifo-esternal_, sobre as _convexidades costais_ (_diâmetro transverso_)[88]. QUADRO N.^o 5 (_Diâmetros e índices torácicos_) (médias gerais) ============================================== | Diâmetro ântero-posterior | +----------+------------+-------------+ Idades | Liceu de | Colégio de | Alunos | | Coimbra | Campolide | marinheiros | -------+----------+------------+-------------+ | | | | 6-7 | -- | 14,4 | -- | 7-8 | -- | 15,4 | -- | 8-9 | -- | 15,2 | -- | 9-10 | -- | 15,7 | -- | 10-11 | 13,7 | 15,7 | -- | 11-12 | 13,9 | 16 | -- | 12-13 | 14,7 | 16,6 | -- | 13-14 | 15,8 | 17 | -- | 14-15 | 16,7 | 17,6 | -- | 15-16 | 19,1 | 18,4 | -- | 16-17 | 20,6 | 18,9 | 19,6 | 17-18 | 21 | 19,4 | 19,9 | 18-19 | 21,4 | 19,4 | 19,6 | 19-20 | 22,1 | 20 | 19,5 | 20-21 | 22,5 | 18,4 | -- | | | | | ============================================== ======================================================== | Diâmetro transverso | +-------------------------------------+ Índice Idades | Liceu de | Colégio de | Alunos | tarácico | Coimbra | Campolide | marinheiros | -------+----------+------------+-------------+---------- | | | | 6-7 | -- | 20 | -- | 138 7-8 | -- | 19,5 | -- | 126 8-9 | -- | 19,5 | -- | 128 9-10 | -- | 19,7 | -- | 125 10-11 | 19,4 | 20,5 | -- | 135 11-12 | 19,9 | 21,1 | -- | 137 12-13 | 20,4 | 21,6 | -- | 134 13-14 | 22 | 22,4 | -- | 135 14-15 | 22,5 | 23,4 | -- | 133 15-16 | 26 | 24,7 | -- | 135 16-17 | 27,2 | 25,6 | 25,4 | 137 17-18 | 27,3 | 26 | 26,2 | 133 18-19 | 28 | 26,4 | 26,5 | 133 19-20 | 29 | 26,5 | 26,7 | 133 20-21 | 29,8 | 27 | -- | 139 | | | | ======================================================== Para boa inteligência dos _valores métricos_, constantes do _quadro_ n.^o 5, e sua legítima interpretação, construímos o presente _gráfico_ (figura n.^o 10), pelo qual se vê (se o confrontarmos com os _gráficos_ das figuras n.^{os} 1 e 2), que os 15-16 anos constituem, como que o _eixo da evolução_ _somática_, por isso mesmo que assinalam uma _profunda modificação_ no _sistema_ ou no _ritmo_ dessa _evolução_. [Figura: Fig. 10] De facto, antes dessa _idade_ (coincidente com a _instalação da puberdade_), o que mais _aumenta_ no organismo são as _dimensões verticais_ (_alturas_), ao passo que, depois, o que sobretudo concorre para o _crescimento_ são as _dimensões horizontais_ (_larguras_, _espessuras_, _grossuras_). Fica, assim, mais uma vez demonstrado, pelos _factos_, que a _lei da alternância_ (como expressão da _lei das proporções_) é efectivamente o _grande princípio regulador_ de tôda a _energética do crescimento_[89]. 4.--Com os _elementos_ enumerados e sumàriamente descritos, nas páginas precedentes, podemos agora organizar os *cânones antropométricos da criança portuguesa*, _em tôdas as idades da sua evolução somática_: 1) _nascença_; 2) _infância_; 3) _puerícia_; 4) _adolescência_; 5) _puberdade_; e 6) _nubilidade_ ou _idade adulta_. As _percentagens_ dêstes _cânones_, assim como os seus _valores numéricos absolutos_ (expressos em centímetros) são sempre calculados sobre as _médias_ das respectivas _mensurações_. Na falta destas (infelizmente, freqùente), recorre-se a _valores_ de _tabelas estrangeiras_, organizadas com _elementos_ colhidos em _meios_, tanto quanto possível, assimiláveis ao nosso. 1) Cânon antropométrico da Idade adulta A Projecções verticais (_altura dos segmentos_)[90] ============================================================================= | Sexo masculino | Partes do corpo +-----------------------------+ | Percentagem | Valor métrico | | | absoluto[91] | ----------------------------------------------+-------------+---------------+ { 1) _Cabeça_[92] | 13,3% | 22^{cm},18 | { 2) _Pescoço_[93] | 4,2% | 7^{cm},10 | I. _Busto._ { 3) _Tórax_[94] { | | { 4) _Ventre_[95] { 35% | 58^{cm},38 | { 5) _Bacia_[96] { | | ----------------------------------------------+-------------+---------------+ { 1) Espádua { | | { 2) Braço { 19,5% | 32^{cm},53 | { _Superior_ { 3) Cotovêlo { | | { (torácico)[97] { | | | { { 4) Antebraço { 14% | 23^{cm},45 | { { 5) Punho { | | { { | | | { { 6) Mão { 11,5% | 19^{cm},19 | II. _Membros_ { | | | { { 1) Anca { | | { { 2) Côxa { 20% | 33^{cm},36 | { { 3) Joelho { | | { _Inferior_ { | | | { (abdominal)[98]{ 4) Perna { 23% | 38^{cm},36 | { 5) Tornozêlo { | | { | | | { 6) Pé { 4,5% | 7^{cm},61 | ============================================================================= ============================================================================= | Sexo feminino Partes do corpo +------------------------------ | Percentagem | Valor métrico | | absoluto ----------------------------------------------+-------------+---------------- { 1) _Cabeça_ { { { 2) _Pescoço_ { { I. _Busto._ { 3) _Tórax_ { 53,5% { 82^{cm},39 { 4) _Ventre_ { { { 5) _Bacia_ { { ----------------------------------------------+-------------+---------------- { 1) Espádua { { { 2) Braço { { { _Superior_ { 3) Cotovêlo { --- { 69^{cm} { (torácico) { 4) Antebraço { { { { 5) Punho { { { { 6) Mão { { II. _Membros_ { | | { { 1) Anca { { { { 2) Côxa { { { _Inferior_ { 3) Joelho { 46,5% { 71^{cm},61 { (abdominal) { 4) Perna { { { 5) Tornozêlo { { { 6) Pé { { ============================================================================= B Perímetros (_grossura_ dos _segmentos_) ========================================================= | Valores métricos absolutos Partes do corpo +----------------+----------------- | Sexo masculino | Sexo feminino ----------------------+----------------+----------------- | | I. _Cabeça_[99] | 56^{cm} | 53^{cm} II. _Tronco_[100] | 83^{cm} | 85^{cm} III. _Braço_[101] | 31^{cm} | -- IV. _Antebraço_[102] | 27^{cm} | -- V. _Côxa_[103] | 53^{cm},5 | -- VI. _Perna_[104] | 39^{cm} | -- | | ========================================================= C Diâmetros (_espessura_ e _largura_ dos _segmentos_) =========================================================================== | Valores métricos absolutos Partes do corpo +----------------+------------------ | Sexo masculino | Sexo feminino ---------------------------------------+----------------+------------------ | | I. _Cabeça_ { _ântero-posterior_[105] | 19^{cm},7 | 18^{cm},6 { _transverso_[106] | 15^{cm} | 14^{cm},7 | | II. _Tronco_ { _ântero-posterior_[107] | 20^{cm},4 | 18^{cm},5 { _transverso_[108] | 28^{cm},4 | 24^{cm},8 | | III. _Bacia_ { _ântero-posterior_[109] | 20^{cm},5 | 20^{cm} { _transverso_[110] | 26^{cm} | 27^{cm} | | =========================================================================== D Outras MEDIDAS: ======================================================================== | | |Sexo masculino | Sexo feminino ---------------------------------------+---------------+---------------- | | {_de todo o corpo_ | 66 quil. | 52 quil. _Densidade_ (pêso) {_do cérebro_ | 1 quil., 360 | 1 quil., 200 {_do cérebro, em | | relação ao corpo_ | 2% | ---------------------------------------+---------------+---------------- | | _Índice cefálico_ | 76,4 | 75,7 _Índices torácicos_ {1.^o | 139 | 133 {2.^o | 50 | 55 _Índice pélvico_[111] | 78 | 74 | | ======================================================================= A presente _síntese gráfica_ (_figura_ n.^o 11) representa o _corpo humano_, na _idade adulta_, segundo as _proporções_ do antropologista Topinard[112]; e as _figuras_ seguintes (n.^{os} 12, 13, 14 e 15) resumem (de conformidade com os _elementos_ considerados) as _proporções do corpo da criança portuguesa, nas diferentes idades da sua evolução_. São _expressões gráficas_ dos _cânones antropométricos_ (em parte, conjecturais) que elaboramos, sob _forma numérica_[113]. Resta agora, para complemento do nosso _estudo_, determinar as _características mentais e morais_ de cada uma daquelas _idades_, em ordem a fazer corresponder aos _cânones somáticos_ que as exprimem, os _cânones psíquicos_, por que se revelam. A _psicologia do homem português_ tem sido estudada, com fortuna vária, por nacionais e estrangeiros[114]. Nós, remetendo o leitor para as _obras_ especiais, apenas observaremos que o _adulto lusitano_ é (e sempre foi) o que se pode chamar um _tipo equilibrado_: inteligente, afável, laborioso, sóbrio; mas, ao mesmo tempo, pouco tenaz nas suas _iniciativas_, e um tanto supersticioso e fatalista. [Figura: CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA IDADE ADULTA Fig. 11] Para explicar a época de _Quatrocentos_, falou-se do _afêrro ao solo_ do _homem do Norte_, do mesmo modo que, para interpretar _Quinhentos_, se invocou o _urbanismo_, a versatilidade e o _espírito de aventura_ do _homem do Sul_[115]; a verdade, porêm, é que, nem mesmo em relação ao _Passado_, essa distinção pode subsistir, porquanto, não só o _Brasil_ é um produto do _Norte_, como até, na própria _emprêsa da Índia_, a participação dêste é insofismável. Sem a _superstição das origens_, embora com respeito absoluto pela _hereditariedade_, entendemos que é do _Presente_ que importa curar; e, desde então, ninguêm contestará que a qualidade primacial da _gens lusa_ é a _maleabilidade_, ou seja êsse admirável _poder ou capacidade de adaptação_, que torna os portugueses _cosmopolitas_, e os habilita a assimilar, com proveito e facilidade, os produtos da _civilização_. 2) Cânon antropométrico do Recêm-nascido (Durante o _primeiro mês_) A Projecções verticais (_altura dos segmentos_)[116] =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------+-------- +-----------+-------- Partes do corpo | | Valor | | Valor |Percentagem| métrico |Percentagem| métrico | |absoluto | |absoluto ------------------------------------+-----------+---------+-----------+-------- | | | | {_Cabeça_ | 23%[117] |11^{cm},5| -- | -- I. _Busto_ {_Pescôço_ } | | | {_Tronco_ } 43%[118] |21^{cm},5| -- | -- | | | | ------------------------------------+-----------+---------+-----------+-------- | | | | {_Superior_ | | | | { (torácico)[119] | 34% |17^{cm} | -- | -- II. _Membros_ { | | | | {_Inferior_ | | | | { (abdominal)[120] | 34% |17^{cm} | -- | -- | | | | =============================================================================== B Perímetros (_grossura_ dos _segmentos_) ================================================================== | Valores métricos absolutos Partes do corpo +---------------+--------------- | Sexo masculino| Sexo feminino ----------------------------------+---------------+--------------- | | I. _Cabeça_ (Perímetro craniano) | 32^{cm},56 | -- II. _Tronco_ (Perímetro torácico) | 33^{cm} | -- | | ================================================================== C Diâmetros (_espessura e largura dos segmentos_) ======================================================================= | Valores métricos absolutos Partes do corpo +-----------------+---------------- | Sexo masculino | Sexo feminino ------------------------------------+-----------------+---------------- | | { _ântero-posterior máximo_ | 11^{cm},35 | -- _Cabeça_{ | | { _transverso_ | 9^{cm},11 | -- | | ======================================================================= D Outras MEDIDAS: ============================================================================= | Sexo masculino | Sexo feminino +----------------+--------------- | | { _de todo o corpo_ | 3^{quil.},236 | 3^{quil.},103 { _do cérebro_ | 350^{gr}. | 290^{gr}. _Densidade_ (pêso){ _do cérebro em relação_ | | { _ao corpo_ | 11% | -- --------------------------------------------+----------------+--------------- _Índice cefálico_ | 80,2 | -- | | { 1.^o[121] | 100 | -- _Índices torácicos_{ | | { 2.^o[122] | 66 | -- | | ============================================================================= Conformação geral do recêm-nascido[123]: 1) _Cabeça volumosa._ (Na _cabeça_, o que mais avulta é o _crânio_; a _face_ é pouco desenvolvida); 2) _Tronco cilindrico._ (Os diâmetros do _tórax_ são iguais); 3) _Pernas curtas._ À _criança que vem de nascer_, chamou Virchow _um ser espinhal_; e com razão, porque, embora ela possua um _cérebro_, já bastante desenvolvido[124], todavia, em tôda a _dinâmica da sua vida_, não existe _acto_, que possa furtar-se ao mais completo e perfeito _automatismo_[125]. [Figura: CÂNON ANTROPOMÉTRICO DO RECÊM-NASCIDO Fig. 12] Se fôsse lícito falar de uma _psicologia_ do _recêm-nascido_, seria para lhe reduzir a _consciência embrionária_ à _cenestesia_ (sensações viscerais) e ao _instinto de nutrição_[126]. De facto, à _hora da nascença_, a _criança_ (como os _anencéfalos_) não passa dum _reactivo_ (sem _espontaneidade_) às excitações do _mundo externo_; e, por muito tempo ainda, ficará uma perfeita _máquina de absorpção_, destinada a servir, quási exclusivamente, as necessidades da _vida vegetativa_[127]. Não se torna, portanto, muito difícil descobrir a _fórmula psíquica do recêm-nascido_: «_une bouche qui vagit et qui absorbe_», como escreveu o director do _Instituto de psicologia zoológica_, de Paris[128]. 3) Cânon antropométrico da Infância (Pelos _três anos_) A Projecções verticais (_altura_ dos _segmentos_)[129] =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------+-------- +-----------+--------- Partes do corpo | | Valor | | Valor |Percentagem| métrico |Percentagem| métrico | |absoluto | |absoluto -----------------------------------+-----------+---------+-----------+--------- | | | | {_Cabeça_ | 20% |16^{cm},6| -- |16^{cm},6 I. _Busto_ {_Pescôço_ } | | | {_Tronco_ } 42% |34^{cm},8| -- |34^{cm} | | | | -----------------------------------+-----------+---------+-----------+--------- | | | | {_Superior_ | | | | { (torácico) | 37% |30^{cm},7| -- |29^{cm},9 II. _Membros_ { | | | | {_Inferior_ | | | | { (abdominal) | 38% |31^{cm},6| -- |30^{cm},8 | | | | =============================================================================== B Perímetros (_grossura_ dos _segmentos_) ================================================================== | Valores métricos absolutos Partes do corpo +---------------+--------------- | Sexo masculino| Sexo feminino ----------------------------------+---------------+--------------- | | I. _Cabeça_ (Perímetro craniano) | 48^{cm} | -- II. _Tronco_ (Perímetro torácico) | 50^{cm} | -- | | ================================================================== C Diâmetros (_espessura_ e _largura_ dos _segmentos_) ======================================================================= | Valores métricos absolutos Partes do corpo +-----------------+---------------- | Sexo masculino | Sexo feminino ------------------------------------+-----------------+---------------- | | { _ântero-posterior máximo_ | 16^{cm},7 | -- _Cabeça_{ | | { _transverso_ | 13^{cm},4 | -- | | ======================================================================= D Outras MEDIDAS: =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------------+---------------- | | { _de todo o corpo_ | 11^{quil.},700 | 11^{quil.},250 { _do cérebro_ | 800^{gr}. | 780^{gr}. _Densidade_ (pêso){ _do cérebro em relação_ | | { _ao corpo_ | 7% | -- --------------------------------------------+-----------------+---------------- _Índice cefálico_ | 80 | -- | | { 1.^o | -- | -- _Índices torácicos_{ | | { 2.^o | 60 | -- | | ============================================================================== J. J. Rousseau expôs, no seu _Emílio_, tôdas as _ideas essenciais_ à boa organização dum _cânon psíquico da infância_. Diz êle: «Les premières sensations des enfants sont purement affectives; ils n'aperçoivent que le plaisir et la douleur. Ne pouvant ni marcher ni saisir, ils ont besoin de beaucoup de temps pour se former, peu à peu, les sensations représentatives qui leur montrent les objets hors d'eux-mêmes; mais en attendant que ces objets s'étendent, s'éloignent pour ainsi dire de leurs yeux, et prennent pour eux des dimensions et des figures, le retour des sensations affectives commence à les soumettre à l'empire de l'habitude; on voit leurs yeux se tourner sans cesse vers la lumière...»[130]. [Figura: CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA INFÂNCIA Fig. 13] A _idade infantil_ (até aos três anos) será tôda preenchida pela _aquisição de hábitos_, que tornem possível e rápida a _faculdade de adaptação_. O _infante_ não é já sòmente _uma bôca que absorve_; mas tambêm uma _actividade que se exerce_, no sentido de promover e assegurar o seu _equilíbrio com o meio_. São _molas reais_ da _dinâmica infantil_ o _prazer_ e a _dôr_; e a êstes _estimulantes_ da _evolução orgânica_, se deve quási tôda a _fórmula psíquica da infância_, que é análoga à do _animal superior_[131]. Não será, pois, de admirar que as _aquisições mentais_ das crianças desta _idade_ se subordinem _à lei da recorrência_, que é o grande _princípio regulador_ de tôda a _vida representativa_[132]. Em resumo, a _psicologia da infância_, longe de confinar-se no _mecanismo dos instintos_, ultrapassa a própria _esfera da afectividade_, e compreende já as manifestações complexas da _percepção_ e da _associação_[133]. 4) Cânon antropométrico da Puerícia (Pelos _sete anos_) A Projecções verticais (_altura_ dos _segmentos_)[134] =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------+-------- +-----------+--------- Partes do corpo | | Valor | | Valor |Percentagem| métrico |Percentagem| métrico | |absoluto | |absoluto -----------------------------------+-----------+---------+-----------+--------- | | | | {_Cabeça_ | 16% |18^{cm},3| -- |16^{cm},9 I. _Busto_ {_Pescôço_ } | | | {_Tronco_ } 40% |45^{cm},8| -- |42^{cm},4 | | | | -----------------------------------+-----------+---------+-----------+--------- | | | | {_Superior_ | | | | { (torácico) | 42% |48^{cm} | -- |44^{cm},5 II. _Membros_ { | | | | {_Inferior_ | | | | { (abdominal) | 44% |50^{cm},4| -- |46^{cm},7 | | | | =============================================================================== B Perímetros (_grossura_ dos _segmentos_) ================================================================== | Valores métricos absolutos Partes do corpo +---------------+--------------- | Sexo masculino| Sexo feminino ----------------------------------+---------------+--------------- | | I. _Cabeça_ (Perímetro craniano) | 50^{cm},8 | -- II. _Tronco_ (Perímetro torácico) | 50^{cm},3 | -- | | ================================================================== C Diâmetros (_espessura_ e _largura_ dos _segmentos_) ======================================================================= | Valores métricos absolutos Partes do corpo +-----------------+---------------- | Sexo masculino | Sexo feminino ------------------------------------+-----------------+---------------- | | { _ântero-posterior máximo_ | 17^{cm},6 | -- _Cabeça_{ | | { _transverso_ | 14^{cm} | -- | | { _ântero-posterior_ | 14^{cm},4 | -- _Tronco_{ | | { _transverso_ | 20^{cm} | -- | | ======================================================================= D Outras medidas: =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------------+---------------- | | { _de todo o corpo_ | 18^{quil.},900 | 16^{quil.},450 { _do cérebro_ | 1^{quil.},100 | 950^{gr}. _Densidade_ (pêso){ _do cérebro em relação_ | | { _ao corpo_ | 5% | -- --------------------------------------------+-----------------+---------------- _Índice cefálico_ | 79 | -- | | { 1.^o | 138 | -- _Índices torácicos_{ | | { 2.^o | 51 | -- | | ============================================================================== Na _progressiva diferenciação funcional da criança_, a _puerícia_ ocupa um lugar proeminente, porque é nesta _idade_ que a _espontaneidade mental_, servida pela _experiência_, abre novos horizontes à _vida representativa_; e gera a _idea do eu_, que vai ser a _base da personalidade_[135]. O psicólogo Baldwin caracterizou a _puerícia_, chamando-lhe: «_período de percepção dos objectos_, e de correspondentes _reacções_, por _sugestão_ e _imitação_»[136]. [Figura: CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA PUERÍCIA Fig.14] Efectivamente, o que mais domina, nesta época, são os _interêsses perceptivos e glóssicos_[137]; alêm de que, o desenvolvimento da _atenção espontânea_ e o início da _atenção voluntária_ (condições essenciais do _raciocínio_) tambêm são suas características. Sintéticamente, a _puerícia_ representa, na _vida evolutiva_ da criança, a _idade média_, ou o _período de transição_ (ainda não influenciado pela _lei dos sexos_) entre a _impulsividade dos instintos_, temperada já por uma certa _autonomia da consciência_, e a _idade crítica do crescimento_, que será aquela, em que se operar a transformação definitiva do _corpo da criança_ no _organismo do adulto_. 5) Cânon antropométrico da Puberdade (Pelos _quinze anos_) A Projecções verticais (_altura_ dos _segmentos_)[138] =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------+-------- +-----------+--------- Partes do corpo | | Valor | | Valor |Percentagem| métrico |Percentagem| métrico | |absoluto | |absoluto -----------------------------------+-----------+---------+-----------+--------- | | | | {_Cabeça_ | 14% |21^{cm},6| -- |21^{cm},2 I. _Busto_ {_Pescôço_ } | | | {_Tronco_ } 39% |60^{cm},4| -- |59^{cm},3 | | | | -----------------------------------+-----------+---------+-----------+--------- | | | | {_Superior_ | | | | { (torácico) | 44% |69^{cm},7| -- |68^{cm},4 II. _Membros_ { | | | | {_Inferior_ | | | | { (abdominal) | 47% |72^{cm},8| -- |71^{cm},5 | | | | =============================================================================== B Perímetros (_grossura_ dos _segmentos_) ================================================================== | Valores métricos absolutos Partes do corpo +---------------+--------------- | Sexo masculino| Sexo feminino ----------------------------------+---------------+--------------- | | I. _Cabeça_ | 54^{cm} | 51^{cm} II. _Tronco_ | 72^{cm},6 | 71^{cm},5 III. _Braço_ | 24^{cm},3 | -- IV. _Antebraço_ | 20^{cm} | -- V. _Côxa_ | 44^{cm} | -- VI. _Perna_ | 29^{cm} | -- | | ================================================================== C Diâmetros (_espessura_ e _largura_ dos _segmentos_) ======================================================================= | Valores métricos absolutos Partes do corpo +-----------------+---------------- | Sexo masculino | Sexo feminino ------------------------------------+-----------------+---------------- | | { _ântero-posterior_ | 18^{cm},6 | -- I. _Cabeça_ { | | { _transverso_ | 14^{cm},8 | -- | | { _ântero-posterior_ | 19^{cm},1 | -- II. _Tronco_{ | | { _transverso_ | 26^{cm} | -- | | { _ântero-posterior_ | 16^{cm},5 | -- III. _Bacia_{ | | { _transverso_ | 22^{cm} | -- | | ======================================================================= D Outras medidas: =============================================================================== | Sexo masculino | Sexo feminino +-----------------+---------------- | | { _de todo o corpo_ | 46^{quil.},300 | 49^{quil.},435 { _do cérebro_ | 1^{quil.},300 | 1000^{gr}. _Densidade_ (pêso){ _do cérebro, em_ | | { _relação ao corpo_ | 3% | -- --------------------------------------------+-----------------+---------------- _Índice cefálico_ | 79 | -- | | { 1.^o | 136 | -- _Índices torácicos_{ | | { 2.^o | 46 | -- | | _Índice pélvico_ | 75 | -- | | ============================================================================== A _adolescência_ constitue uma época de _instabilidade orgânica_, que prepara a _criança_ para os _desequilíbrios da puberdade_. «Nenhum período da vida, escreve Mendousse, é mais fecundo em surprêsas de todo o género, porque, ao lado das _faculdades novas_ que começam a desenhar-se, persistem os _hábitos antigos_, que não querem desaparecer»[139]. Daqui, um _conflito de energias_, que lança o _adolescente_ em _perplexidades_, cuja eficiência, por vezes, lhe pode ser funesta. [Figura: CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA PUBERDADE Fig. 15] Stanley Hall redigiu o _catálogo_ dos _contrastes_ e das _flutuações mentais e morais da adolescência_, pelo qual se vê que, de facto, a _criança_ desta _idade_ possue uma _vida inadaptada_, que é a fonte dos seus _êrros_ e da maior parte dos seus _sofrimentos_[140]. Quando a _puberdade_ se aproxima, então, a _anarquia_ e o _choque_ das _tendências_, ainda é maior. A _criança_, solicitada por _fôrças estranhas_, cujos efeitos desconhece, sofre dum _desequilíbrio_, que lhe não permite adaptar-se, desde logo, às _condições do meio_; e passarão alguns anos, antes que se organizem, em direcções definidas, os _novos hábitos mentais_, que as _novas circunstâncias_ exigem. A _puberdade_ é o _centro do crescimento_; a _idade crítica_, por excelência; aquela, em que se decide a _sorte_, todo o _futuro_ da _criança_[141]. Época das _grandes transformações do organismo_; e, sob a influência da _diferenciação, estádio decisivo da constituição específica de cada sexo_, a _puberdade_ marca, na marcha da _evolução_, o momento preciso, em que a _Natureza_ entra de preparar o _ser humano_ para o _exercício da função_, de que depende a _perpetuidade da espécie_. Esta é a sua _característica fundamental e diferencial_, o _eixo_ sôbre que gira toda a _complexa e contraditória psicologia do adolescente_. CAPÍTULO V Processo bio-químico do «crescimento»: osteogénese 1.--Como fenómeno do _metabolismo funcional_, o «crescimento» é uma resultante da _síntese assimiladora do organismo_, operada sob a influência das _leis físico-químicas_, que a regulam[141]. Essa _síntese_, porêm, não se realiza, da mesma maneira e nas mesmas condições, em relação a todos os _tecidos do organismo_; antes cada _elemento somático_ cresce, a seu modo, consoante a _estrutura_ que possue e a _função_ a que se destina. Ora, sendo provável que à _acção osteogénica_ se subordine o _crescimento_ de todos os _tecidos_ do organismo, tanto em _macroplastia_ (crescimento vertical), como em _euriplastia_ (crescimento horizontal), é do _crescimento ósseo_ que nos devemos ocupar. 2.--Principiando pelo _crânio_, todos sabem que a sua _morfologia_ se modifica constantemente, desde a _vida embrionária_, até à _velhice_. No início da _gestação_, o _crânio_ é _cartilaginoso_ e _membranoso_; depois, no _estado fetal_, adquire grande número de _pontos de ossificação_, de textura diversa, que se vão mutuamente soldando, de modo que, à _nascença_, o seu número é já muito limitado. Não é, pois, de admirar que a _abóbada craniana_ do _recêm-nascido_ e a do _infante_ se componham, desde logo, de _ossos_, ligados uns aos outros, por _suturas_ e _fontanelas_[143], cujas principais, em _norma superior_, são a _obélica_ e a _brègmática_ (vulgo, a _moleirinha_, que fecha completamente, pelos quinze meses); e, em _norma lateral_, a _astésica_[144]. A ossificação, porêm, dêsses _espaços membranosos_, faz-se com tamanha rapidez que, pelos meados da _infância_, não existem já senão _suturas_, as quais, por sua vez, tambêm vão desaparecendo, pela vida adiante, e de tal sorte que, na _extrema velhice_, o crânio reduz-se a uma _massa óssea_, quási tam contínua e homogénea, como o era o _crânio membranoso do embrião_[145]. 3.--Onde, todavia, se revela melhor o _mecanismo_ do «crescimento», é na evolução da _coluna vertebral_ (a princípio, tôda ela cartilaginosa) e, sobretudo, no crescimento dos _ossos longos do organismo_. Na extremidade de cada _diáfise óssea_ existe uma espécie de apêndice, chamado _epífise_, que se liga àquela, por uma cartilagem, de natureza particular, que os antropólogos designam pelo nome de _cartilagem de conjugação_. Emquanto dura o _período de «crescimento»_ (entre os vinte e os vinte e cinco anos), as _epífises_, normalmente, permanecem separadas da _massa óssea_ que lhes corresponde (diáfises), pela respectiva _faixa cartilaginosa_, cuja estrutura é sede de uma _transformação histo-quimica_[146]; mas, quando aquele período se encerra, em obediência à _lei da hereditariedade_, é porque as _epífises_ se soldaram às _diáfises_, ou a _ossificação_ invadiu, em tôda a sua espessura, as _cartilagens de conjugação_. [Figura: Fig. 16] As duas _figuras_ que, a seguir, publicamos, extraídas da Obra de Launois, já citada, são _radiografias_ da mão e do joelho dum indivíduo de _estatura gigantesca_, que, pelos trinta anos, continuava a _crescer_. Nessas _radiografias_, se observa nìtidamente a _persistência_ daquelas _cartilagens_, a separar, por exemplo, as _diáfises do cúbito e do rádio_ (figura, n.^o 16) e as _diáfises do fémur, da tíbia e do peróneo_ (figura, n.^o 17) das _epífises_, que lhes pertencem. [Figura: Fig. 17] Segundo Topinard, são reùnidas ao _corpo do respectivo ôsso_, pelos quinze anos, as _extremidades superiores_ do _rádio_ e do _cúbito_ (epífeses); pelos dezassete, _as_ dos _dedos_; pelos dezoito, _as_ do _fémur_, e as _inferiores_ da _tíbia_ e do _peróneo_; pelos dezanove, _as_ dos _metatársios_, e _a superior_ do _humerus_; finalmente, pelos vinte, _as_ dos _mètacárpios_, e as das _extremidades inferiores_ do _fémur_, do _rádio_, do _peróneo_ e do _cúbito_[147]. CAPÍTULO VI Fórmulas antropométricas do «crescimento» normal, nas idades de evolução. Anomalias do «crescimento»; sua determinação, pelo processo antropométrico. 1.--Como se depreende dos _quadros_ expostos no capítulo IV, cada _idade de evolução_ possue suas _características antropométricas essenciais_. Estas _características_ derivam, não sòmente das assinaladas _dimensões verticais e horizontais_ e doutros _elementos_ do _sólido humano_, em cada uma daquelas _idades_, como tambêm e principalmente das _formas_ e _cubagens_ dos respectivos _órgãos_. Ora, tanto as _formas_ (que resultam do _desenvolvimento relativo_ das diversas partes dum _órgão_), como as _cubagens_ (que atestam o seu _volume específico_), podem exprimir-se, por meio de _fórmulas_ (a que chamam _índices_), que denunciam sintéticamente as _relações ariméticas_ de determinadas _dimensões_ com outras, que se tomam por _unidades_[148]. Os _índices_ que, em ordem ao fim que nos propômos, mais importa considerar, são: 1) o _índice cefálico_ (_D. T. C._ x _100_ / _D. A. P. C._); 2) os _índices torácicos_ ([_D. T. T._ x _100_ / _D. A. P. T._] e [_P. T._ x _100_ / _A._]); 3) o _índice do tronco_ (_B._ x _100_ / _A._); 4) o _índice muscular_ (_Ab. M._ / _P._); e, finalmente, 5) o _índice cérebro-visceral_ (_C._ / _V._). O _índice cefálico_ (expressão da relação centesimal do _diâmetro ântero-posterior máximo do crânio_ com o seu _diâmetro transverso máximo_) é, em Portugal, segundo as _notações_ registadas, de 80, desde a _recêm-nascença_ até à _infância_; e de 76-79, desde a _puerícia_, até à _puberdade_. No _adulto_, êste _índice_, desprezando fracções, fixa-se em 76[149]. O _primeiro índice torácico_ (expressão da relação centesimal do _diâmetro ântero-posterior máximo do tórax_ (espessura do peito) com o seu _diâmetro transverso máximo_ (largura do peito), é de 100, na _recém-nascença_; de 138, na _puerícia_; de 136, na _puberdade_; e de 139, na _idade adulta_[150]. O _segundo índice torácico_ (expressão da relação do _perímetro torácico_ multiplicado por cem, com a _altura do corpo_) decresce gradualmente, com a idade (66, na _recêm-nascença_; 60, na _infância_; 51, na _puerícia_), até à _puberdade_, em que baixa a 46. O _índice do adulto_ (s. m.) 50, (s. fem.) 55. O _índice do tronco_ (fórmula da relação centesimal que existe entre as dimensões verticais do _busto_ e as da _estatura_) tem servido de _critério_ para agrupar as _crianças_ em três categorias, consoante são _braquísquelas_ (pernas curtas), _macrósquelas_ (pernas longas) ou _mesatísquelas_ (pernas médias). A _braquisquelia normal_ é a _forma antropométrica_, peculiar da _recêm-nascença_, da _infância_ e ainda da _puerícia_. O número médio, que exprime o respectivo _quociente_, oscila, segundo os nossos cálculos, entre 55 e 80. A _macrosquelia_ manifesta-se, na _adolescência_ e, sobretudo, no _período peri-pubertário_. O _índice_ que lhe corresponde varia de 50 a 55. Finalmente, a _mesatisquelia_ (característica da _idade adulta_), em circunstâncias normais, por isso mesmo que exprime a _forma definitiva_ do _sólido humano_, só se esboça, a partir da _puberdade_. O _quociente_ respectivo é 52[151]. Resta o _índice muscular_ (relação do _perímetro máximo do antebraço_ com o _pulso_) para cuja avaliação carecemos de elementos suficientes; e o _índice cúbico crânio-visceral_ (_C/V_), do qual _C_ representa o _volume aproximado do cérebro_, determinado pelo cálculo da _capacidade craniana_ (dupla multiplicação dos _diâmetros ântero-posterior máximo_, _transverso máximo_, _e vertical_); e _V_, a _capacidade do tronco_, onde se acham encerradas as _vísceras_ (tambêm dupla multiplicação dos _diâmetros ântero-posterior máximo_, e _transverso máximo do tórax_, e _vertical do tronco_). Êste _índice_ (_C/V_) que exprime, portanto, a _relação proporcional_ que existe entre o _encéfalo_ (centro da _vida mental_) e as _vísceras_ (centro da _vida vegetativa_), varia enormemente, desde o _nascimento_ até à _idade adulta_, numa _ordem decrescente_, que desce de 74 a 20. 2.--Como, noutro lugar dissemos, o «crescimento», cujas _fórmulas antropométricas_ acabamos de sumariar, pode ser _retardado_ ou _acelerado_, por virtude de múltiplices _influências_, sem que, por êsse facto, deixe de considerar-se como _normal_. Se, porêm, o _limite das oscilações do «crescimento»_ fôr ultrapassado, então, sem dúvida que se tratará de _«crescimento anormal_», ou de _anomalias do «crescimento»_. Estas _anomalias_, consoante as circunstâncias, poderão revestir diferentes _formas_; mas as principais são redutíveis a três: 1) _suspensões_; 2) _desvios_; 3) _desequilíbrios do «crescimento»_. As _suspensões do «crescimento»_ dão origem ao _nanismo_, ao _raquitismo_, ao _infantilismo_, etc.[152]. Os _desvios_ e os _desequilíbrios_ podem gerar o _virilismo_, o _feminismo_, o _gigantismo_, a _acromegalia_, o _senilismo_; e, alêm doutras anomalias, o simples _retardamento_ ou _atraso físico_[153]. Tôdas estas _doenças_, por via de regra, derivam de _estados orgânicos_, a que os médicos chamam _distrofias_ (do grego [Grego: Dustrophos]); havendo-as do _pâncreas_, das _cápsulas supra-renais_, do _fígado_, das _glândulas genitais_, do _timus_, e, sobretudo, do _corpo tiroide_, glândula de secreção interna, situada na parte externa do _canal laringo-traqueal_[154]. A _insuficiência tiroidiana_ (hipotiroidia), é a principal causa do maior número das _anomalias do «crescimento»_. Porquê? Laumonier responde: porque essas _anomalias_ andam sempre ligadas (como o _efeito_ à sua _causa_) à carência das _substâncias_ (que o _corpo tiroide_, normalmente, segrega) capazes de neutralizar a acção dos _venenos_ produzidos pelo próprio _organismo_, e de tornar os _elementos nervosos_ refractários a êsses venenos[155]. O _mixòedêma_, por exemplo, em tôdas as suas formas, deriva de perturbações orgânicas, que teem a sua origem na _atrofia_ ou no desaparecimento do _corpo tiroide_; mas o _gigantismo_, a que já nos referimos, resulta precisamente dum vício oposto, a que se poderá chamar _hipertiroidia_, e que consiste em conservar, aos _ossos_, por uma superabundância de _secreção específica_, alêm de todo o limite, o _poder osteogénio_, ou a _capacidade de crescer_[156]. Como nota final dêste capítulo, cumpre estabelecer que se torna necessário não confundir as _anomalias do crescimento físico_ com as _perturbações do desenvolvimento mental_ (idiotia, imbecilidade, psicastenias, etc.), cujas _causas_ se devem procurar, antes, em _lesões do sistema nervoso_, determinadamente do _cérebro_, do que em _afecções somáticas_; e que é no confronto das _proporções normais do corpo_, nas _idades de evolução_, com as do _organismo que se pretende avaliar_, que consiste o _processo antropométrico_ da determinação das _anomalias físicas_. CAPÍTULO VII Doenças das crianças, nas idades de evolução. A mortalidade infantil, em Portugal. Crescimento desequilibrado; suas conseqùências. 1.--Há certas _doenças_ que parecem _específicas_ das crianças, como a _coqueluche_, por exemplo, as _infecções obstétricas_, etc.; e outras que, conquanto extensíveis ao _adulto_, todavia, atacam, de preferência, as crianças, como a _difteria_ (determinadamente, o _garrotilho_), por exemplo, a _escarlatina_, o _trasorelho_, o _sarampo_, etc.[157]. São conhecidos vários ensaios de classificação, por _idades_, _das doenças infecciosas das crianças_; tendo-se procurado tambêm, entre nós, organizar, em bases sérias, a _estatística nosológica infantil_[158]. Em face das últimas _publicações do Instituto central de higiene_[159], verifica-se que, em Portugal, as _doenças_ mais freqùentes da _recêm-nascença_ e da _infância_ são aquelas que derivam da _debilidade congénita_, dos _vícios de conformação_, e das _infecções do tubo digestivo_ (gastro-enterite); as da _puerícia_ afectam, com singular pertinácia, o _aparelho respiratório_; e as da _adolescência_ e _puberdade_, incidem, determinadamente, sobre os _pulmões_ e sobre o _sistema nervoso_[160]. 2.--Em relação à _mortalidade infantil portuguesa_, reputamos suficientemente averiguado o cálculo que a eleva à enorme cifra de _duzentos, por mil, com menos de dois anos de idade_, isto é, a um quinto dos _nados-vivos_ e _sobreviventes_, até àquele limite[161]. O seguinte _gráfico_ (figura n.^o 18) exprime resultado análogo, pelo que respeita à cidade de Coímbra[162]. Só, em Lisboa, Pôrto e Coímbra, morrem, em média, por ano, mais de _oito mil crianças_, dambos os sexos; e, em todo o país, de tôdas as idades, até aos vinte anos, nada menos do que, em média, um total, verdadeiramente apavorante, de _cinqùenta e cinco mil_, ou seja a _metade da mortalidade geral da população_! 3.--Nenhuma, porêm, destas _afecções_ pode ser considerada como _doença propriamente do «crescimento»_, isto é, como _processo mórbido_, que tenha origem exclusiva nos fenómenos da _evolução somática_. Êsses procedem sempre dum _crescimento desigual ou desencontrado dos tecidos do organismo_. Sem dúvida que se não trata da _desigualdade_, que resulta da _lei fisiológica da alternância_; mas de _perturbações_ ou _acidentes do crescimento_, que possam afectar o equilíbrio funcional do _sólido humano_, ou alterar-lhe a _constituição anatómica_. Estes _acidentes_ (cuja natureza é irredutível às _anomalias_, _de paralelismo do crescimento_) manifestam-se, de preferência, durante a _fase peri-pubertária_. _Percentagens da mortalidade das crianças da primeira infância, na cidade de Coimbra_ [Figura: Fig. 18 ....... m. 0-1 } } Em relação ao total obituário .--.--. m. 0-2 } ------- m. 0-1 Em relação ao número de nascimentos] Por essa ocasião, as crianças sofrem, muitas vezes, de dôres nos _ossos_, nas _articulações_, nos _músculos_; teem _cefalalgias_, freqùentes; padecem de _cloro-anemia_, de _neurastenia_, de _perturbações cardiacas_; experimentam _mutações bruscas de temperamento e de carácter_; sentem _impulsividades mórbidas_; etc., etc.[163]. Ora, tôda esta _sintomatologia_ constitui aquilo a que chamaremos o _sindroma do crescimento desigual_, cujas _causas profundas_ se devem procurar, concretamente, em _factos_, de natureza análoga à dos dois que vamos indicar: 1) a coincidência da _suspensão ou abrandamento_ (aliás, normal) _do crescimento cutâneo_, por ocasião da _puberdade_, com o _aumento, alêm de tôda a medida, dos ossos longos_, por virtude dalguma _infecção do organismo_[164], ou de qualquer outra _causa_, _de ordem bio-química_; 2) o _crescimento desencontrado do eixo cinzento_ (medula) e do _canal ósseo que lhe serve de baínha_ (coluna vertebral)[165]. CAPÍTULO VIII Higiene do «crescimento»; exercícios físicos: jogos e gimnástica 1.--É evidente que para _crescer bem_, não basta _deixar agir a natureza_ (embora _isso_ seja essencial); mas tambêm é necessário _auxiliar o crescimento_, isto é, _colocar o organismo em condições que sejam favoráveis à sua evolução normal, e impedir ou contrariar a acção dos factores, que possam ser prejudiciais a essa evolução_. Entre as _práticas_ que a _higiene_ aconselha, em ordem ao _objectivo_ designado, ocupam primacial lugar os _jogos infantis_, e a _gimnástica_. Os _jogos são agentes naturais e instintivos do crescimento físíco e do desenvolvimento mental_, sendo por virtude da sua eficiência que a _hipertrofia do organismo_ se realiza com maior persistência e eficácia[166]. Sem querermos arriscar um _conceito definitivo_ acêrca da _natureza intrínseca da actividade lúdica_, diremos, entretanto, que nos parece ser o _jôgo_ um _efeito natural das leis biológicas_, a que todos os organismos se submetem, nas suas relações com o _meio_, em que carecem de subsistir. O _jôgo_ é uma _forma de adaptação_, um _prè-exercício_ (como lhe chamou Karl Groos), um _ensaio_ ou uma _preparação para a vida_[167]. Os _instintos herdados, com a organização e a ela inerentes_ (instintos fundamentais) e, principalmente, os _instintos derivados dêstes_ (instintos adquiridos) não aproveitariam tam perfeitamente à _vida dos organismos_, como lhes aproveitam, pela eficiência dos _jogos_, que não se destinam, senão a _desenvolver_, _radicar_ e _robustecer_ essas _energias latentes_, de cuja _acção_ depende aquela _vida_[168]. Mas, alêm desta _função primordial_ (tornar apto o _ser_ para o _fim_, a que o destinam as _leis da vida_), servem ainda os _jogos_: 1) para _desenvolver actividades novamente adquiridas_; 2) para _estimular o «crescimento»_; 3) para _reduzir e canalizar tendências nocivas_; 4) para _criar e manter hábitos sociais_; 5), finalmente, para _corrigir a fadiga e regenerar as energias_, _gastas pelo trabalho orgânico_. Os _jogos_ são muitos, e variam, de país para país e, dentro de cada nação, de província para província e até de localidade para localidade, consoante o _género de vida_, as _tendências_, as _aptidões_, os _usos e costumes_, e as _necessidades físicas_, _morais e sociais_ das respectivas populações. Tem-se procurado _classificar_ os _jogos_; mas, em virtude da multiplicidade dos _critérios_ adoptados, falta _unidade de vistas_, e não há acôrdo nas _classificações_[169]. Entre nós, tambêm o problema não tem sido descurado, embora os _trabalhos_ empreendidos sejam raros e incompletos[170]. Nós, reconhecendo que, _sob o aspecto pedagógico_, os _jogos_ constituem outros tantos meios, admiravelmente eficazes, de _auxiliar o «crescimento»_; _desenvolver a inteligência_; _aguçar a sensibilidade_; _robustecer e disciplinar a vontade_; e _formar o carácter_, agrupamos os _jogos_, nas seguintes categorias: 1) _jogos motores_ (ou _somáticos_, porque desenvolvem o _organismo_); 2) _jogos sensoriais_ (porque _educam os sentidos_ e _promovem a destreza e precisão dos movimentos_); 3) _jogos experimentais_ (porque _aperfeiçoam a inteligência_, e _satisfazem o instinto de curiosidade das crianças_); 4) _jogos afectivos_ (ou _emocionais_, porque _fomentam a cultura da sensibilidade_); 5) _jogos inibitórios_ (porque _despertam a atenção_ e _educam a vontade_); e, finalmente, 6) _jogos estéticos_ (ou _artísticos_, porque _estimulam os sentimentos desinteressados da criança_). O seguinte _esquema_ resumirá o nosso _ensaio de classificação_ (segundo o _critério_ adoptado) dos _jogos portugueses_, mais conhecidos e praticados, em todo o país. 2.--Do mesmo modo que os _jogos_, também a _gimnástica_ interessa ao _«crescimento»_; não, porêm, a _gimnástica pedagógica_ (útil apenas à _formação do carácter_), e muito menos a _gimnástica atlética_, que _perturba_ e _pode comprometer_ até a _marcha_ e o _equilíbrio do «crescimento»_[171]; mas a _gimnástica higiénica_, e desta, a _gimnástica respiratória_, cuja prática é de manifesta vantagem à _saúde do corpo_ e à _dinâmica da sua evolução_[172]. { marcha; carreira; salto; dança; { _gerais_ { luta; natação; patinagem; { { escorregamento; etc. { _motores_ { { { { escondidas; caminhos; barra; { { _especiais_ { eixo; péla; arco; baloiço; papagaio; { { rodas e rondas infantis; { { guerras; jôgo dos patos; etc. { { { tiro ao alvo; malha ou fito; { { _gerais_ { jogos de equilíbrio; { { { etc. { _sensoriais_ { { { { homem; semana; botão; ferrinho; { { _especiais_ { pião; cabra-cega; forquilha; { { funda; inco, bilharda; das { { cinco pedrinhas; o recorte; etc. { { { damas; gamão; dominó; { { _gerais_ { xadrez; todos os actos de { { { _curiosidade_; etc. { _experimentais_ { { { { paciências; adivinhas; { { _especiais_ { anel; disparates; { { colecções; etc. _Jogos_ { { { { jogos de imitação, { { _gerais_ { e de imaginação; { { { jogos de fantasia; etc. { _afectivos_ { { { { a boneca; todos os actos { { _especiais_ { de auto-ilusão { { consciente; etc. { { { todos os actos de domínio sôbre { { _gerais_ { si próprio; auto-imposições e { { { auto-repressões: etc. { _inibitórios_ { { { { fazer de estátua; { { _especiais_ { atitudes de imobilidade, { { diante do espelho; etc. { { construções em terra, areia, neve, { { _gerais_ { etc.; modelagem; pintura, e desenho { { { de objectos; jogos dramáticos; etc. { _estéticos_ { { { combinações de côres; { _especiais_ { repassagem de desenhos { coloridos; etc. São os seguintes os efeitos da _respiração profunda_, que a _gimnástica respiratória_ promove e assegura: 1) activa as _trocas gasosas_, combinando uma maior quantidade de _oxigénio_ com a _hemoglobina do sangue_; 2) descongestiona os _órgãos internos_, sobretudo, o _cérebro_; 3) regulariza as _funções digestivas_; 4) desenvolve a _musculatura do tórax e do abdómen_; 5) permite o arejamento das _partes do pulmão, em que o ar não penetra, senão com dificuldade_; finalmente, 6) auxiliando a _assimilação_ e a _desassimilação_, facilita a _atenção_, roboriza a _vontade_, assegura a _disciplina_[173]. CAPÍTULO IX Evolução geral da mentalidade; fases desta evolução; e leis que a regulam. Os factores bio-psíquicos do «crescimento» 1.--A _vida mental da criança_ (psiquismo infantil) não pode isolar-se, em nenhuma das _fases_ do seu progressivo desenvolvimento, da _evolução do sistema nervoso_, cuja trajectória segue, desde o _útero_. É absolutamente incontestável que, _sem cérebro, não há consciência_[174], e que a _consciência_ se afirma sempre, na razão directa da _complexidade e da plasticidade do cérebro_[175]. Certamente que não ousamos atribuir a _causalidade_ da consciência à pura _organização_, como fazem os _materialistas_; mas apenas reconhecemos o _facto averiguado_ da _perfeita correlação_ e da _coexistência necessária_ da _actividade psíquica_ com a _energia cerebral_[176]. Nos _animais vizinhos dos vegetais_ (infusórios, pólipos, espongiários, etc.), do mesmo modo que (segundo parece) tambêm nos _vermes_, não existe ainda a _consciência_, mas tam sòmente _irritabilidade_ e, quando muito, _sensibilidade diferencial_[177]; à medida, porêm, que se organiza o _sistema nervoso_, as _excitações_ (causas físico-químicas das _reacções_) vão-se convertendo em _impressões_, e estas em _sensações_ que, pela sua _diferenciação_, acabam por gerar a _consciência_, e, depois, a _auto-consciência_, ou a _capacidade de conhecer os próprios estados e respectivas modificações_[178]. Só a partir dos _vertebrados_, é que, por intermédio do _cérebro_, se torna possível a _vida consciente_ e, com ela, a _atenção_, a _memória_, a _imitação_, a _associação_; numa palavra, as chamadas _operações intelectuais_[179]. 2.--Conquanto, porêm, na _criança que vem de nascer_, exista já um _cérebro completo_, dum modo geral, _em tôdas as suas partes essenciais_, contudo, tanto a _estrutura_, dessas _partes_, como a _aptidão_ para o _seu funcionamento_ é que distam ainda muito daquele _grau de perfeição_, que se torna indispensável para a _integralidade da vida mental_[180]. Estudos recentes, empreendidos por investigadores eméritos[181], permitem estabelecer que, no _encéfalo do recêm-nascido_, a _substância cinzenta do cérebro_ é constituída por _células_ ainda imperfeitas; e que carecem de consistência e de fixidez as _fibras nervosas_ que ligam os _hemisférios_ aos _gânglios da base do cérebro_, às _camadas ópticas_, e aos _corpos estriados_, dum modo geral, aos _centros sub-corticais_[182]. Alêm disso, sabe-se hoje que, sòmente a partir do primeiro mês de _vida extra-uterina_, é que se acentuam e desenvolvem as _circunvoluções_, cuja _estrutura_ se vai complicando, à medida que a _superfície do cérebro_ aumenta de _extensão_ e de _volume_[183]; e, finalmente, tambêm é positivo que a _mielinização do encéfalo_, conquanto seja iniciada no _útero_, todavia, só se acaba, pela vida adiante, em _fases_ já relativamente avançadas da _evolução_[184]. Quer tudo isto dizer que, mesmo sob a relação do _pêso_ e do _volume_, o _cérebro_ não nasce _perfeito_ e _completo_; embora, comparado com o resto do _corpo_, traga, à _nascença_, um desenvolvimento que, numèricamente, se poderá computar na _quarta parte_ (25%) _do seu volume total_. O _diagrama_ que, a seguir, publicamos (fig. n.^o 19), representa o _crescimento do cérebro_, desde o início da _vida intra-uterina_, até à _puberdade_, em que atinge o seu _máximo desenvolvimento, sob a relação do pêso e volume--absolutos_. Mostra êste _gráfico_ que o _pêso absoluto do cérebro_ aumenta, com a idade, ao passo que o seu _pêso relativo_ diminue. À medida que o _organismo cresce_, o _cérebro_, sem deixar de acompanhar êsse _crescimento_, até à _puberdade_, contudo, cada vez, _cresce, com menor intensidade_ (como se verifica pelos _aumentos, relativos a cada idade de evolução_); e, ao mesmo tempo, acusa uma _progressiva diminuição, nas proporções que mantêm com o corpo_[185]. [Figura: Fig. 19] Donde resulta que, sob a relação da _quantidade_, a _evolução cerebral_ realiza-se e consuma-se antes da _evolução somática_, embora, sob o ponto de vista _qualitativo_, o _cérebro_ continue a desenvolver-se. O seguinte _gráfico_ (figura n.^o 20), completa o anterior, por isso mesmo que continua a _curva da evolução_ para alêm da _puberdade_, no intuito de figurar, _quantitativamente_, tôda a _vida do cérebro_, desde que o _homem_ nasce, até que morre. Para compreensão, todavia, de todos os fenómenos da _bio-dinâmica mental_, torna-se necessário considerar o _elemento qualitativo do crescimento cerebral_, isto é, a sua _capacidade fisiológica_. [Figura: Fig. 20] Esta _capacidade_ (que tambêm não exclue o _elemento quantitativo_) compreende ou abrange a _eficiência de tôdas as causas que possam concorrer para a organização da vida cerebral_. Dentre essas _causas_ (algumas pouco conhecidas, ainda), indicaremos, como mais importantes, as seguintes: 1) a _composição química_; 2) a _quantidade de substância cinzenta_; 3) o _número e a complexidade das circunvoluções_; 4) a _morfologia do encéfalo_; 5) a _relação do cérebro com as outras partes do encéfalo_; 6) as _relações do mesmo órgão com a altura e, em geral, com a massa activa do corpo_; 7) o _exercício cerebral_; 8) a _experiência do indivíduo_; 9) o _arranjo molecular das células cerebrais_; 10) as _associações dinâmicas dos elementos nervosos_, etc., etc.[186]. Ora, se considerarmos todos êstes _factores_, desde logo, teremos de reconhecer a existência de uma outra _curva_: a da _aptidão funcional do cérebro_, cuja trajectória não coincide com aquela que exprime a sua _evolução quantitativa_, porque, como se verifica neste _diagrama_ (figura n.^o 21) o _cérebro continua a crescer, depois da puberdade_ (15 anos); e até _com muito maior intensidade_, a partir dos vinte anos; para só _se deter_, aos cinqùenta, em que _estaciona_ (por tempo de dez anos, em circunstâncias normais), antes de _decrescer_, como sucede, depois dos sessenta[187]. [Figura: Fig. 21] Se compararmos, porêm, agora, esta _curva da bio-dinâmica cerebral_ com a _curva da consciência_ (figura n.^o 22), notaremos que, desta vez, entre as duas _curvas_, há um _paralelismo perfeito_, o que explica e ilustra estas palavras concludentes e profundamente autorizadas de A. Marie: «A sciência demonstra, _de uma maneira absolutamente certa_, o facto da _simultaneidade e da correlação constantes e necessárias da actividade nervosa com a actividade mental_, fazendo dessas actividades _dois fenómenos inseparáveis_, os quais nunca deixam de se manifestar conjuntamente, _e nem se pode conceber que um se produza, sem o outro_[188]. 3.--O estudo (embora rápido) que vamos fazer das _fases da mentalidade_, confirmará plenamente o nosso _conceito da evolução da consciência_, pois mostrará que, entre a _inconsciência, em que a criança se gera_, e a _inconsciência, em que o individuo acaba_, se escalonam vários _graus de consciência_, cada qual representativo de seu _progresso_, e todos ligados a _estados orgânicos_, até a um _limite_, cuja _transposição_ importa, sempre e em tôdas as circunstâncias, a _decadência_ e, com ela, a _desorganização_ e a _morte_. A _consciência crepuscular_, que o _gráfico_ (fig. n.^o 22) regista, como pertencendo ao _período êmbrio-fetal_ da _evolução humana_, sem dúvida que não representa qualquer _estado psíquico_ que possa diferenciar-se da pura _cenestesia_. O _feto_, conquanto, em verdade, constitua _um reactivo mais enérgico até, do que a própria mãe_[189], contudo, carece de _vida consciente_, porque, com um _cérebro ainda incipiente_ e _sentidos apenas esboçados_, não é susceptível das _operações orgânicas_, que condicionam aquela _vida_. A expressão--_psicologia embriológica_--(de que, por vezes, usam os autores) nada mais pode significar, do que a _espécie de semi-consciência_, que se atribue ao _nascituro_, essa _consciência onírica, sui generis_, que se manifesta por um «_sôno, sem sonhos_», e à qual nós chamamos _consciência crepuscular_[190]. Para que haja _verdadeira consciência_ (embora ainda _embrionária_ ou _rudimentar_) é necessário que o _indivíduo humano_ deixe a _vida parasitária_, em que persistiu, durante a _gestação_; e, pelo _nascimento_, adquira a _vida independente_, que usufruirá, até à morte. [Figura: Fig. 22] _Passiva_, chamamos nós à _consciência do recém-nascido_, para significar que ela se reduz às _sensações, que as impressões sensoriais determinam no seu cérebro ainda virgem; e aos instintos que deve à hereditariedade_. E será esta, depois do _período êmbrio-fetal_, a _primeira fase_ da _vida psíquica da criança_, na sua _evolução_ para a _idade adulta_. Durante êste primeiro mês, o _recêm-nascido_ sofrerá a _crise grave_, que deriva da _mudança de meio_, a que foi coagido, pelas _energias do crescimento_, e ensaiará as primeiras _adaptações às novas condições de vida_[191]. Os _progressos_, todavia, serão rápidos. Desde o fim do primeiro mês, até aos cinco anos (_infância_ e primeira fase da _puerícia_), a actividade da _consciência_ não cessará de intensificar-se, adquirindo a criança _faculdades_ e _aptidões_, que lhe assegurarão (cada vez, com maior persistência e eficácia) o _equilíbrio_, de que carece, com o _novo meio_, em que tem de viver. Por isso, atribuímos _consciência activa_ ao _organismo_, que se encontra neste estádio da _evolução psíquica_; isto é, _qualidades_, _energias_ e _possibilidades_, que se traduzem por _actos neuro-psíquicos_, de complexidade crescente, à medida que decorre a _infância_, e se entra na _puerícia_, a época inicial da _auto-consciência_, ou seja das _operações superiores da vida mental_. Assim, com a _puerícia_ (época do _pensamento espontâneo_, ou _idade preguntadora_, de Sully), alêm do _desenvolvimento da linguagem_ (substituição gradual da _palavra concreta_, pelo _conceito geral ou abstracto_)[192], aparece o _espírito de curiosidade_ (tam peculiar às crianças desta idade); radica-se a _atenção espontânea_, e esboça-se a _atenção voluntária_; imperam as _tendências_ que se inspiram nos _interêsses perceptivos e glóssicos_; surgem os _primeiros ensaios da personalidade_; e afirmam-se já, embora com carácter rudimentar, as _leis bio-psiquicas_ da _vontade consciente_. Depois, com a _adolescência_, e com a _puberdade_, a _curva da dinâmica mental_ subirá sempre e, cada vez, com maior celeridade, para nunca mais se deter, senão na _idade madura_, em que, havendo atingido o _máximo de intensidade_, aí perdurará, até à _decadência_[193]. O _quadro_ (n.^o 6) que, a seguir, publicamos, resume as _características das idades de evolução_, distribuindo-as, pela _ordem cronológica do seu aparecimento_, e mantendo a _subordinação_ em que se encontram, umas em relação às outras. QUADRO N.^o 6 +===================+=========================================================+ | _Idades | | | de | _Características essenciais_ | | Evolução_ | | +-------------------+---------------------------------------------------------+ | _Recêm-nascença_ { _Vida vegetativa_, e puro _automatismo_ (a princípio) | | (Durante o { nas relações do _indivíduo_ com o _meio_. _Reacções_ | | 1.^o mês) { _mecânicas_ a _excitações exteriores_. Necessidade | | { máxima: _nutrição_. Primeiras _adaptações_. | | | | { _Vida afectiva simples_: prazer e dôr | | { 1) _Até aos { física. _Adaptações sensorio-motoras_. | | _Infância_ { doze meses_ { Linguagem _balbuciada_. _Interesses | | (Desde o segundo { { perceptivos_. | | mês até aos três { | | anos) { | | { 2) _Dos doze { _Vida afectiva complexa_: acção | | { meses até { emocional. Aquisição de _hábitos_. | | { aos très { _Espontaneidade mental_. _Imitação_ | | { anos_ { passiva_. _Linguagem rudimentar_. | | | | { _Atenção voluntária_. _Imaginação_ | | { 1) _Dos très { incipiente. Desenvolvimento da | | { aos cinco { _memória orgânica_. _Curiosidade_. | | { anos_ { _Interesses glóssicos_. | | _Puerícia_ { { _Sugestibilidade_. _Imitação activa_. | | (Desde os très { { _Linguagem racional_. | | aos sete anos) { | | { { Organização da _vida mental_. _Poder | | { 2) _Dos { de análise_. _Memória psíquica_. | | { cinco aos { Diferenciação das _funções psíquicas_. | | { sete anos_ { _Interesses gerais_. _Linguagem | | { integral_. _Actividade lúdica intensa_. | | | | { Fixação e expansão da _personalidade_. | | { _Egocentrismo_. _Sociabilidade_. | | { 1) _Sexo { Desenvolvimento da _vontade_. | | _Adolescência_ { masculino_ { _Dinamogenia dos sentimentos_. | | (Desde os oito { { _Interesses morais e estéticos_. | | aos doze anos) { | | { { _Período sentimental_. _Plasticidade | | { 2) _Sexo { orgânica e psíquica_. _Exuberância de | | { feminino_ { movimentos_. _Espírito de iniciativa, | | { e de emulação_. _Pudor_. | | | | { _Instinto sexual_. _Instabilidade | | { psíquica_. Impulsões do _temperamento_. | | { 1) _Sexo { Formação definitiva do _carácter_. | | { masculino_ { Concentração mental; e diferenciação | | _Puberdade_ { { de tòdas as _faculdades_. _Interesses | | (Dos doze aos { { éticos e sociais_. | | dezasseis { | | anos) { { _Exaltação do sentimento_. Imaginação | | { { viva. _Diferenciação sexual_. Aquisição | | { 2) _Sexo { dos _hábitos característicos da | | { feminino_ { mulher_. Perfeita adaptação ao seu | | { _fim fisiológico_. _Coquetismo_. | | { _Interesses éticos e sociais_. | +===================+=========================================================+ 4.--O _estudo sintético_, que temos feito da _evolução mental_, revela, nessa evolução, do mesmo modo que no _«crescimento» físico_, a existência, tanto de _leis gerais_ (relativas à _dinâmica psíquica_, considerada _in totum_), como de _leis especiais_ (privativas de cada _função_). Entre aquelas, ocupam primacial lugar as duas seguintes: 1) O _processo bio-psíquico da evolução mental_ depende, em grande parte, do _crescimento físico_, e acompanha sempre o _desenvolvimento do sistema nervoso_[194]; 2) O _conteúdo da consciência_ (quantidade de _conhecimentos_, e valorização de _funções_) está na razão directa da _complexidade das relações da criança com o meio_. Quanto às _leis especiais_, indicaremos estas, apenas: 1) a _atenção_ é a condição primária da _consciência_; 2) a _memória_ depende da _plasticidade do cérebro_; 3) entre o _pensamento_ e a _vida das imagens cerebrais_ a relação é a mesma que existe entre a _conclusão_ e as _premissas_ dum _raciocínio_; 4) as _formas de expressão_ derivam de _actos reflexos_, e passam dos _gestos_ às _palavras_, e destas aos _sinais_, que as exprimem. 5.--Para conclusão dêste capítulo, resta enumerar ainda os _factores bio-psíquicos do «crescimento»_; isto é, tôdas aquelas _energias_, e todos aqueles _meios de acção_, que podem influir no _processo da evolução_ (tanto _somática_, como _psíquica_). Êsses _factores_, condensá-los hemos, no seguinte _esquêma_: { _ancestrais_ (hereditariedade). { _naturais_ { { { { _actividade lúdica_ (jogos). { { _pessoais_ { Factores da { { { _passiva._ _evolução orgânica_ { { _imitação_ { { { _activa._ { { { _exercícios fisicos._ { _artificiais_ { { _gimnástica._ Apêndices APÊNDICES I Elementos para a organização de uma caderneta pedológica, destinada a sistematizar o estudo do «crescimento» 1) _Indicações prévias relativas ao exemplar de estudo:_ 1) _Nome e pronomes_..................................... { _Nome_........................... { { _Pai_ { _Idade_.......................... { { { { _Estatura_....................... 2) _Filiação_ { { { _Nome_........................... { { { _Mãe_ { _Idade_.......................... { { _Estatura_....................... 3) _Naturalidade_........................................ 4) _Residência_.......................................... { _económicas_[195]... { 5) _Condições do meio em que vive_ { _morais_[196]....... { { _sociais_[197]...... 6) _Ensino que recebe_[198].............................. 7) _Antecedentes hereditários_[199]...................... 8) _Antecedentes pessoais_[200].......................... 9) _Particularidades_[201]............................... 10) _Aspecto geral_[202]................................. 2) _Exame fisiológico e clínico_: +===============================+ | TRIMESTRES | +---+---+---+---+---+---+---+---+ |1.^o 4.^o 7.^o | | | 2.^o | 5.^o | 8.^o| | | | 3.^o | | 6.^o | | | | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 1) Data da observação | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 2) Pele e couro cabeludo[203] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 3) Ossos e articulações[204] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 4) Aparelho digestivo[205] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 5) Aparelho respiratório[206] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 6) Aparelho circulatório[207] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 7) Aparelho génito-urinário[208] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 8) Aparelho locomotor[209] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 9) Sistema nervoso[210] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 10) Malformações[211] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 11) Deformações[212] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 12) Fôrça física[213] | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ 13) Fadigabilidade[214] | | | | | | | | | +===+===+===+===+===+===+===+===+ Mensurações do corpo humano V. _Vértex._ C. _Canal auditivo._ F. _Fúrcula esternal._ A. _Acromion._ E. _Epicôndilo._ I. _Crista ilíaca._ T. _Grande trocânter._ P. _Púbis._ M. _Médio._ J. _Joelho._ Mal. _Tornozêlo._ [Figura: Pontos de Referência] 3) _Exame antropométrico_[215]: +=============================================================================+ | MEDIDAS | TRIMESTRES | +---------------------------------------------+-------------------------------+ | |1.^o 4.^o 7.^o | | | | 2.^o | 5.^o | 8.^o| | | | | 3.^o | | 6.^o | | | | | | | | | | | | | | |---------------------------------------------+---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | | 1) Data da observação | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 2) Pêso | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 3) Vértex (em pé) | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 4) Vértex (assentado) | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 5) Canal auditivo | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 6) Fúrcula esternal | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ |Projecções{ 7) Acromion | | | | | | | | | |Verticaes { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | (10) { 8) Cotovêlo | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 9) Médio | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 10) Grande trocânter | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 11) Joelho | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 12) Tornozêlo | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 13) Diâmetro bi-acromial | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 14) D. ântero-posterior do tórax | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ |Diâmetros { 15) D. transverso do tórax | | | | | | | | | | (5) { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 16) D. ântero-poster. do crânio | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 17) D. transverso do crânio | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 18) Perímetro craniano | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 19) Per. xifo-esternal (repouso) | | | | | | | | | |Circunfer.{ +---+---+---+---+---+---+---+---+ | (4) { 20) Per. xifo-ester. (inspiração)| | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 21) Antebraço (máx. e mínimo) | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 22) Compr. e largura do pé | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | Outr. { 23) Compr. e largura da mão | | | | | | | | | | medidas { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { 24) Envergadura | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | +=============================================+===+===+===+===+===+===+===+===+ 4) _Exame psicológico_: +=============================================+===============================+ | | TRIMESTRES | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | OBSERVAÇÕES |1.^o 4.^o 7.^o | | | | 2.^o | 5.^o | 8.^o| | | | | 3.^o | | 6.^o | | | | | | | | | | | | | | |---------------------------------------------+---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | | 1) _Data da observação_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _côr do íris_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Olhos_{ _côr da auréola_ | | | | | | | | | | { { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { { _acuidade { _ôlho dir._| | | | | | | | | | { visual_ { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { { _ôlho esq._| | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Sentido cromático_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { { _ouvido dire._ | | | | | | | | | | { _Acuidade { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { auditiva_{ _ouvido esqu._ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Acuidade olfactiva_ | | | | | | | | | | 2) Órgãos { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | dos { _Acuidade gustativa_ | | | | | | | | | | sentidos { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Acuidade táctil_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Sentido álgico_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Sentido estereognóstico_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _espontânea_ | | | | | | | | | | 3) _Atenção_ { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _voluntária_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _análise qualitativa_ | | | | | | | | | | 4) _Memória_ { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _análise quantitativa_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 5) _Inteligência_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | +=============================================+===+===+===+===+===+===+===+===+ Notas: 1) A _acuidade visual_ deve ser medida, com o auxílio da _escala optométrica_ de Monoyer; e o _sentido cromático_, com as _tábuas pseudo-isocromáticas_, de Stilling. 2) A _acuidade auditiva_ mede-se, pelo _processo do relógio_, e pela _voz segredada_. 3) A _acuidade olfactiva_ avalia-se pelo _olfactómetro_; e a _gustativa_, pelo _gueusímetro_. 4) A _acuidade táctil_ determina-se, pelos _estesiómetros_; a _álgica_, pelos _algesimetros_; e o sentido _estereognóstico_, pelo _processo de reconhecimento das curvaturas_. 5) A _atenção_ aprecia-se, pelos _tempos de reacção_, e por _processos didascálicos_. 6) A _memória_ mede-se, por diferentes _processos_, consoante a _função_ que se pretende considerar. 7) A _inteligência_ avalia-se, pela aplicação dos _tests de Binet_ e _Simon_. 5) _Exame etológico e psiquiátrico:_ +=============================================+===============================+ | | TRIMESTRES | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | OBSERVAÇÕES |1.^o 4.^o 7.^o | | | | 2.^o | 5.^o | 8.^o| | | | | 3.^o | | 6.^o | | | | | | | | | | | | | | |---------------------------------------------+---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | | 1) _Data da observação_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 2) _Humor habitual_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _activo_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _nervoso_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _emotivo_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 3) _Temperamento_ { _apático_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _voluntarioso_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _impulsivo_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _equilibrado_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 4) _Sugestibilidade_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 5) _Sensibilidade moral_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 6) _Capacidade de trabalho_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 7) _Conduta_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 8) _Aptidões_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Fobias_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Timidez_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 9) _Defeitos_ { _Cólera_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Mentira_ | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _Preguiça_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | 10) _Síntese--Carácter_ | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | +=============================================+===+===+===+===+===+===+===+===+ 6) _Síntese da evolução--Fórmulas:_ +=============================================+===============================+ | | TRIMESTRES | | |1.^o 4.^o 7.^o | | NOTAÇÕES | | 2.^o | 5.^o | 8.^o| | | | | 3.^o | | 6.^o | | | | | | | | | | | | | | +---------------------------------------------+---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | | { E/B[216] | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | _Relações e { C/V[217] | | | | | | | | | |1) proporções { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | dos segmentos_ { O/V[218] | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { S=2E(D+d)[219] | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { P^{1} ou P^{2}[220] | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ |2) _Fórmulas da { P^{2}+A^{1}[221] | | | | | | | | | | Puberdade_ { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { P^{5}+A^{3-5}[222] | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _cefálico_ | | | | | | | | | | { ([D. tr.x100]/ | | | | | | | | | | { [D. ant. p. m.])[223] | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ |3) _Índices_ { _torácico_ | | | | | | | | | | { ([D. transv.×100]/ | | | | | | | | | | { [D. ant. post.])[224] | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { _pélvico_ | | | | | | | | | | { ([D. s. p. b.×100]/ | | | | | | | | | | { [Dist. Cr. Ilíacas])[225] | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { H. (_humor_) | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ |4) _Simbolos_ { T. (_temperamento_) | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { M. (_musculatura_) | | | | | | | | | | { +---+---+---+---+---+---+---+---+ | { O. (_ossatura_) | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ |5) CR.=E-(P+[Per. T. insp.+exp.]/2)[226] | | | | | | | | | | +---+---+---+---+---+---+---+---+ | | | | | | | | | | +=============================================+===+===+===+===+===+===+===+===+ II (Sumário da «tese» apresentada, discutida e integralmente adoptada pelo «Congresso Nacional de Educação física», realizado em Lisboa, por iniciativa do «Gimnásio Club Português», nos dias 9-12 de junho de 1916.) A CRIANÇA PORTUGUESA RELATOR: Dr. Alves dos Santos, professor de Filosofia e director do Laboratório de Psicologia Experimental, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; professor de Psicologia Infantil, na Escola Normal Superior; e director da Biblioteca da mesma Universidade; sócio efectivo da Academia das Sciências de Portugal. INTRODUÇÃO 1) A Criança; sua concepção bio-psíquica e social. 2) Sciências da Criança: Pedologia; Psico-pedagogia; Pedagogia experimental. 3) A vida da Criança; fases que atravessa, durante o «Crescimento», ou idades de evolução do sólido humano: infância, puerícia, adolescência, puberdade, nubilidade. 4) Características de cada uma destas idades, sua importância e influência na marcha do «Crescimento». 5) Divisão dêste estudo em três partes, versando a primeira sobre o Corpo da Criança; a segunda, sobre a Mentalidade da Criança; e a terceira, sobre a Personalidade da Criança. 6) Elementos e subsídios, de que podemos dispor para a constituição de uma Pedologia nacional: observações, mensurações, e experiências realizadas em estabelecimentos de ensino, e noutros meios infantis, assim como no Laboratório de psicologia experimental, de Coimbra. Resumo das aquisições de factos, em primeira mão, que permitem, a nosso ver, desde já, algumas generalizações sobre o modo de crescimento da criança portuguesa. PRIMEIRA PARTE *O corpo da criança* CAPÍTULO I Noção do «Crescimento». Fenómenos que o constituem. Causas que o determinam. Leis que o regem. Influências que o modificam. CAPÍTULO II _Método_ a empregar no estudo dos fenómenos do «Crescimento». CAPÍTULO III Manifestações do «Crescimento» em altura, largura, espessura, grossura e densidade; ou projecções verticais, diâmetros, circunferências, cubagens, e pêso do sólido humano. CAPÍTULO IV «Crescimento» absoluto ou global, e «Crescimento» relativo ou segmentar. _Ritmo_ do «Crescimento» absoluto da Criança portuguesa. Fundamentos da Curva que exprime êsse ritmo. CAPÍTULO V Insuficiência das medidas sintéticas (estatura, perímetro torácico, e pêso) para a avaliação rigorosa dos fenómenos do «Crescimento». CAPÍTULO VI «Crescimento» relativo, ou proporções métricas do corpo da Criança, desde o nascimento até à idade adulta. NOTA: O relator apresentará ao Congresso as fórmulas do «Crescimento» ou os cânones antropométricos das idades de evolução da criança portuguesa; e exporá os fundamentos dessas fórmulas. SEGUNDA PARTE *A mentalidade da criança* CAPÍTULO I Origem e evolução da mentalidade infantil. Leis que a regulam; influências que a modificam. Curva desta evolução. Relações do desenvolvimento somático com o desenvolvimento psíquico. CAPÍTULO II Os sentidos e a inteligência. Estudo experimental da inteligência. A atenção; a memória, e a imaginação das crianças. CAPÍTULO III Comparação do psiquismo animal com a psicologia das primeiras idades da evolução. NOTA: O relator apresentará ao Congresso as conclusões dos seus estudos sôbre a medida do trabalho mental, pelo método de Kraeplin, assim como sôbre a análise quantitativa e qualitativa da Memória; e sôbre a psicometria da atenção. TERCEIRA PARTE *A personalidade da criança* CAPÍTULO I Noção da «personalidade». O carácter; seus elementos constitutivos e manifestações. Noção bio-psíquica e moral do carácter. Formação do carácter, princípios em que deve assentar. CAPÍTULO II Estados mórbidos da personalidade: a mentira; a preguiça; a timidez; a cólera; as fobias das crianças. Patologia da vontade. CAPÍTULO III Os vícios da educação tradicional; necessidade de uma reforma na processologia da educação. Resumo e conclusões. NOTA: O relator apresentará ao Congresso os resultados dos seus trabalhos experimentais, realizados no Laboratório de psicologia, sôbre a sugestibilidade das crianças; e o valor do testemunho infantil. CONCLUSÕES GERAIS I *Crescimento físico* 1) Existem em Portugal, em relação ao sexo masculino, elementos mais do que suficientes para a organização de uma tabela de médias, baseada nas observações e mensurações, que exprimem o «Crescimento» absoluto da Criança portuguesa, isto é, nas medidas sintéticas da altura, do perímetro torácico, e do pêso. 2) Mas o simples conhecimento do ritmo do «Crescimento» é insuficiente para a perfeita inteligência da natureza física da Criança, e das leis do seu desenvolvimento integral. 3) Donde resulta a necessidade de prosseguir activamente, em nossos meios didascálicos e infantis, pela aplicação do método auxanológico, na colheita de elementos (mensurações segmentares do sólido humano), que permitam generalizações seguras sobre as proporções métricas do corpo das crianças, nas idades de evolução. 4) Emquanto, porêm, não existir, entre nós, um número suficiente de observações e mensurações daquela natureza, que justifiquem a adopção definitiva das fórmulas antropométricas do «Crescimento» da Criança Portuguesa, podemos e devemos adoptar provisóriamente cânones antropométricos, cujos fundamentos se encontram, em parte, nas medidas que são comuns ao «Crescimento» absoluto; e, em parte, nas percentagens que resultam das médias de mensurações obtidas em crianças de países estrangeiros, que reúnem maior número de afinidades com as nossas crianças. II *Desenvolvimento mental* 1) Não há diferença de natureza entre o psiquismo dos animais superiores e a mentalidade infantil das primeiras idades. 2) A curva do desenvolvimento mental coincide, em quási tôda a sua extensão, com a curva do «Crescimento» físico; e, em todo o caso, acompanha sempre a trajectória da evolução do cérebro. III *Formação do carácter* 1) Os factores da educação moral devem ser os mesmos da educação física, porque a disciplina em que se baseiam ambas estas educações tem as mesmas origens orgânicas, e produz análogos efeitos psíquicos. 2) Os estados mórbidos da Personalidade são mais eficazmente combatidos pela higiene, do que pela autoridade. III Programas de Pedologia e de higiene escolar; prescrições de higiene dentária; e instruções sôbre Pedometria, destinadas às novas escolas normais primárias. (Regulamento e programas para execução da lei n. 233, publicados no «Diário do Govêrno» n.^o 24, de 10 de fevereiro de 1916.) PROGRAMA DE PEDOLOGIA _Pedologia_.--Sua definição e importância. Movimento pedológico. Pedologia e pedotecnia. Psicologia e pedagogia. Pedagogia experimental e pedagogia geral. Psicopedologia e psicopedagogia. _Relação da pedologia com a pedagogia_. _Pedologia somática_ e pedologia psíquica. Métodos da _pedologia somática_. Os caracteres descritivos e os caracteres métricos. _Noções elementares de antropometria escolar_.--Estudo dos principais caracteres métricos. Relação entre o pêso, a altura e o perímetro torácico. Coeficientes de robustez. Mensurações nos alunos segundo a «Ficha individual». _O crescimento durante a idade escolar_.--Ideas gerais sôbre os métodos do estudo do crescimento. Proporções métricas do corpo da criança desde o nascimento à idade adulta. Influências que actuam no crescimento. Leis do crescimento. Crescimento visceral. _A criança, o adolescente e o adulto_. Crescimento irregular. Perturbações orgânicas que produz e suas consequências pedagógicas. _A puberdade_.--Sua definição. Características fisiológicas e psicológicas da puberdade. Duração do período da puberdade. _Pedologia psíquica_.--Definição. Métodos. _Desenvolvimento intelectual e psíquico em geral._ Factores dêste desenvolvimento e diferentes estádios. _Desenvolvimento sensorial_.--Visão. Audição. Olfacto. Gôsto. Tato. Os sentidos estereognósticos. O sentido cinestésico. A atenção. A associação. A imaginação. A memória e o hábito. A percepção. O juízo e o raciocínio. _Desenvolvimento dos sentimentos_.--Os movimentos. Os sentimentos em geral. As emoções e as tendências. Os instintos. Os interesses infantis; seu papel na educação. A vontade. O carácter. A linguagem, os gestos, a fisionomia e os costumes das crianças. _Medida do desenvolvimento psíquico nas diferentes idades_. Tests _mentais_. _Relações entre o crescimento físico e o crescimento psíquico_. _Influências psíquicas imediatas da escola_. _Herança psicológica e educação._ _Crianças visuais, auditivas e motoras_.--Os tipos mixtos. _Fadiga intelectual_. _Generalidades_. _Noções gerais dos processos de medição da «fadiga intelectual»_: a) Processos directos. Ditado, leitura, cálculo, cópia, memoriação, etc. b) Processos indirectos. Estesiometria, algesimetria, dinamometria, ergografia, etc. Influência de diversos factores sôbre a fatigabilidade. Influência do trabalho físico sobre a fadiga mental. _Sobernal_. _O repouso_. _O sono_. Dextrismo, sinistrismo e ambidextrismo. _Alunos preguiçosos_. _Ideas gerais sôbre as crianças anormais_. _Sua diagnose e classificação_. _As relações do professor com o médico_. _Puericultura_.--Puericultura intra-uterina. Primeiros cuidados a dispensar aos recêm-nascidos. Alimentação do 0 aos 2 anos. Noções gerais da higiene da primeira infância. PROGRAMA DE HIGIENE ESCOLAR _História da higiene escolar_.--Evolução da higiene escolar em Portugal. _Edifício escolar_.--Suas condições higiénicas. Salas de classe e anexos, recreios, etc. _Mobiliário escolar_.--Bases fisiológicas do mobiliário racional. Diferentes tipos de mobiliário. _Iluminação das escolas_.--Iluminação natural e artificial. Fotometria escolar. _Aquecimento_. _Ventilação das escolas_.--Diferentes processos de ventilação. _Higiene da vista_.--Higiene da leitura e da escrita. Os livros e os cadernos escolares. Condições higiénicas da sua impressão. _Higiene do ouvido_. _Higiene do nariz e da bôca_. _Higiene da garganta_.--Fisiologia da voz. Afecções de laringe. Profilaxia das perturbações da fonação. Defeitos de pronúncia. Sua profilaxia e correcção. _Atitudes viciosas_.--Suas conseqùências. _Doenças escolares não contagiosas_. _Doenças contagiosas_.--Profilaxia das doenças contagiosas, na escola. Desinfecção. Vacinações e revacinações. _Relações recíprocas entre alunos e professores_, sob o duplo ponto de vista das doenças contagiosas e das influências morais. _Educação física_.--Bases fiisiológicas desta educação. _Princípios a que deve obedecer a elaboração dum horário_. _Repartição das horas do trabalho e do repouso_. _Cantinas escolares_. _Colónias escolares_. _Escolas e classes ao ar livre_. _Internatos e externatos_. _Passeios e excursões escolares_. PRESCRIÇÕES DE HIGIENE DENTARIA I Antes te esqueças de lavar a cara do que a bôca e os dentes. II Habitua-te, tam cedo quanto possível, à higiene dentária. Aquele que é desleixado em criança, dificilmente se corrige mais tarde. III A conservação e o bem-estar dos dentes de leite é tam importante, como o dos dentes permanentes. IV Não abuses de doces e de alimentos muito moles. O melhor meio natural de evitar a cária é mastigar com fôrça pão com côdea espêssa. V Nunca te esqueças de lavar a bôca, à noite. VI A limpeza mecânica dos dentes, feita com uma escôva e com um palito, constitue a base de tôda a higiene dentária. VII As lavagens da bôca com líquidos antisépticos inofensivos e um bom pó ou pasta dentifrícia são muito eficazes para completar a higiene dentária e bocal. Os dentifrícios que são cáusticos para a mucosa, ou que descalcificam os dentes, devem ser rejeitados. O sabão é um bom dentifrício. VIII Faze inspeccionar os dentes, uma ou duas vezes por ano, por um dentista, a fim de que êle descubra os focos mórbidos e os faça desaparecer, antes que sejam muito extensos. IX O tártaro (pedra) deve ser extraído, de tempos a tempos. X Os dentes e as raízes que não possam ser conservados e tratados, devem ser extraídos, sejam dolorosos ou não. INSTRUÇÕES SOBRE PEDOMETRIA _Condições gerais_:--As modificações morfológicas, fisiológicas e psíquicas, produzidas pelos exercícios de educação física (exercícios neuro-musculares e de adaptação aos meios) podem ser medidas ou apreciadas e formarem dois grupos principais: somático e físico-psíquico. As mensurações constituem o processo mais racional de verificar os efeitos dos exercícios, se nelas se observarem as indicações seguintes: O observador possuìrá a técnica de medir e conhecerá a razão e o fim de cada medida. Tomará as medidas à mesma hora, de preferência de manhã, antes de qualquer exercício ou refeição e tanto quanto possível nas mesmas condições e em períodos bem determinados, ex.: em Outubro e Junho. Estas medidas e observações serão apontadas em colunas individuais no livro das mensurações, donde se tirarão tôdas as notas para a organização das médias e dos índices de classificação individual somática e fisiológica. Os alunos serão medidos e observados de torso nu e descalços e as alunas só com os fatos de gimnástica. Para se assegurar bem da medida deverá esta repetir-se, acto contínuo, as vezes que forem necessárias. _Nota_.--As mensurações obtidas gráficamente por bons instrumentos oferecem mais confiança. TÉCNICA: _Para medir a altura_:--O examinando colocar-se há na craveira na atitude de sentido. _Para medir o pêso_:--Torna-se necessário uma balança decimal bem tarada e de fácil manejo. Os alunos serão pesados em ceroulas; as alunas com os seus fatos de gimnástica. _Para medir a capacidade vital_:--É necessário utilizar um espirómetro, como o de Charles Verdin, colocá-lo a conveniente altura, usar duas tubuladuras de borracha com as competentes embocaduras de vidro para se poderem substituir a cada exame e desinfectar convenientemente. _Modo de medir_:--O examinando, em face do aparelho, toma o tubo de vidro (embocadura) na bôca, depois de ter enchido quanto pode o pulmão, cerra os lábios sôbre o tubo para não perder ar e expira suavemente todo o ar que possa, o que será registado pelo espirómetro. _Para medir a mobilização torácica_:--O examinando, de calcanhares juntos, mantêm os braços laterais e horizontais. Fazem-se 3 provas e tira-se a média. _Diâmetros xifoìdianos_:--É necessário um compasso de espessura como o grande de _Collin_. _Modo de medir_: _Diâmetro transverso_:--Aplicam-se as pontas do compasso nos pontos mais laterais do tórax e no nível do ponto esterno-xifoìdiano; o examinando faz, então, a maior inspiração e logo a seguir a mais completa expiração e toma-se nota dos diâmetros máximo e mínimo. _Diâmetro ântero-posterior_:--Aplica-se uma das pontas do compasso no ponto esterno-xifoìdiano e a outra na linha das apófises espinhosas e ao nível daquele ponto; no resto procede-se como no transverso. _Perímetros xifoìdianos_:--Na falta dum instrumento que nos dê com precisão e facilidade gráficamente o perímetro torácico é mais prático usar, com o devido cuidado, a fita métrica inextensível. _Modo de medir com a fita_:--Aplica-se esta horizontalmente ao nível do ponto esterno-xifoìdiano, o examinando faz a máxima inspiração e logo a seguir a máxima expiração e o observador toma nota dos perímetros máximo e mínimo. _Perímetro umbilical_:--Procede-se como no perímetro torácico. _Nota_.--Os perímetros tomam-se só aos alunos. _Para medir a fôrça de pressão e de tracção_:--Para a de pressão é necessário um dinamómetro como o de _Collin_; para a de tracção um dinamómetro como o de _Andrew_. _Modos de medir_:--Na pressão toma-se o dinamómetro na concha da mão e cerra-se esta com a máxima fôrça, repete-se duas vezes e toma-se a prova maior; na tracção tomam-se os anéis das cadeias, um em cada mão, tiram-se para os lados, repete-se e toma-se a maior prova. _Para se obter o ritmo respiratório_:--Na falta de um adequado pneumógrafo, o número e o ritmo podem obter-se pela palpação; o observador, colocado por detrás do examinando, aplica as mãos sôbre os seus ombros, estendendo os quatro dedos sôbre as clavículas e as primeiras costelas e os polegares estendidos para o dorso, ou em face do examinando, aplica-lhe as mãos nos lados do tórax e em presença de um relógio observa o ritmo e conta as respirações num minuto. _Para tomar o ritmo cardíaco_:--Na falta dum esfigmógrafo de uso e de precisão, o professor, tomando o pulso, obterá o número, o ritmo, a forma e apreciará a pressão em repouso e depois dum escolhido exercício, ex.: uma pequena carreira. _Para classificar os desvios ósseos da coluna vertebral_:--Na falta dum raquiógrafo conveniente, o professor pode chegar por uma observação inteligente: dos movimentos da coluna, da sua forma na atitude de sentido, das atitudes das espáduas e da cabeça, da forma torácica, etc., a conhecer os desvios. _Do tórax_:--Na falta dum toracógrafo o observador pode usar o cirtómetro de chumbo ou ainda, o compasso de espessura tirando os diâmetros necessários para o que o examinando tomará a atitude de sentido com os braços laterais e horizontais. IV DECRETO N.^o 4:900 Sendo urgente codificar e regulamentar tôdas as disposições legais em vigor, relativas às Escolas Normais Superiores das Universidades de Coimbra e Lisboa; Atendendo à autorização concedida pelo § único do artigo 42.^o do decreto com fôrça de lei n.^o 4:649, de 13 de Julho de 1918; Usando da faculdade que me confere o n.^o 3.^o do artigo 47.^o da Constituição Política da República Portuguesa; Hei por bem, sob proposta do Secretário de Estado da Instrução Pública, decretar o seguinte: Artigo 1.^o É aprovado e mandado pôr em execução o Regulamento das Escolas Normais Superiores das Universidades de Coimbra e Lisboa, que faz parte integrante dêste decreto, e vai assinado pelo Secretário de Estado da Instrução Pública. Art. 2.^o Ficam, pelo presente regulamento, codificadas tôdas as disposições legais em vigor, relativas às Escolas Normais Superiores, substituídos os decretos regulamentares n.^o 2:117, de 27 de Novembro de 1915, n.^o 2:509, de 14 de Julho de 1916, n.^o 2:646, de 26 de Setembro de 1916, n.^o 2:943, de 18 de Janeiro de 1917, n.^o 3:012, de 6 de Março de 1917, n.^o 3:097, de 18 de Abril de 1917, e n.^o 3:330, de 3 de Setembro de 1917, e regulamentados os decretos com fôrça de lei, de 21 de Maio de 1911 e n.^o 4:649, de 13 de Julho de 1918. Art. 3.^o Fica revogada a legislação em contrário. O Secretário de Estado da Instrução Pública o faça publicar. Paços do Govêrno da República, 5 de Outubro de 1918.--Sidónio Pais--_José Alfredo Mendes de Magalhães_. V Índice Analítico do 2.^o Volume desta Obra: (NO PRELO) *PEDOLOGIA PSÍQUICA* (_A mentalidade da Criança_) CAPÍTULO I 1) Órgãos dos sentidos: sensibilidade cutânea; sua discriminação. 2) Sensações tácteis, de pressão, térmicas, álgicas. 3) Sentido cinestésico e sentido estereognóstico. 4) A cinestesia. 5) Acuidade do tacto; sua medida. 6) Estesiometria. 7) Educação dos sentidos cutâneos. CAPÍTULO II 1) A visão; anatomia e fisiologia do bolbo ocular; mecanismo da visão. 2) Emetropia, ametropia e hipermetropia. 3) Medida da acuidade visual. 4) Sentido cromático; suas anomalias. 5) Medida dêste sentido; tábuas pseudo-isocromáticas de Stilling. CAPÍTULO III 1) A audição; mecanismo das sensações auditivas. 2) Medida da acuidade auditiva. 3) Sentido otolítico. CAPÍTULO IV 1) Os sentidos químicos: olfacto e gôsto. 2) Morfologia e funcionamento dos respectivos órgãos. 3) Olfactometria e gustometria. CAPÍTULO V 1) A atenção; suas espécies. 2) Patologia da atenção. 3) Medida da atenção. 4) Educabilidade da atenção. CAPÍTULO VI 1) A memória; suas operações fundamentais. 2) Patologia da memória. 3) Análise qualitativa da memória: processos; experiências. 4) Análise quantitativa da memória. 5) Educação da memória. CAPÍTULO VII 1) A inteligência; sua noção. 2) Nível intelectual e nível escolar. 3) Medida da inteligência: processos; escala métrica da inteligência. 4) Estudo scientífico do trabalho mental. 5) A fadiga física e a fadiga mental: sua medida. CAPÍTULO VIII 1) Noção da personalidade. 2) O carácter; seus elementos constitutivos e manifestações. 3) Formação do carácter; princípios sobre que deve assentar. 4) Os estados mórbidos da personalidade: a mentira, a preguiça, a timidez, a cólera, as fobias das crianças. 5) Patologia da vontade. 6) Os vícios da educação tradicional. 7) Educação moral e cívica das crianças, segundo os princípios da pedagogia moderna. 8) A moral na escola. VI O estudo do «crescimento», no Colégio Moderno de Coimbra, pela aplicação do método auxanológico O estudo do «crescimento», pelo _método auxanológico_, faz-se presentemente, sob a nossa direcção, em alunos internos do _Colégio Moderno_, de Coimbra. As primeiras _mensurações_ foram realizadas, durante os meses de maio e junho, do ano de 1918. Em maio e junho, dêste ano de 1919, ao prefazerem-se doze meses completos, continuou-se êste _serviço antropométrico_, que não pôde ser executado em novembro e dezembro (fim do 1.^o semestre), como convinha, mercê das _ocorrências políticas_, que perturbaram a _vida nacional_. Foram _observados_ e _mensurados_ (e continuá-lo hão a ser) 115 alunos, de _idades_ que se acham compreendidas entre os dez e os dezoito anos. As _medidas_ são tomadas, sempre, sobre o _corpo nu do aluno_; o _material pedométrico_ empregado é aquele que indicámos, a página 145 (_nota_); e a _técnica_ regula-se, pelas _instruções_ do D.^r Paulo Godin, publicadas, a página 243 e seguintes, do seu livro: «_La Croissance pendant l'âge scolaire_», Paris, 1913. Alêm das _medidas segmentares_, relativas ao _crescimento físico_, colhemos, nas _observações_, todos os elementos necessários para o estudo da _puberdade_. E nem sómente nos preocupou a _pedometria somática_, mas tambêm iniciamos trabalhos, que aproveitem à _pedometria psíquica_, isto é, à _medida da acuidade sensorial_, e ao _exame psíquico, etológico e psiquiátrico_ dos alunos. Nesta primeira exposição, limitar-nos hemos a divulgar os _resultados antropométricos_ obtidos, condensando-os, nos seguintes mapas: 1) das _projecções verticais_; 2) do _pêso_; 3) da _puberdade_. I +==================================================================+ | Projecções Verticais Sintéticas (médias) | +-------------+-------------+------------+------------+------------+ | | Número | Altura | Busto |B X 100 | |Idades (anos)|de indivíduos|(milímetros)|(milímetros)|-------[227]| | | | | | A | +-------------+-------------+------------+------------+------------+ | 10 | 9 | 1,273 | 0,680 | 53 | | 11 | 5 | 1,382 | 0,716 | 51 | | 12 | 7 | 1,412 | 0,724 | 51 | | 13 | 14 | *1,474* | 0,737 | 50 | | 14 | 32 | 1,496 | 0,765 | 51 | | 15 | 25 | *1,587* | 0,800 | 50 | | 16 | 15 | 1,614 | 0,810 | 50 | | 17 | 7 | 1,649 | 0,850 | 51 | | 18 | 1 | 1,635 | 0,844 | 51 | | Total.... | 115 | -- | -- | -- | +=============+=============+============+============+============+ Verifica-se, pela _leitura_ dêste primeiro _mapa_, que o «crescimento» dêstes alunos do _Colégio Moderno_ não se afasta sensivelmente dos _resultados gerais_, a que chegámos, em relação à _criança portuguesa_. Assim, a _macrosquelia_ (característica da _adolescência_ e da _puberdade_) é evidente, do mesmo modo que tambêm é normal o _índice do tronco_, que, como se vê, oscila entre 50 e 53. II +======================================+ | | | Pêso (médias) | | | +-------------+------------+-----------+ | | Número de | | |Idades (anos)| indivíduos |Quilogramas| +-------------+------------+-----------+ | 10 | 9 | 26 | +-------------+------------+-----------+ | 11 | 5 | 33 | +-------------+------------+-----------+ | 12 | 7 | 34 | +-------------+------------+-----------+ | 13 | 14 | 38,5 | +-------------+------------+-----------+ | 14 | 32 | 40,5 | +-------------+------------+-----------+ | 15 | 25 | 42 | +-------------+------------+-----------+ | 16 | 15 | 43 | +-------------+------------+-----------+ | 17 | 7 | *54,5* | +-------------+------------+-----------+ | 18 | 1 | 52 | +-------------+------------+-----------+ | Total | 115 | -- | +=============+============+===========+ E, quanto a _crises_ do «crescimento», a conformidade com a _curva_, que traçámos[228] é absoluta: veja-se como o _ritmo_, em geral, se mantêm, e como o _paralelismo das acelerações e das acalmias_ (relativas) se acusa, em todo o percurso da _escala_. Sobre _pêso_, apenas há a observar que, de conformidade com as conclusões a que se tem chegado, a _marcha_ do «_crescimento_» é regular; e que tambêm de harmonia com a _curva_ do _gráfico_ respectivo[229], a _fisionomia_ desta é análoga. Segue-se o _mapa da puberdade_, cuja _leitura_ será, de grande interêsse e importância, para todos quantos se interessem pelos estudos de pedologia, entre nós. +=======================================================+ | Puberdade (sinais físicos) | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | Idades | Número de|P^{1, 2, 3 | P^3 A^1 | P^5 A^5 | | (anos) |indivíduos| ou 4}[230]| [231] | [232] | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 10 | 9 | 0 | 0 | 0 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 11 | 5 | 0 | 0 | 0 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 12 | 7 | 1 | 0 | 0 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 13 | 14 | 5 | 1 | 0 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 14 | 32 | *12* | 3 | 2 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 15 | 25 | 5 | *13* | 4 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 16 | 15 | 5 | 4 | 5 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 17 | 7 | 0 | 1 | *6* | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | 18 | 1 | 0 | 0 | 1 | +--------+----------+-----------+-----------+-----------+ | Total | 115 | -- | -- | -- | +========+==========+===========+===========+============+ Verifica-se, em presença dêste _mapa_ que, sem dúvida por influência do _internato_, a _puberdade_, entre os alunos do _Colégio Moderno_, manifesta-se, um pouco tardiamente, em relação a perto de 50% dêstes alunos. Efectivamente, antes dos catorze anos, em trinta e cinco alunos, apenas sete, de mais de doze anos, apresentam vestígios dos _sinais físicos_, característicos da _puberdade_. Aos catorze anos, de trinta e dois alunos, só dezassete entram na _fase pubertária_; e torna-se necessário ultrapassar essa _idade_, para que todos se submetam à eficiência da _lei_. Importa, porêm, notar que, dentre aqueles, em quem o «crescimento» se afirma normal, a _puberdade_ aparece, de facto, pelos catorze anos, de conformidade com o que se acha estabelecido, em relação à _criança portuguesa_; instala-se, aos quinze; e encerra-se, pelos dezassete anos. ÍNDICE Páginas Nota Preambular 7 _Introdução_ I--A criança; sua concepção bio-psíquica e social 11 II--Sciências da criança: Pedologia, Psico-pedagogia, Pedagogia experimental; outros ramos da Pedagogia 14 III--A vida da criança; fases que atravessa, durante o «crescimento», ou idades da evolução do organismo humano 18 IV--Elementos e subsídios, de que podemos dispor, para a constituição de uma Pedologia nacional 25 V--Bibliografia portuguesa de assuntos relativos à psicologia e à pedologia 29 PEDOLOGIA SOMÁTICA O CORPO DA CRIANÇA Capítulo I--Fases da vida dos organismos. «Crescimento»; suas espécies, e modos de o estudar. Leis do «crescimento», e factores que o modificam 35 Capítulo II--«Crescimento» absoluto; sua determinação, em relação à criança portuguesa; tabelas de médias, e respectivas curvas. O ritmo do «crescimento», em Portugal 39 Capítulo III--Insuficiência do estudo do «crescimento» absoluto, para a solução de todos os problemas antropométricos. «Crescimento» relativo ou segmentar; sua determinação, tanto sintética, como analítica, pelo confronto dos respectivos elementos 59 Capítulo IV--Medidas segmentares, para avaliação do «crescimento» relativo, ou das proporções do corpo, nas idades de evolução. Cânones antropométricos da criança portuguesa 69 Capítulo V--Processo bio-químico do «crescimento»: osteogénese 105 Capítulo VI--Fórmulas antropométricas do «crescimento» normal, nas idades de evolução. Anomalias do «crescimento»; sua determinação, pelo processo antropométrico 110 Capítulo VII--Doenças das crianças, nas idades de evolução. A mortalidade infantil, em Portugal. «Crescimento» desequilibrado; suas consequências 116 Capítulo VIII--Higiene do «crescimento»; exercícios físicos: jogos e gimnástica 120 Capítulo IX--Evolução geral da mentalidade; fases desta evolução e leis que a regulam. Os factores bio-psíquicos do «crescimento» 125 APÊNDICES Páginas I Elementos para a organização de uma _caderneta pedológica_, destinada a sistematizar o estudo do «crescimento» 141 II A _criança portuguesa_ (sumário da tese apresentada, discutida e integralmente adoptada pelo I _Congresso nacional de educação física_, realizado em Lisboa, em 1916) 151 III Programas de Pedologia, e de higiene escolar; prescrições de higiene dentária; e instruções sôbre pedometria, constantes do decreto, n.^o 2.213, publicado no «Diário do Govêrno» n.^o 24 de 10 de Fevereiro de 1916, que aprovou o regulamento e programas para execução da lei n.^o 233 de 7 de Julho de 1914 sôbre o ensino normal primário 157 IV Decreto n.^o 4.900, que reformou as escolas normais superiores 165 V Índice analítico do 2.^o volume desta obra 166 VI O estudo do «crescimento», no Colégio Moderno, de Coimbra, pela aplicação do método auxanológico 168 Livrarias Aillaud e Bertrand LISBOA--73, Rua Garrett, 75 ANTOLOGIA PORTUGUESA Cada volume brochado .............. 1$20 » » encadernado ........... 1$60 A série da ANTOLOGIA PORTUGUESA, que virá a constar de uns trinta volumes, pelo menos, não será apresentada ao público com numeração editorial. Cada possuidor a ordenará como entenda, ou cronológicamente, ou por poetas e prosadores, segundo o seu critério e vontade. * * * * * _Volumes no prélo e prestes a saír:_ *Manoel Bernardes*, 2 volumes. *Alexandre Herculano*, 2 volumes. *Frei Luís de Sousa*, 2 volumes. *Guerra Junqueiro*, 1 volume. _Em preparação:_ *Camões lírico, Antonio Vieira Fernão Lopes, Eça de Queiroz, Bocage, Lucena, Damião de Góis, Castilho, Antéro de Figueiredo, Sá de Miranda, João de Barros, Camilo, Os Cancioneiros, Fernão Mendes Pinto, Gil Vicente, Garrett, Garcia de Rezende, etc., etc.* *Notas:* [1] Cf. o _índice analítico_, no fim dêste livro. [2] Cf. Ch. Richet, _Essai de psychologie générale_, Paris, 1912; G. Bohn, _La nouvelle psychologie animale_, Paris, 1911; P. H. Souplet, _De l'animal à l'enfant_, Paris, 1913. [3] Cf. John Dewey, _L'école et l'enfant_, Paris, 1913. [4] Cf. Dewey, _Interpretation of the savage mind, apud Psychol. Review_, 1902, pág. 217 e segs. [5] Cf. Th. Ruyssen, _Essai sur l'évolution psychólogique du jugement_, Paris, 1904. [6] Cf. G. Persigout, _Essais de Pédologie générale_, Paris, 1909. [7] E. Claparède, _Psychologie de l'enfant et Pédagogie expérimentale_, Paris, 1916. [8] Cf. Preyer, _Physiologie de l'embryon_, Paris, 1885; Ch. Letourneau, _La Biologie_ (origine et lois de la vie), Paris, 1912; A. Soulié, _Précis d'anatomie topographique_, Paris, 1911. [9] Cf. E. Claparède, _Psychologie de l'enfant et Pédagogie expérimentale_, Paris, 1916. [10] Cf. Pérez, _La psychologie de l'enfant_, Paris, 1878; Preyer, _L'âme de l'enfant_, Paris, 1881. [11] Cf. _The psychology of child development_, Chicago, 1903. [12] Para o estudo de todos êstes _problemas_, cf. E. Roehrich, _Philosophie de l'éducation_ (essai de pédagogie générale), obra premiada pelo _Instituto de França_, Paris, 1910; L. Cellerier, _Esquisse d'une science pédagogique_, Paris, 1910; J. Dubois, _Le problème pédagogique_, Paris, 1911; L. Dugas, _Le problème de l'éducation_, Paris, 1911; J. de la Vaissière, _Psychol. Pédag._, Paris, 1916. [13] Cf. Paul Barth, _Principi di Pedagogia e didattica_, trad. ital., Milão, 1917. [14] Cf. J. Carré et Roger Liquier, _Traité de Pédagogie scolaire_, Paris, 1905. [15] Cf. E. Brouard, _Inspection des écoles primaires_, Paris, 1887. [16] Cf. E. Claparède, _Ob. cit._; G. Persigout, _Ob. cit._; E. Blum, _La pedologie_, apud _L'année psychologique_, 5.^o Vol., Paris, 1899. [17] A criança _pensa_ e _age_, segundo _leis diferentes_, à medida que _evoluciona_ da _infância_ à _puerícia_ e daí à _puberdade_. Cf. Dr. Alves dos Santos, _O Ensino primário em Portugal_ (nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913, pág. 201. [18] Cf. J. M. Baldwin, _El desenvolvimiento mental en el niño y en la raza_, trad. esp. , Barcelona, 1910; J. Wilbois, _Les nouvelles méthodes d'éducation_, Paris, 1914; P. Hachet-Souplet, _De l'animal à l'enfant_, Paris, 1913. [19] Cf. Th. Ribot, _L'hérédité psychologique_, Paris, 1910; Davidson, _The recapitulation theory and human infancy_, New-York, 1914; Jacques Loeb, _Fisiologia comparata del cervello e psicologia comparata_, trad. ital., Milão, 1908. [20] Há outros _critérios_ de classificação das _idades do crescimento_; por exemplo: o _critério psico-biológico da aparição dos interesses_; o _critério psicológico da adaptação sensorial_; o _critério didascálico_; etc.; etc. Cf. E. Claparède, _Ob. cit._; G. Stanley Hall, _Adolescence its psychology and its relations to physiology, anthropology, sociology, sex, crime, religion and education_, New-York, 1911. [21] Cf. Dr. Alves dos Santos, _O crescimento da criança portuguesa_, Coimbra, 1917. [22] Cf. _Année psychologique_, 1911, pág. 48; Th. Ruyssen, _Essai sur l'évolution psychologique du jugement_, Paris, 1904, pág. 71 e segs.; Ch. Letourneau, _La psychologie ethnique_, Paris, pág. 25 e segs.; E. Apert, _Les maladies des enfants_, Paris, 1914. [23] Cf. E. Cramaussel, _Le premier éveil intellectuel de l'enfant_, Paris, 1911. [24] A _evolução dentária_ é um _fenómeno contínuo_, que tem a sua origem no segundo mês da _vida intra-uterina_, embora a _erupção dos dentes_ só principie, pelo sexto mês, depois do _nascimento_. Os primeiros dentes são os _incisivos inferiores medianos_; entre os oito e os dez meses, irrompem os _incisivos superiores medianos_; pelo décimo mês, os _incisivos superiores laterais_; do décimo até ao décimo segundo mês, os _incisivos inferiores laterais_. Depois do _primeiro ano_, aparece todo o _grupo dos oito incisivos_. Até aos quinze meses, saem os _quatro primeiros prè-molares_; pelos dois anos, os _quatro caninos_; pelos dois anos e meio, os _quatro últimos prè-molares_. [25] Cf. Th. Ruyssen, _Ob. cit._; Ch. Letourneau, _La psychologie ethnique_, cit. [26] Cf. B. Perez, _Les trois premières années de l'enfant_, Paris, 1911, pág. 289 e segs. [27] Tôda a criança que, aos dezasseis mêses, _não andar_, deve ter-se por suspeita de _raquitismo_, ou de _afecções crónicas do sistema nervoso_. Cf. E. Apert. _Les maladies des enfants_, cit., pág. 16. [28] Os _vinte dentes do leite_ começam a caír, pelos _sete anos_, sendo substituídos, sucessivamente, pela mesma ordem da sua aparição, por _dentes definitivos_. Os _incisivos medianos_ são substituídos, dos sete para os oito anos; os _laterais_, dos oito para os nove; os _primeiros prè-molares_, pelos dez anos; os _caninos_, pelos onze; os _segundos prè-molares_, dos doze para os treze anos. Ao mesmo tempo, completa-se o _sistema dentário_, pela erupção dos _grandes molares_, nos espaços ainda livres das maxilas: pelos seis anos, os _quatro primeiros grandes molares_; pelos doze anos, os _segundos grandes molares_; finalmente, pelos vinte anos, os _últimos grandes molares_ (_dentes do siso_). Cf. Apert., _Ob. cit._, pág. 14. [29] G. Compayré, _L'adolescence_, Paris, 1909, pág. 187. [30] _La Croissance pendant l'âge scolaire_, Paris, 1913, pág. 114. [31] Cf. Dr. Alves dos Santos, _O «crescimento» da criança portuguesa_, Coimbra, 1917; e _apèndice_ ao presente livro. [32] Cf. Dr. Alves dos Santos, _Ob. cit._, pág. 64, nota 3.^a [33] Esta _escola_ tem uma _aula de educação dos sentidos_, e publica, actualmente, um _Boletim_, que é a continuação da _Revista de Pedagogia_ (_Educação_), da qual saíram doze números. [34] Esta _Instituição_ publica _estudos_ e _trabalhos_ sobre as _crianças_, numa _Revista_ mensal, que tem por título «_A Tutoria_». [35] Esta _Sociedade_ tem por órgão um _Boletim_ trimestral (_Revista de Educação Geral e Técnica_), onde são publicados os resultados das investigações, a que procede, sobre «_o desenvolvimento físico e, psíquico da criança_». [36] Cf. Dr. Alves dos Santos, _Psicologia e Pedologia_ (relatório uma _missão de estudo_, no estrangeiro), Coímbra, 1913. [37] Cf. V. Houssay, _La forme et la vie_, Paris, 1900. [38] Cf. Dr. Alves dos Santos, _O «crescimento» da criança portuguesa_ (subsídios para a constituíção de uma pedologia nacional), Coímbra, 1917, pág. 63 e segs. [39] Cf. Dr. Alves dos Santos, _Ob. cit._; P. Godin, _La croissance pendant l'âge scolaire_, Paris, 1913; E. Apert, _Maladies des enfants_, Paris, 1914; J. Comby, _Traité du rachitisme_, Paris, 1901; J. Philippe, _Les anomalies mentales chez les écoliers_, Paris, 1905. [40] Cf. Dr. Alves dos Santos, _O «crescimento» da criança portuguesa_, cit., pág. 7 e segs. [41] Cf. Dr. Alves dos Santos, _O «crescimento» da criança portuguesa_, Ob. cit., pág. 10 e segs. [42] Cf. _Anuários_ do _Rial Colégio Militar_: anos de 1899-1900; 1900-1901; 1901-1902; 1902-1903; 1903-1904; 1904-1905. [43] Cf. _La gymnastique médicale au collège de Campolide_, 1910. [44] Cf. Memória do _Terceiro Congresso Pedagógico_, promovido pela _Liga Nacional de Instrução_, Lisboa, 1913, pág. 211 e segs.: _Contribuição ao estudo do crescimento da criança portuguesa_. [45] Cf. Alfredo da Costa, _Quelques renseignements statistiques sur la maternité provisoire de Lisbonne_, Lisboa, 1906. [46] Cf. _Relatórios dos serviços médicos e farmacêuticos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa_, anos económicos de 1907-1908 a 1912-1913, seis fascículos. [47] Sobre as _medidas pedométricas_, a que se referem os n.^{os} 6, 7, 8, 9 e 10, cf. o nosso livro, cit. _O crescimento da criança portuguesa_. [48] Cf. E. J. Marey, _La méthode graphique dans les sciences expérimentales_, Paris, 1885; E. Claparède, _Psychologie de l'enfant et pédagogie expérimentale_, Genève, 1916. [49] Cf. _Anthropométrie ou mésure des différentes facultés de l'homme_, Bruxelles, 1871. [50] TAILLE MOYENNE DES PORTUGAIS CONTEMPORAINS, DISTRIBUÉS PAR PROVINCES ============================================================================== | TAILLE +-------------+----------------------------------------- Provinces | Hommes | Femmes (Caractères +======================================================= démonstratifs) | Moyenne | Basse | Moyenne | Haute | millimètres | | | ----------------------+-------------+-------------+-------------+------------- M = Minho | 1627.95 | | | TM = Trás-os-Montes | 1645.53 | Jusqu'à De Au D = Douro | 1652.64 | 1520 | 1521^{mm} | dessus de BA = Beira Alta | 1630.15 | jusqu'à 1621^{mm} BB = Beira Baixa | 1646.83 | | 1620 | E = Estremadura | 1634.55 | A = Alentejo | 1625.34 | | | Alg = Algarve | 1633.20 | IA = Ile des Açores } | | | } 1651.45 | IM = Ile de Madère } | | | | | 33.33% 54% 12.67% Moyenne générale | 1639 | --------------------------------------- Envergure générale | 1673 | 100.00 ============================================================================== [51] Cf. Th. Ruyssen, _Essai sur l'évolution psychologique du jugement_, Paris, 1904, pág. 72. [52] Cf. _Psychologie de l'enfant et pédagogie expérimentale_, cit., pág. 419. [53] Cf. Dr. A. Aurélio da Costa Ferreira, _O peso do corpo da criança_ (lição de encerramento do curso de pedologia, na escola normal de Lisboa no ano lectivo de 1914-15) apud _Archivo de anatomia e anthropologia_, Lisboa, 1915, vol. 3.^o, n.^o 2. [54] O _perímetro torácico_ ultrapassa, em média, a metade da _altura_, no _adulto_; e fica inferior a essa metade, na criança, cuja idade se ache compreendida entre os sete e os dezasseis anos. [55] Cit. por Stanley Hall, _ob. cit._, vol. 1, pág. 99. [56] Cf. Pierre Mendousse, _L'âme de l'adolescent_, Paris, 1911; A. Marro, _La puberté chez l'homme et chez la femme_, Paris, 1901. [57] Cf. P. Godin, _La croissance pendant l'âge scolaire_, cit.; E. Apert, _Les enfants retardataires_, Paris, 1902. [58] Cf. Dr. E. Apert, _Les enfants retardataires_, Paris, 1902, páginas 10 e segs., donde se extraíu esta fotogravura. [59] Cf. Pierre Mendousse, _L'âme de l'adolescent_, cit., P. Godin, _ob. cit._, Stanley Hall, _ob. cit._ [60] Cf. _Étude sur les rapports anthropométriques en général et sur les principales proportions du corps_ (_Mém. de la Soc. d'Anthrop. de Paris_, 1902, vol. II, 3.^a série, fasc. 3.^o). [61] Cf. _Der Körper des Kindes_, Stuttgart, 1909. [62] Segundo Deniker, a _puberdade_ faz a sua aparição, nos _países quentes_, entre os onze e os catorze anos; nos _países frios_, entre os quinze e os dezoito; e nos _países temperados_, entre os treze e os dezasseis; acrescentando, porêm, que é mistér contar com as _influências étnicas_, _género de vida_, _regime alimentar_, etc. Cf. _Les races et les peuples de la terre_, pág. 132. [63] P. e A. exprimem a _eclosão pilar_ do _púbis_ e das _axilas_. A _mudança da voz_ e, no sexo feminino, o _fluxo menstrual_ tambêm são características da _puberdade_. Os expoentes referem-se à _quantidade_. [64] Confrontem-se os _dados antropométricos_ inscritos na figura n.^o 12, com as _tabelas_ que exprimem as médias de quatro mil _mensurações_ feitas por Variot e Chaumet, em escolas e creches da cidade de Paris. Cf, págs. 54 e 58 dêste _trabalho_. [65] Aida nasceu em 14 de dezembro de 1903. Estatura do pai, 1,474; da mãe, 1,579. Doenças: 1) _sarampo_ (aos 2-1/2 anos); 2) _coqueluche_ (aos 3 anos); 3) _bronquite aguda_ (aos 3-1/2 anos); 4) _enterites freqùentes_ (dos 6 até aos 11 anos); 5) _variola benigna_ (aos 8 anos); 6) _trasorelho_ (aos 8 anos); 7) _escarlatina_ (aos 11-1/2 anos). Duas _quedas_, aos 5 anos. Como o _gráfico_ indica, o _crescimento, em altura_, a partir dos seis anos, _diminue de intensidade_, para não _recrudescer_, senão, pelo aparecimento da _puberdade_. Aos onze anos (dezembro de 1914), _desenvolvimento dos seios_, e P.^1. Em 10 de março de 1915, _primeiras regras_, e P.^2. Em setembro, do mesmo ano, P.^3 A.^1. [66] Na organização dos _cânones antropométricos_, temos de acumular esta lacuna, considerando, provisòriamente, _valores estrangeiros_, que serão substituídos por _valores nacionais_, quando os houver apurados. [67] Cf. Prof. Alfredo da Costa, _Quelques renseignements_, etc., cit., pág. 96, donde são extraídos os _elementos_ desta _tabela_. [68] _O F_ designa o _diâmetro occipito-frontal_ (ântero-posterior máximo, da _glabela_ à _parte posterior occipital_). _B P_ significa o _diâmetro bi-parietal_ (a maior distância que separa transversalmente as duas _bossas parietais_). _S O F_ representa a _circunferência do crânio_, à altura das _bossas frontais_. [69] Cf. _ob. cit._, pág. 95. [70] Cf. Mies, _Le poids du cerveau des nouveau-nés_, apud _Revue d'anthropologie_, 1889. Dr. G. Paul-Boncour, _Anthropologie anatomique_, § 3.^o. _Volume et capacité du crâne_. _Indice cubique_, pág. 261 e segs. [71] Cf. _Quelques considérations sur les dimensions de la tête du foetus à terme_, apud _Compte-rendu du Congrès intern. de méd._, Lisbonne, pág. 277 e segs. [72] O _índice cefálico_ varia, durante a _infância_ e na _puerícia_: a sua _fixidez_ não se estabelece, senão a partir dos nove anos. «Ordináriamente, ao nascer, diz J. Deniker, as crianças parecem mais dolicocéfalas, do que os adultos da sua raça; mas, a partir do primeiro mês, a cabeça cresce mais de-pressa, em largura, do que em comprimento...». «As nossas investigações pessoais convencem de que a cabeça do infante aumenta, a princípio, em largura, para chegar, em seguida, gradualmente, à forma definitiva, que se estabelece, pelos dez, doze ou quinze anos, segundo as raças». _Races et peuples de la terre_, Paris, 1900, págs. 88 e 89. [73] Cf. _Contribuição para o estudo da bacia na mulher portuguesa_, Pôrto, 1916, pág. 72 e segs. [74] Cf. _Contribuição para o estudo da bacia_, etc., _cit._ [75] Cf. _Elementos elucidativos sôbre a relação dos índices cefálicos e da estatura com a capacidade craniana_, apud _O Instituto_, 1900, mês de setembro. [76] Cf. _Crânios portugueses_, Coímbra, 1906. [77] _Índices cefálicos dos portugueses_, Coímbra, 1898. [78] _Estudo de antropometria portuguesa_, Lisboa, 1898. [79] _Notas sôbre Portugal_, Lisboa, 1908, tomo I. [80] Cf. Fonseca Cardoso, _ob. cit._, pág. 66. Cf. tambêm sobre êste assunto, Bento Carqueja, _O Povo Português_, págs. 47 e segs. [81] Em França, H. Muffang, professor do liceu de Saint-Brieuc, procedeu, em vários estabelecimentos de ensino do seu país, a _investigações cefalométricas_, no intuito de verificar, se as _leis da antropo-sociologia_ são ou não aplicáveis a _determinados grupos de população_; e se existe alguma relação entre as _aptidões intelectuais das crianças e as suas dimensões cranianas, ou seu índice cefálico_. As conclusões que formulou são as seguintes: «Il semble qu'il existe une rélation entre les formes du crâne et certaines tendances, novatrices ou conservatrices, en matière d'enseignement, et une rélation entre les succés scolaires et les dimensions absolues du crâne. Une plus forte longueur cranienne semble coïncider soit avec plus d'énergie, soit avec plus d'aptitude intellectuele». Cf. _Études d'anthropo-sociologie_, Paris, 1897, págs. 2 e 3. [82] Cf. _L'homme dans la nature_, Paris, 1891, pág. 149. [83] Cf. G. de Lapouge, _Les lois de l'anthropo-sociologie_, apud _Revue Scientifique_, fasc. de outubro de 1897. [84] Êste diâmetro é o _sacro-púbico_. [85] Cf. H. Vierordt, _Anatomische, physiologische und physikalische Daten und Tabellen_, Iena, 1906. [86] Alêm das _mensurações_, que temos indicado, existem outras, pertencentes à _Escola de alunos marinheiros do Norte_, sobre _perímetros do braço_, do _antebraço_, da _côxa_, da _perna_, do _pescôço_, da _bacia_; sobre a _distância inter-mamilar_, e outras; sobre a _capacidade vital_; _fôrça muscular_, etc. [87] O _índice torácico_, que calculamos para cada _idade_, é o que exprime _a relação do diâmetro transverso máximo, multiplicado por 100, com o diâmetro ântero-posterior máximo_. [88] Em _Campolide_, tambêm se empregava esta mesma _técnica_. No _livro das mensurações_, a oitava coluna tinha a seguinte rubrica: «_Diâmetros xifoidianos_ (transversal e ântero-posterior) tomados durante a inspiração, a expiração e o tempo médio.» [89] Cf. A. Soulié, _Précis d'anatomie topographique_, Paris, 1911, pág. 8-12; Godin, _ob. cit._, P. Topinard, _L'anthropologie_, págs. 311 e segs. [90] _Proporções_ de Topinard. [91] Os _valores métricos absolutos dos segmentos_ são referidos à _estatura_ (1^{m},66, no _homem_; 1^{m},54, na _mulher_). [92] Do _Vértex_ ao _Queixo_. [93] Do _Queixo_ à _Fúrcula esternal_. [94] [95] e [96] Da _Fúrcula esternal_ à _base da Bacia_. [97] (_Espádua_, _braço_ e _cotovêlo_) do _acrómion_ ao _cotovêlo_; (_antebraço_, _punho_ e _mão_) do _cotovêlo_ à _apófise estilóide_. [98] (_Anca_, _côxa_ e _joelho_) da _base da bacia_ ao _centro do joelho_; (_Perna_ e _tornozêlo_) do _joelho_ ao _tornozêlo_; (Pé) do _tornozêlo_ ao solo. [99] _Circunferência máxima_. [100] Perímetro _xifoidiano_. [101] [102] [103] [104]: Sobre estas _medidas_, cf. P. Godin, _ob. cit._, págs. 252 e 253. [105] No plano compreendido entre o _ponto metópico_ e a _convexidade occipital_ (a parte mais saliente). [106] Entre os _parietais, ubicumque inveniatur_, de modo a obter o máximo afastamento das pontas do _compasso_. [107] Ao nível da extremidade inferior do esterno. É o diâmetro _esterno-vertebral_. [108] Ao nível da 8.^a _costela_. [109] _Sacro-púbico_. [110] _Biilíaco_ (distância entre as cristas ilíacas). [111] _Fórmula do índice pélvico_: _Índice_= Diâmetro sacro-púbico da _Bacia_X100 / Distância entre as _cristas ilíacas_ [112] Cf. _L'homme dans la nature_, cit., pág. 126. [113] O desenho destas figuras pertence ao sr. Eduardo Ferraz, que o executou, sob a nossa direcção. [114] Cf. António Arroio, _O povo português_, apud _Notas sôbre Portugal_, t. II, págs. 73 e segs.; Marques Braga, _Ensaio sôbre a psicologia do povo português_, Coimbra, 1902. [115] Cf. J. Augusto Coelho, _Evolução geral das sociedades ibéricas_, Lisboa, 1908, t. II. [116] As _percentagens_ e os _valores métricos_ são referidos à _altura média do recêm-nascido_ (0^m,50). [117] Quási a quarta parte da _altura_. [118] Quási dois terços da _altura_. [119] Braço, antebraço, mão. [120] Côxa, perna, pé. Pouco mais de um têrço da _altura_. [121] Êste _índice_ exprime a relação do _diâmetro transverso_, multiplicado por 100, com o _diâmetro ântero-posterior_. [122] Êste 2.^o _índice_ exprime a relação do _perímetro torácico_, multiplicado por 100, com a _altura do corpo_. [123] Ambos os _sexos_. [124] Cf. Charlton Bastian, _Le cerveau organe de la pensée_, t. II, cap. 1.^o. [125] Cf. Ch. Letourneau, _La psychologie ethniqne_, Paris, págs. 25 e segs. [126] Cf. Bernard Perez, _Les trois premières années de l'enfant_, Paris, 1911, págs. 10 e segs. [127] Cf. P. Hachet-Souplet, _De l'animal à l'enfant_, Paris, 1913, pág. 127 e segs. [128] Cf. P. Hachet-Souplet, _ob. cit._, pág. 127. [129] _Altura_ total do corpo: 83^{cm} (s. m.); 81^{cm} (s. fem.). [130] J. J. Rousseau, _Émile, ou de l'éducation_, 4 vols., La Haye, 1762. [131] Cf. Th. Ruyssen, _Essai sur l'évolution psychologique du jugement_, _cit._, págs. 67 e segs. [132] Cf. P. Hachet-Souplet, _ob. cit._, págs. 70 e segs. [133] Cf. Ed. Cramaussel, _Le premier éveil intellectuel de l'enfant_, Paris, 1911. [134] _Altura_ total do corpo: 114^{cm},5 (s. m.); 106^{cm} (s. fem.). [135] Cf. M.^{me} Necker de Saussure, _L'éducation progressive_, L. II, cap. IV; Fr. Queyrat, _La logique chez l'enfant_, Paris, 1907; B. Perez, _L'enfant de trois a sept ans_, Paris, 1907. [136] Cf. _Le développement mental chez l'enfant et dans la race_, trad. fr., págs. 15 e 16. [137] Cf. E. Claparède, _Psychologie de l'enfant et pedagogie expérimentale_, Paris, 1916, págs. 515 e segs. [138] _Altura_ total do corpo: 154^{cm},8 (s. m.); 152^{cm} (s. fem.) [139] Cf. _L'âme de l'adolescent_, _cit._, pág. 21. [140] Cf. _Adolescence_, _etc._, _cit._, t. II, págs. 75 e segs. [141] «_L'adolescence_ est l'âge de la _puberté_, l'âge où la sexualité s'établit définitivement, où le garçon devient homme, où la fille devient femme. Et personne ne saurait contester que la puberté marque une étape importante et décisive dans le cours de la vie humaine». Cf. G. Compayré, _L'adolescence_, Paris, 1909, pág. 5. [142] Cf. J. Laumonier, _La physiologie générale_ cit. [143] Cf. Paul-Boncour, _Anthropologie anatomique_, cit., pág. 56 e segs. [144] Cf. Topinard, _L'anthropologie_, cit.; Quételet, _Anthropométrie_, Paris, 1871; Paul-Boncour, _Ob. cit._, pág. 60. [145] Cf. J. Deniker, _Les races et les peuples de la terre_, Paris, 1900. [146] Lannois depois de explicar essa _transformação_, pelo estudo das _modificações estruturais_ que a _lâmina cartilaginosa_ sofre, a partir do seu centro para o _ôsso diafisiário_, desde o _tecido hialino típico_, até à _zona osteóide ou de ossificação_, escreve: «assim se forma o tecido ósseo, primitivamente esponjoso, que se juxtapõe e assimila ao do corpo e da extremidade dos ossos. O modo de ossificação indicado é activo e contínuo, prosseguindo, durante a infância, e exagerando-se na adolescência, muitas vezes, por forma brusca, determinando um crescimento mais ou menos rápido; que, todavia, definitivamente se extingue, dos vinte aos vinte e cinco anos. Se, então, examinarmos a região que corresponde à faixa cartilagínea juxta-epifisiária, nenhuns vestígios encontraremos dela: a cartilagem substituíu o ôsso, sendo completa a fusão da epífise com a diáfise». Cf. _Études biologiques sur les géants_, cit., págs. 333, 334 e 335. [147] Cf. _L'Anthropologie_, cit., pág. 143; cf. mais: Papillaut, _L'homme moyen à Paris_, apud _Bull. et Mém. de la Soc. d'Anthrop._, 1902; P. E. Launois, _Causes et consèquences de la prolongation de l'ossification des cartilages de conjugaison_, apud _Compt. rendus de l'association des anatomistes_, Liège, 1903; Alexis Julien, _Loi de l'apparition du premier point épiphysaire des os longs_, 1892. [148] Cf. Dr. G. Paul-Boncour, _Anthropologie anatomique_, cit, pág. 117 e seg. [149] Cf. Alves dos Santos, _O Crescimento da Criança portuguesa_, cit., pág. 78-80 e 90; 71-77. [150] As _notações_ que apresentamos, representativas aliás de grande número de _mensurações_, divergem muito do _índice torácico_ de Weisgerber, pelo que respeita ao _adulto_, pois que o fixa em 118. Cf. P. Topinard, _L'homme dans la nature_, cit., pág. 260. [151] Cf. Dr. L. Manouvrier, _Étude sur les rapports anthropométriques en général et sur les principales proportions du corps_, apud _Mém. de la Soc. anthr._, Paris, 1902, T. II. [152] Cf. Dr. E. Apert, _Les enfants retardataires_, Paris, 1902; J. Comby, _Traité du rachitisme_, Paris, 1901. [153] Cf. E. Regis, _Précis de psychiatrie_, Paris, 1914; Baréty, _De l'infantilisme, du sénilisme, du féminisme, du masculisme et du facies scrofuleux_, _Nice médical_, 1876. [154] Cf. L. Testut, _Traité d'anatomie humaine_, Paris, 1911, T. III, 6.^a ed., págs. 762 e segs. [155] Cf. _La physiologie générale_, cit., págs. 424-426. J. Héricourt atribue tambêm à insuficiência funcional da _glândula tiroide_ outros acidentes e perturbações, que pertencem ao _reumatismo crónico_: dôres nervosas e musculares, retracções aponevróticas, cefalalgias, moléstias de pele, etc. Cf. _L'hygiène moderne_, Paris, 1907, pág. 12. [156] O sr. Dr. A. Aurélio da Costa Ferreíra, num artigo publicado na _Medicina Moderna_ (fevereiro de 1917) atribue a _gaguez_ a excessos de secreção da _glândula tiroide_. Cf. _Anuário da Casa-Pia_, 1916-1917, pág. 544-546; cf. tambêm do mesmo autor, _Dois sphygmogramas de gagos_, Lisboa, 1918. Sobre as relações do _corpo tiroide_ com as perturbações da _ossificação_, cf. C. Denis, _De l'influence de la glande thyròide sur le développement du squelette_, Lyon, 1896; Boullenger, _De l'action de la glande thyròide sur la croissance_, Paris, 1896; Rogowitch, _Effets de l'ablation du corps thyròide_, apud _Arch. de Physiol._, nov. de 1888; Gley, _Sur les fonctions du corps thyròide_, apud _Arch. de physiol. norm. et pathol._, Paris, 1892; P. E. Launois, _Études biologiques sur les géants_, cit., págs. 340 e segs.; _Iunta para ampliacion de estudios_... _Anales_, T. XVII, _memoria 3.^a, Investigaciones acerca de la inervación del páncreas como glándula de secreción interna_, por José Maria de Corral, Madrid, 1918. [157] Cf. E. Apert, _Maladies des enfants_, cit., M. Springer, _Études sur la croissance et son rôle en pathologie_, Paris, 1890; J. Comby, _Traité des maladies de l'enfance_, Paris, 1899; _Maladies de croissance_, apud _Arch. de Médéc._, 1890. [158] Cf. Dr. Álvaro F. de Novais e Sousa, _Assistência e Maternidade_, Coímbra, 1915; Sobral Cid, _Mortalité infantile en Portugal--XV Congrès International de Médicine_, Lisboa, 1906. [159] Cf. _Boletim mensal de estatística demográfico-sanitária_, Lisboa, Impr. Nacional. [160] Cf. _Anuário estatístico de Portugal_ (vol.^{es} de 1903 a 1916), Lisboa, Impr. Nac. [161] Cf. Dr. Novaís e Sousa, _ob. cit._, págs. 5 e segs. [162] Êste _gráfico_ foi-nos amavelmente cedido pelo snr. Dr. Novais e Sousa, que o publicou, pela primeira vez, na _Assistência e Maternidade_, cit. [163] Cf. Pierre Mendousse, _L'âme de l'adolescent_, cit. [164] Cf. Paul Godin, _ob. cit._, pág. 143 e segs. [165] Cf. Paul Godin, _ob. cit._, pág. 152 e segs. [166] Cf. Dr. E. Claparède, _Psychologie de l'enfant_, etc., cit., pág. 429 e segs.; Fréd. Queyrat, _Les jeux des enfants_, Paris, 2.^a ed., 1908; Dr. Alves dos Santos, _O ensino primário em Portugal_, cit.; Stanley Hall, _Adolescence_, etc., cit.; Colozza, _Psychol. und Pädagogik des Kinderspiels_, Altenburg, 1900. [167] Cf. J. Wilbois, _Les nouvelles méthodes de l'éducation_, Paris, 1914. [168] Cf. P. Hachet-Souplet, _De l'animal à l'enfant_, Paris, 1913; Th. Ribot, _L'hérédité psychologique_, Paris, 1910. [169] Cf. para conhecimento dessas _classificações_, Dr. E. Claparède, _ob. cit._, págs. 462 e segs.; Queyrat, _Les jeux de l'enfant_, Paris, 1905. [170] Cf. António Alfredo Alves, _Jogos infantis_, apud _Revista de educação_, Lisboa, julho de 1912; F. Adolfo Coelho, _Jogos e rimas infantis_, Pòrto; Augusto Pires de Lima, _Jogos e canções infantis_, Pòrto, 1916. [171] Pertencem a Mosso estas palavras concludentes: «Até há pouco tempo, os educadores e os fisiologistas limitavam-se a dizer que a gimnástica alemã era inútil e perigosa; começa-se a dizer agora que essa gimnástica é prejudicial. Cf. _Éducation physique de la jeunesse_, Paris, 1895, pág. 256. E Cellérier acrescenta: «A gimnástica não passa de uma abstracção do jôgo; tiraram-lhe os atractivos dêste para lhe conservarem apenas o esfòrço e a fadiga, que importa». Cf. _Esquisse d'une science pédagogique_, Paris, 1910, págs. 192 e 193. [172] O homem nasce, vive e morre, num _meio aéreo_; por isso, o _ciclo da vida_ compreende-se entre uma _inspiração inicial_ e uma _expiração final_. A vida é, portanto, uma _oxidação_, assegurada pelo jôgo elástico dos pulmões e do coração. Donde resulta que tôda a _gimnástica_ (para ser racional) deve facilitar aquele jôgo, isto é, _ser respiratória_. Cf. Dr. Tissié, _Précis de gymnástique rationelle_, Paris, 1900. [173] Cf. Dr. Desfossés, _La gymnastique respiratoire chez les enfants_, Paris, 1900. Cf. Tambêm P. Barth, _Pedagogia e Didatica_, trad. ital., Turim, 1917, pág. 453 e segs. [174] Cf. Dr. E. Toulouse, _Le Cerveau_, Paris, 1901; Th. Ribot, _Les maladies de la mémoire_, Paris, 1900; Ch. Richet, _Essai de psychologie générale_, Paris, 1912. [175] Cf. Claude Bernard, _La science expérimentale_, Paris, 1878, págs. 367-403; K. Pearson, _La grammaire de la science_, trad. franç. do inglês, Paris, 1912, pág. 49 e segs. [176] Cf. R. Turro, _La méthode objective_, apud _Revue philosophique_, n.^{os} 10 e 11, de out. e nov. de 1916. [177] Cf. G. Bohn, _La nouvelle psychologie animale_, cit., pág. 17 e segs. [178] Cf. Jacques Loeb, _Die Bedeutung der Tropismen für die Tierpsycholog._; E. Gley, _Études de psychologie physiol. et pathol._, Paris, 1903. [179] Cf. Ch. Richet, _Dictionnaire de physiol._, pal. _cerveau_; W. James, _Principii dí psicologia_, trad. ital., Milão, 1909, pág. 10-91. [180] Cf. James Sully, _Études sur l'enfance_, trad. franç., Paris, 1898; Ch. Letourneau, _La psychologie éthnique_, Paris, 1900. [181] Cf. _Traité International de Psychologie Pathologique_, Paris, 1911-1912, T. I, cit.; P. Flechsig, _Études sur le cerveau_, trad. franç., Paris, 1898; J. P. Morat, _Traité de physiologie_ (Fonctions d'innervation), Paris, 1902; W. Bechterew, _La psychologie objective_, Paris, 1913; Meumann, _Experimentelle Pädagogik_, 1907; W. James, _Principii di psicologia_, cit. [182] Cf. Ch. Letourneau, _La psychol. éthn._, cit. [183] Cf. J. Deniker, _Les races et les peuples de la terre_, cit., pág. 119 e segs. [184] Cf. _Traité Intern. de psychol. pathol._ T. I, cit., pág. 472. [185] As _notações_ que o _diagrama_ (fig. n.^o 19) exprime, pertencem aos _cânones antropométricos_, expostos a páginas 85-104. [186] Cf. J. Deniker, _Ob. cit._, pág. 123; _Traité intern. de psych. pathol._, cit. T. I, págs. 297--314; H. Höffding, _Esquisse d'une psychologie fondée sur l'expérience_, Paris, 1909, págs. 39-94; 118-122; W. James, _Ob. cit._; Preyer, _L'âme de l'enfant_, págs. 298-304. [187] Os _elementos_ que consideramos para a _concepção_ desta _curva_, assim como os da _curva da consciência_ (fig. n.^o 22) são hauridos dos _testemunhos dos psicólogos e dos fisiologistas_, dispersos pelos _livros de sciência_, e tambêm da _observação e da experiência pessoal_. A _forma gráfica dessa concepção_ é absolutamente original. [188] Cf. o pref. do T. II do _Traité international de psychologie pathologique_, cit. [189] Cf. Ch. Feré, _Sensation et mouvement_, Paris, 1900, pág. 94 e segs. [190] Cf. B. Perez, _Les trois premières années de l'enfant_, Paris, 1911, com pref. de James Sully; págs. 1-9. [191] Cf. páginas 18 e segs. Cf. Preyer, _L'âme de l'enfant_, trad. franç. cit; B. Perez, _Les trois premières années de l'enfant_, Paris, 1911; A criança, quando _nasce_, exerce duas espécies de _actividades_ (ambas inconscientes): 1) _reacções_, consecutivas a _excitações_ (reflexas); 2) _actos hereditários_, necessários à manutenção da vida (instintos). Os _centros nervosos_ dêstes _movimentos_ encontram-se no _eixo cinzento_ (medula) e nos _centros sub-corticais_. [192] A _linguagem_ é função do _sistema nervoso_. Depois dos _centros nervosos hereditários_, e dos _centros corticais sensoriais_, o primeiro _centro_ que se organiza é o da _linguagem falada_; mas esta só existirá verdadeiramente, quando existir uma perfeita _imagem cerebral_, isto é, uma _idea_ ou um _símbolo_, de que seja expressão. Aos _sons inarticulados_ do _recêm-nascido_ (puras _reflexas_ do _sistema nervoso_), segue-se a _linguagem imitativa_ e _balbuciada_ do _infante_; depois a _palavra rudimentar_ da criança que atinge o fim do _primeiro ano_; e só, por último, é que surge a _linguagem propriamente dita_, isto é, a _linguagem, como expressão do pensamento_. Cf. Dr. Alves dos Santos, _Elementos de Filosofia scientífica_, 2.^a ed., Lisboa, 1918, pág. 221 e segs.; _Revue Philosophique_, Jan. de 1918, fasc. n.^o 1. [193] Pertencem à _adolescência_ e ao _período peri-pubertário_, como características, que lhes são _específicas_: 1) _espírito combativo_ e _audaz_; 2) _optimismo_; _ingenuidade_; _consciência do próprio valor_; 3) _coragem_; _luta contra o mêdo_; 4) _egotismo_ ou _egocentrismo_ (expansão da _personalidade_; _amor de si_); 5) _sociabilidade_; 6) _instabilidade_ (mental e moral); 7) _superactividade e dinamogenia dos sentimentos_; _etc._, _etc._ Cf. Pierre Mendousse, _L'âme de l'adolescent_, Paris, 1911; G. Compayré, _L'adolescence_, Paris, 1909. [194] A êste _paralelismo_ chama A. Marie: _lei da simultaneidade e da correlação necessária entre a energia nervosa e a actividade mental_. [195] _Meios de fortuna_ ou _recursos materiais dos pais ou tutores_. [196] _Conduta_ (normal ou anormal) _da família_. [197] _Profissão dos progenitores ou tutores._ [198] _Oficial, particular ou doméstico._ [199] _Fisiológicos e patológicos._ [200] _Dentição, marcha, fala_ (épocas em que se produziram). [201] _Acidentes_ (doenças, quedas, traumatismos, assimetrias). [202] Bom, mau, péssimo; grande, pequeno, médio; nutrido, magro, esquelético; esbelto, atarracado. [203] Estado da _pele_; sua coloração e dos _cabelos_. [204] «Crescimento» (normal ou anormal) do _sistema ósseo_. [205] Estado da _bôca_ e dos _dentes_. [206] Determinação da _capacidade vital_ (quantidade de ar que podem conter os _pulmões_ dilatados): 3 a 4,^{m3} no adulto, normal. _Freqùência de respiração_: a) no _adulto_, normal, 14 a 18 _respirações_, por minuto; b) no _recêm-nascido_, 50; c) nas _idades_ intermediárias, entre 15 e 45, caminhando para êsses extremos, consoante a _criança_, pela sua idade, se aproxima ou afasta da _recêm-nascença_. Cada _respiração_ compreende uma _inspiração_ e uma _expiração_. A _capacidade vital_ mede-se com o _espirómetro_. [207] O estado da _circulação sanguínea_ pode apreciar-se, por meio do _cardiógrafo_ (que mede ou regista as _pulsações do coração_), do _pneumógrafo_ (que avalia a _amplitude torácica_), e do _esfigmógrafo_ (que mede as _pulsações da artéria radial_ (pulso). Segundo Mathias Duval, o número médio de _pulsações_, por minuto (medidas com o auxílio dum _relógio_, _de segundos_), em regra, é: à _nascença_, 160 a 180; 2) no _fim do primeiro ano_, 100 a 115; 3) na _puerícia_ (pelos 7 anos), 90 a 100; 4) no _período peri-pubertário_, de 80 a 90; 5) na _idade adulta_, 70 a 75. [208] Desenvolvimento dos _órgãos genitais_; e sinais da _puberdade_. [209] Desenvolvimento da _musculatura_. [210] _Tonus_ ou _capacidade de reacção_. [211] Defeitos de _construção orgânica_. [212] _Modificações_ sobrevindas, durante o «crescimento». [213] _Fôrça muscular_ (das mãos, dos rins, etc.), medida pelos _dinamómetros_. [214] _Fadiga física_ e _fadiga mental_; sua medida, por _processos directos_ e _indirectos_. [215] _Observação geral_: Tòdas as _medidas_ são tomadas sôbre a _criança nua_. O _material pedométrico_ é o _auxanómetro de Paul Godin_: dois _compassos de espessura_ (um, mais pequeno, para _medidas cranianas_; outro, maior, para os _diâmetros torácicos_); uma _fita métrica inextensível_, para as _circunferências_; e uma _balança de precisão_, para as _pesagens_. O _perímetro torácico_ mede-se à altura da extremidade inferior do _esterno_, na sua articulação com o _apêndice xifóide_. O _diâmetro vertical do crânio_ toma-se, desde o _vértex_ ao _anti-tragus_. O _diâmetro vertical do tronco_ mede-se, desde a _fúrcula esternal_ até ao _grande-trocânter_. Antebraço (máximo) representa a _grossura muscular_; (mínimo) representa a _grossura óssea_ (pulso). [216] E (estatura) B (busto). [217] C (cérebro) V (vísceras). [218] O (ossatura). [219] S (superfície do corpo) E (estatura) D (diâmetro ântero-posterior máximo do crânio) d (diâmetro bi-acromial). [220] _Eclosão pilar do púbis_. Primeiros sinais da _Puberdade_. [221] _Instalação da Puberdade_. P (púbis) A (axilas). [222] Encerramento do _período pubertário_. [223] D. tr. (diâmetro transverso do crânio) D. ant. p. m. (diâmetro ântero-posterior máximo do crânio). [224] D. transv. (diâmetro transverso do tórax) D. ant. post. (diâmetro ântero-posterior do tórax). [225] D. s. p. b. (diâmetro sacro-púbico da bacia) Dist. cr. ilíacas (distância entre as _cristas ilíacas_). [226] É a _fórmula de Pignet_.--C. R. (coeficiente de robustez física) E (estatura) P (pêso) Per. T. (perímetro torácio) insp. (inspiração) exp. (expiração). [227] _Índice do tronco_. [228] Cf. pág. 48. [229] Cf. pág. 53. [230] Aparição da _Puberdade_. [231] Instalação da _Puberdade_. [232] Encerramento da _Puberdade_. Lista de erros corrigidos Aqui encontram-se listados todos os erros encontrados e corrigidos: +----------+-------------------------+---------------------------+ | | Original | Correcção | +----------+-------------------------+---------------------------+ |#pág. 59 | semgentares | segmentares | |#pág. 113 | «_crescimento anormal_, | «_crescimento anormal_,» | +----------+-------------------------+---------------------------+ No quadro 5, na linha 13 da última coluna, o número surge sumido na obra original. Sendo esse número resultado da média de valores apresentados anteriormente, conclui que esse seja "133". End of Project Gutenberg's Educação nova, by Augusto Joaquim Alves dos Santos *** END OF THE PROJECT GUTENBERG EBOOK EDUCAÇÃO NOVA: AS BASES *** Updated editions will replace the previous one—the old editions will be renamed. 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